• Aucun résultat trouvé

O SÜBCICLO DO ALGODROt

performance internacional que transforma a historia dos povos em uma competiç&o na qual os retardatarios necessitam

PRODUÇÃO DE OURO NO BRASIL ENTRE 1692 E 1850 PERÍODO

4.1.7. O SÜBCICLO DO ALGODROt

Entre o ciclo da mineração, que finda em torno de 1760, e o ressurgimento do ciclo do acucar, interpOe-se o subcido do algodão (7), precisamente na década que vai de 1780 a 1790 (BUESCU, 1970, P. 42). Com efeito, Simonsen observa que

" Nativos do Brasil e conhecido dos indígenas desde os primeiros tempos coloniais, ha noticias de remessas exporadicas para o reino. Cultivado, mais tarde, em pequena escala, em varias capitanias, para o consumo local, so se tornou artigo importante de comercio na segundo metade do século XVIII " (SIMONSEN, 1979, p. 369).

i

Embora, conforme mencionado, tenha perdurado por pouco tempo, o subcido do algodão teve alguma importância, considerando-se que no curso de sua curta duração - ao provocar o deslocamento de recursos das demais atividades - entrou em queda o ciclo da mineração e manteve-se a decadência do açúcar. Acrescente-manteve-se que manteve-se reveste de relevância também o fato de que, com o desencadeamento da revolução industrial, na Inglaterra, eleva-se a demanda externa de algodão. Isto posto, certamente muito pouco mais terá contribuído o algodão para a economia colonial, antes sendo associado aos fatos relativos Jt contração d« atividade no ultimo quartel do século XVII1. A partir de 1790, de fato, o algodão dará lugar ao açúcar, cujo ressurgimento levara aquela cultura a ser abreviada e reduzir-lhe sua contribuição na geração renda da nacional.

Se* embargo, o cieio do açúcar ressurge e o aguçar não ficara atras do algodão neste surto agrícola do final do século XVIII. As tel has regiões produtoras, como a Bahia.e Pernambuco, decadentes havia quase cem anos, se renovam e brilharão outra vez como nos dois primeiros séculos da colonização. Obrem-se novas regiões de grande produção que logo adquirirão posição de primeiro plano» Um dos indicadores de sua reemergència -que acontece por volta de 1790 - * o papel que esta mercadoria desempenha na pauta de exportações (veja-se a tabela a seguir).

COMPOSIÇÃO DAS EXPORTfíCQES BRASILEIRAS ENTRE 1750 e 1900 1750 1600

MERCADORIA

1.000 l 1.000 Z Açúcar 2.000 47 1.100 31 Peu-Brasil SO 0 60 0 Fumo 100 2 225 6 Couro 110 2 200 6 Mineração 2.035 47 $55 24 dlgodão .. .. 200 6 tntet BUESCU <1970, p. 199).

Enquanto, em meados do século XVIII, a mineração participava com a maior parcela no total das exportações, no final deste século tiveram sua participação relativa elevada o fumo, o couro e o algodão. Contudo, embora o açúcar tivesse sua participação contraída, verifica-se que ela foi menor que aquela experimentada pelo setor de mineração, tornando-se a principal mercadoria da pauta de exportação no final do referido período. Por volta de 1810, o açúcar experimentara novo declínio e, apesar das sombrias perspectivas que se tinha na época, dará lugar a uma nova cultura, cujo ciclo se estenderia ate as primeiras décadas do século XXt

" Seja como for - verifica PRADO JR. - e em condições precárias, apesar do bafejo providencial de conjunturas favoráveis, que a economia brasileira entra no século XIXt século em que a liberdade e a livre concormncie po-la-iam, em campo aberto, em face de adversários infinitamente mais bem aparelhados. A sua derrota era inevitável/ e mantendo-se, como se mantinha, unicamente na base do comercio exterior, dependendo de mercados sobre que não tinha a mais leve e remota ação, o colapso não tardaria.

162

se a providencie ntko viesse em nosso auxilio... £ foi o que ocorreu (...)$ viria o colapso e viria também a providência salvadora. Esta chegaria ate nos sob a forma de um gênero para cuja produção a natureza nos aparelhara admiravelmentet cafe" (PRADO Jr., 1961, p. 92).

. 4.1.9. O CICLO DO CAFE*

" Muito antes de ser iniciada esta cultura no Brasil - assinala Simonsen - Ja estava em moda na Europa, o consumo de cafe " (SIMONSEN, 1978, p. 375).

