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fi Expansão do Mercado e o Advento do Capitalismo 1. INTRODUÇÃOt

Transcendental mente Estivei Par*

50 esclarecido de se conduzir os negócios humanos, tanto os

2.7. fi Expansão do Mercado e o Advento do Capitalismo 1. INTRODUÇÃOt

Principal mente porque o "mecanismo de mercado" passou a ser o único dirigente do destino dos seres humanos e do seu ambiente natural, e até nesmo o árbitro da quantidade e do uso do poder de compra, é que se justifica investigar não apenas o surgimento da sociedade de mercado mas também o seu significado para as transformações às quais passaria a estar associado.

0 que é uma economia de mercado?

De acordo com Pol anyi,

" Uaa economia de mercado é um sistema econômico control ado, regulado e dirigido apenas por mercados; a ordem na produção e distrifouiç&o dos bens ê confiada a esse mecanismo auto-regulàvel. Uma economia desse tipo se origina da expectativa de que os seres humanos se comportam de maneira tal a atingir o néximo de ganhos monetários " <POLfíNVl, 1990, p. 81).

Portanto,

" Uma economia de mercado significa um' sistema auto-regulável de mercados; em termos ligeiramente mais técnicos, ê uma economia dirigida pelos preços do mercado e nada além dos preços do mercado. Um tal sistema, capaz de organizar a total idade da vida econômica sem qual quer ajuda ou interferência externa, certamente mereceria ser chamado auto-regulável " (POLfíNYI, 19$0, p.

39).

Visto que a economia de mercado consiste num sistema econômico regulado por mercados, cumpre que se busque verificar a origem da sociedade "controlada" por mercados.

2.7.2. O SURGIMENTO üfí SOClEVfíDE BE MERCfíDQt

Poucas dúvidas parecem existir acerca da importância da intensificação das trocas - e, com esta, do crescente uso do dinheiro - para a expansão do mercado.

Com efeito, o desenvolvimento do comércio trouxe consigo a reforma da antiga economia natural, na qual a vida econômica se processava praticamente sem a utilização do dinheiro. Havia desvantagens na permuta de gêneros, nos primórdios da Idade Média (HUBERMfíN, 1985, p. 34).

Contudo, com a utilização de dinheiro, o intercâmbio torna-se mais fácil e incentiva o comércio. fí intensificação do comércio reage na extensão das transações financeiras. Depois do século XII, a economia de ausência de mercados se modificou para uma economia de muitos mercados?

e com o crescimento do comércio, a economia natural do feudo auto-suficiente do inicio da Idade Média se transformou em economia de dinheiro, de um mundo de comércio em expansão

<HUBERMfíN, 1985, p. 34).

Heilbroner concorda que o comércio e o dinheiro tiveram um papel fundamental para o aumento da

importância do

mercado'-" Conquanto, no século X, o dinheiro e as transações fossem apenas periféricos à solução do problema econômico, nos séculos XVI e XUII o dinheiro e as transações jà começavam a proporcionar a própria força molecular da coesão social. Mas além e acima dessa monetização generalizada da vida, outra e talvez ainda mais profunda transformação tinha lugar. O aparecimento de uma esfera isolada de atividade econômica dentro da matriz circunjacente da vida social. Era n criação de todo um aspecto da sociedade que nunca houvera antes, mas que dai por diante iria constituir uma faceta preponderante da existência humana " (HEILBRONER, 1974, p. 79-80).

£ importante compreender que, a partir do surgimento <e do definitivo estabelecimento) de uma "esfera isolada da atividade econômica", a sociedade passa a se organizar tendo em vista uma motivação especifica. As mercadorias, que antes eram feitas não para serem vendidas comercialmente, mas apenas para atenderem às necessidades de casa, passaram a ser vendidas num mercado externo

(HUBEfíMfíH, 1985, p. 63).