Embora se reconheça que o ciclo do cafe tinha iniciado por volta de 1825, as primeiras sementes ja chegaram pelos idos de 1723, no Para, trazidas por Francisco de Melo Palheta, de Caiena. Tanto no Para quanto no fímazonas, houve um incipiente cultivo do cafe no período colonial. Todavia, foi no município de Campinas, em 1809, que se formou o primeiro cafezal, como resultado da vinda das primeiras mudas do Norte, trazidas por Jofio Alberto Castelo Branco. A evolução que tomou a cultura do cafe, acarretando a transformação econômica do pais, e o florescimento de uma larga zona, que se debatia, ha mais de 70 anos, em profunda crise, ja e matéria pertencente k historia do Brasil independente.

0 significado da economia cafeeira impõe que se destaque a sua evolução ate o período em que foi operada a Revolução Industrial Brasileira (que, alias, resultaria apenas por causa do cafe).

4.1.9.1. Decadência das Lavouras

Tradicionais e Ascensão do Cafe*

" Nas transformações ocorridas no Brasil no curso do século XIX - observa Prado Jr. - nenhuma terá contribuído para modificar a fisionomia do pais como a verdadeira revoluç&o que se opera na distribuição de suas atividades produtivas " (PRADO Jr., 1981, p. 157).

Tal revolução, que se podia observar ja na primeira metade do século, na segunda se consolida$ com o deslocamento da primazia econômica das velhas regiões agrícolas do Norte para as mais recentes do Centro-Sul, ocorrem a decadência (8) das lavouras tradicionais do Brasil - da cana-de-açúcar, do algodão, do tabaco - e o desenvolvimento paralelo e considerável da produção de um gênero ate ent&o de pequena importância* o cafe (veja-se tabela sobre a produçlo brasileira de cafe a seguir), que acabara por figurar quase isolado na balança econômica brasileira»

Se» embargo, ao passo que o cafe ganha importância nos mercados internacionais, rapidamente Se tornando alimento de luxo nos países ocidentais, estes mesmos mercados, por força de uma conjuntura desfavorável as demais mercadorias, levaram o tabaco, o algodio e principalmente a cana-de-açúcar a desempenharem papeis subalternos. Para o caso especifico da cana, muito da perda de sua importância nos mercados internacionais se deve k emergência de um sucedâneo para a prodUQAo do açúcar* a beterraba. Os países europeus e os EU ft, que constituíam grandes mercados do açúcar, de consumidores passaram a produtores, utilizando Justamente a beterraba. Com relação ks demais mercadorias agrícolas exportadas pelo Brasil na época sucedeu praticamente o mesmo, o que contribuiria

fortemente para a crescente relevância do cafe <9).

4.1.9.2. O Papel do Cafe na Superação da Estagnação e na Reintegração Junto ao Comercio Internacional*

De acordo com Furtado,

" Dificilmente um observador que estudasse a economia brasileira pela metade do século XXX chegaria a perceber a amplitude das transformações que nela se operariam no correr do meio século que se iniciava.

Haviam decorrido três quartos de século em que a característica dominante fora a estagnação ou a decadência "

(FURTADO, 1977, p. 110).

N&o obstante, pode verificar-se mais tarde que, a despeito das insignific&ncias tecnológicas e considerando-se que praticamente n&o se formavam capitais localmente que pudessem ser alocados para atividades desenvolvidas tradicionalmente, a estagnação referida por Furtado seria superada consoante a reintegração do pais nas linhas de expans&o do comercio internacional. O problema brasileiro consistia em encontrar produtos de exportação em cuja produç&o entrasse como fator básico a terra, A terra era o único fator de produçio abundante no pais. Capitais praticamente n&o existiam e a m%o-de-obra era basicamente constituída por um estoque de pouco mais de dois milhões de escravos. Que produto, porem, apresentaria as características requeridas?

" Pela metade do século (...) ja se definira a predominância de um produto relativamente novo cujas características de produçlko correspondiam exatamente ks condições ecológicas do pais. O cafe (...) assume importância comercial no fim desse século, quando ocorre a alta de preços causada pela desorganização do grande produtor que era a colônia francesa do Haiti " (FURTADO, 1977, p. 113).

Passara a ser tko significativa a contribuição da economia cafeeira (veja-se a tabela a seguir) que todo o aumento que se constata no valor das exportações brasileiras, no correr da primeira metade do século passado, deve-se estritamente k contribuição do cafe

" (FURTADO, 1977, p. 113).

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE CftFE

<em milhares de sacas de 60 kg) Período Qtdade. Período Qtdade.

1821/1830 3.176 1861/1870 29.103 1831/1840 10.430 1871/1880 32.509 1841/1850 18.367 1881/1890 51.631 1851/1860 27.339

Fontet PRADO Jr. (1981, p. 160).

Se, por um lado, o desenvolvimento da lavoura do cafe nas décadas iniciais do século XIX resultou do aproveitamento de recursos subutilizados, para fins de consumo local, por outro se pode aceitar que, mesmo incipiente, a fase de "gestação da economia cafeeira", que compreende o segundo e o terceiro quartel daquele século, seria extremamente importante para a expansão de toda a atividade, dinamizada pela ampliação das exportações e pela utilização crescente de recursos.

fio concluir-se o terceiro quartel do século XIX os termos do problema econômico brasileiro se haviam modificado basicamente (10). Surgira o produto que permitiria ao pais reintegrar-se nas correntes em expansão do comercio mundialf concluída sua etapa de gestação, a economia cafeeira encontrava-se em condições de autofinanciar sua extraordinária expansão subsequente.

Contudo, a importância do cafe

<11) reside sobretudo no papel que terá no processo de industrialização do pais. O motivo de tal importância e que as atividades econômicas internas acabariam por se diversificar e se modernizar como resultado da expansão das exportações, cuja pauta era "puxada" justamente pelo cafe.

4.1.9.3. O Papel do Cafe na

Industrialização do Paist

A partir do ultimo decênio do século passado ate o terceiro do presente século, a cultura do cafe expandiu excepcionalmente, não em função do aumento de demanda mas por reunir condições singulares que o tornavam uma mercadoria cuja exploração propiciava as mmiores vantagens.

Enquanto o preço desse artigo (cafe) não baixasse a ponto de que aquela vantage»

desaparecese, os capitais formados no pais continuariam acorrendo para a cultura do mesmo. Portanto, era inevitável

de-obra e terras sub-ocupadas, e da vantagem relativa que apresentasse esse artigo de exportado.

Acabaria resultando de tal tendência o cue viria a ser chamada de a crise de superprodução (12). 0 problema consistiu no seguintes os estoques de cafe, que se avolumavam ano a ano, pesavam sobre os preços, provocando uma perda permanente de renda para os produtores e para o pais. fíperar do convênio celebrado em Taubate em fevereiro de 1906 (13), o que surgiria como mecanismo de defesa da economia cafeeira acabaria se tornando um processo de transferência para o futuro de um problema que se tornava cada vez mais grave (14).

" fí precária situaç&o da economia cafeeira, que vivia em regime de destruição de um terço do que produzia com um baixo nivel de rentabilidade, afugentava desse setor os capitais que nele ainda se formavam (...). A capacidade produtiva dos cafezais foi reduzida a cerca da metade, nos quinze anos que seguiram a crise. Restringida a reposiç&o, parte dos capitais que haviam sido imobilizados em plantações de cafe foram desinvertidos. Boa parte desses capitais, n&o ha duvida, a própria agricultura de exportação se encarregou de abosorvê-los em outros setores (...>.

Contudo, o fator dinAmico principal, nos anos que se seguem

& crise, passa a ser, sem nenhuma duvida, o mercado interno.

A produção industrial, que se destinava em sua total idade ao mercado interno, sofre durante a depressão uma queda de menos de 10 por cento, e ja em 1933 recupera o nivej <!*

1929" (FURTADO, 1977, pp. 197-196).

Portanto, .. supõe- re (e isto e defendido por Furtado) que a política de defesa do cafe e responsável não apenas pelo mensr impacto da crise do cafe e da Grande Depress&o s^^re a economia brasileira mas também pela pronta recupsraç.<ko da atividade, ai desempenhando papel funJ^mental a produç&o industrial que (segundo Suzigan) pat~a a ser o fator din&mico principal no processo de criaçtko da renda.

Tal suposição assenta-se na crença de que, tornando-se mais caras as importações, a demanda interna foi transferida (embora apenas parcialmente) no mercado externo para os produtores domésticos. Com a demanda interna sendo sustentada mais firmemente que a externa, os setores que produziam para o mercado interno tornaram-se mais atrativos para investimentos que o setor exportador, fí nova situaçSko se traduz, portanto, pela preponderância do setor ligado ao mercado interno no processo de acumulação de capital. Dai o significado da demanda interna como fator dinâmico do crescimento dos anos 30 e o p*pel da transferência de capital do setor cafeeiro para as

166

atividades responsáveis pela consolidação da produçio industrial (15).