Em tal mercado externo, os indivíduos iam em busca da naximização de seus ganhos, que aos poucos ocupava o lugar da preocupação com a simples sobrevivência *

" fí transformação implica numa mudança na motivação da ação por parte dos membros da sociedadet a motivação do lucro passa a substituir a motivação da subsistência. Todas as transações se transformam em transações monetárias e estas, por sua vez, exigem que seja introduzido um meio de intercâmbio em cada articulaçãp da vida industrial. Todas as rendas devem derivar da venda de alguma coisa e, qualquer que seja a verdadeira fonte de renda de uma pessoa, ela deve ser vista como resultante de uma venda. Ê isto o que significa o simples termo "sistema de mercado" " (POLfíNVl, 1990, p. 58).

Não obstante estivesse em curso um processo de intensificação das relações comerciais**0*, não se poderia afirmar que a avareza tivesse alcançado a posição de critério básico das relações sociais. Heilbroner, por exemplo, assevera que " o fato inegável de que os homens eram ávidos, para não dizer avarentos, não tinha ainda conferido seu sabor à vida em geral; ganhar dinheiro (...) era uma preocupação antes periférica do que central na existência medieval ou antiga " (HEILBRONER, 1974, p. SO).

Com efeito, embora todos os tipos de sociedades tivessem sido 1 imitados por fatores econômicos, apenas "a civilização do século dezenove**** foi econômica em um sentido diferente e distinto, pois ela escolheu basear-se nua motivo muito raramente reconhecido como válido na história das sociedades humanas e, certamente, nunca antes elevado ao nível de uma justificativa de ação e comportamento na vida cotidiana, a saber, o lucro <POLf)NYl,

1930, p. 47).

Portanto, ao tempo da expansão dos mercados e do surgimento de uma sociedade baseada no mercado, o lucro não tinha ainda a importância que acabou adquirindo após a Revolução Industrial .

Entretanto, a despeito da motivação dos lucros, o certo é que o aumento das trocas e do uso do dinheiro levou os mercados a se expandirem, conduzindo a um reordenawento do corpo social. E essas mudanças, ocorridas no inicio da era moderna, na Inglaterra**7'*, tornaram a sociedade um objeto control ado pelo mercado**9*.

2.7.3. fí REVOLUÇÃO COMERCIAL*

0 pavimento de intensificação das trocas e de expansão dos mercados, que acabou levando a ordem social a tornar-se função da econômica, é conhecido como Revolução Comercial.

Se anteriormente a posição geográfica de Veneza e das cidades do Sul da fllemanha proporcionava vantagens sobre os demais paises situados mais a oeste -observa Huberman - agora eram esses paises da costa atlântica que contavam com vantagens. Veneza e as cidades que a ela se ligavam comercialmente passam a ficar de fora da principal via de comércio. O que antes constituía estrada principal agora não é senão um atalho. 0 fítl&ntico tornou-se a nova rota mais importante, e Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra e França ascenderam à eminência comercial UWBERHfíN, 1985, p. 99).

Portanto, por boas razões é este período da História chamado "Revolução Comercial". O comércio que crescia paulatinamente, Já passou a dar passos gigantescos.

Não só o velho mundo da Europa e regiões da Asia se abriam aos comerciantes empreendedores, mas também os novos mundos da América e Africa. Hão mais se limitava o comércio aos rios e mares bloqueados por terras, como o Mediterrâneo e o SAltico. Se, anteriormente, o termo "comércio internacional"

queria apenas dizer comércio europeu com uma parte da Asia, agora a expressão se aplicava a uma Área muito mais extensa, abrangendo quatro continentes, tendo rotas marítimas como estradas. fís descobertas iniciaram um período de expansão sem par, em toda a vida econômica da Europa Ocidental. d expansão dos mercados constituiu sempre um dos incentivos mais fortes à atividade econômica, d expansão dos mercados, nessa época, foi maior do que nunca. Novas regiões com que comerciar, novos mercados para os produtos de todos os países, novas mercadorias a trazer de volta - tudo apresentava um caráter de contaminação e estímulo e anunciou um período de intensa atividade comercial, de descobertas posteriores, exploração e expansão (HUBERNfíN, 1985, p. 99).

fí Revolução Comercial promoveu o mercado e as trocas a local e atividades fundamentais da sociedade»

Enquanto numa comunidade não-mercado as transações mercantis estavam reduzidas à uma atividade subsidiária, um meio de suplementação da atividade vital, na sociedade centrada no mercado, a permata, a barganha e a troca tornaram-se os procedimentos econômicos predominantes no quadro de uma atividade comercial em expans&oi

0 efeito concreto das mudanças de comportamento econômico engendradas pela Revolução Comercial

foi a contábilizacão de lucros altos no desenvolvimento do comércio. Essa foi a época Áurea do comércio, quando se fizeram fortunas que formariam o alicerce para a grande expansão industrial dos séculos Mil e XVIII (HUBERMfíN, J9&5, p. 102).

fíntes, contudo, de passar ao exame dms transformações referentes ao período conhecido como Revoluç&o Industrial, cabe assinalar que as mudanças nas práticas de comercializacão mencionadas contribuíram para a gradual passagem do modo feudal para o modo capitalista de produção.

Produzir mercadorias para «.» mercado pequeno e est&vel, onde o produtor fabrica o artigo para o freguês que vem ao seu local de trabalho e lhe faz uma encomenda, é uma coisa. Has produzir para u» mercado que ultrapassou os limites de uma cidade, adquirindo um alcance nacional, ou mais, é outra coisa inteiramente diferente

(HUBERHAN, 1985, p. 119).

A diferença *està no fato de que, COB as mudanças nas praticas de comercialização, decorrentes da expansão dos mercados, a produção - para distintos tipos e dimensões de mercados - responde a pressões de consume diversificados. Mais espec: 'icamente, a partir do momento em que o aumento das trocas exigiu modificações na estrutura d*

produção, adquiriram imp, rt&ncia fundamental para <i continuidade do processo econômico - bem como, para a ;ut expansão em curso - o dinheiro, o trabalho e a terra. Da rua combinação adequada é que, com efeito, passará a depender a produção que visará satisfazer as exigências deste aercaio em expansão.

Entretanto, o mo 'i men to e» direção h, organização capitaltstica de produção violou, par sssia dizer, toda uma cultura associada ao modo de produção anterior ao transformar o dinheiro, o trabalho e a terra eu»

mercadorias como outras quaisquer*

" O ponto crucial - assevera Pol anyi - é o seguintes trabalho, terra e dinheiro são elementos essenciais da indústria. Eles também t&» ça.? ser organizados em mercados e, de fato, esses mercados forma» uma parte absolutamente vital do sistema econômico. Todavia, o trabalho, a terra e o dinheiro obviamente não s*áb mercadorias " (POLANYI, 1930, p. 34).

Se não são mercadorias""", n&o h& como combiná-los para produzirei» bens econômicos que se preste-® à comercialização no cercado. Contudo, os bens são produzidos e comercial izados, e isto :'wplica que existe uma preccdxiibt-organização respons&vel pela combinação dos assim chuast'o.-:

recursos de produção. Neste caso, tem-xe oL /iamente. oue terra, trabalho e dinheiro se tornaram vs-rcadorias requisito indispensável para a sua comercialização e enprcjo na produção. O efeito deste movimento - o? recursos Je produção adquirindo status de mercadorias - ia*bé» é óbvio:

•" ,..o desenvolvimento de sistema oe mercado seria acvmpanhado de uma mudança na orgamizaçiko da própria sociedade* Seguindo este raciocínio, a sociedade humana tornara-se ua acessório do sistema econômico "

(POLAMYl, 19Z0, p. $7).

Quando se consolida esse processo de expansão mercantil, cujas crnsequàncias, no seu estágio ulterior, seriam a alteração do quadro produtivo e a emergência da ordem econômica capitalística, se pode avistar então a fase em que passam a ser percebidos não apenas aeios técnicos de produção, mas também podem ser notados ua sistema legal e uma administração orientada por regras formais - o moderno capi^tlismo racional, segundo Wt L-er (1901, p. 10) - ti \ue concerne, pura os fins do present*, estudo, a emancipação dessa ordem <tcon£-ica emergente*

2.9. fí Riqueza das Naçõest fí Emancipação da Ordem