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O CREPÚSCULO DOS DEUSES

[A Essência kitsch do Nazismo]

EM MEMÓRIA DOS MILITANTES DO LA MAIN À PLUME ASSASSINADOS PELO NAZISMO

N

o Verão de 1937, foi inaugurada em Munique uma exposição de arte intitulada

«Entartete Kunst» (Arte Degenerada). Nela puderam ver-se pela última vez na Ale-manha nazi obras dos mais importantes artistas de vanguarda (Max Ernst, George Grosz, Paul Klee, Pablo Picasso, Vincent Van Gogh, Marc Chagall, Wassily Kan-dinsky, Otto Dix, Edvard Munch, entre muitos outros). Mais de 600 obras, que tinham sido confiscadas a museus, instituições e particulares, foram expostas junto a obras realizadas por doentes mentais. Umas e outras foram colocadas sem qual-quer ordem, empilhadas, muitas sem moldura e, por vezes, acompanhadas de títu-los burlescos e comentários depreciativos. As vanguardas artísticas tinham sido praticamente exterminadas depois de os nazis terem chegado ao poder, ainda que esta decisão não tenha sido tomada sem um certo debate nas mais altas esferas (1).

O nazismo via a arte de vanguarda como um sintoma de decadência, «um produto de mentes sifilíticas e de infantilismo pictórico» (2). Com esta exposição, os nazis pretendiam mostrar a «degeneração» da arte de vanguarda, equiparando-a às obras dos perturbados. O argumento era bastante simples: só os loucos, os degenerados e os impuros (racial, política e culturalmente) podiam opor-se aos valores morais e estéticos da nova Alemanha. E todos tinham de ser tratados com a maior severi-dade. O vírus tinha de ser extirpado.

Amiúde foi dito que os nazis sentiam um grande desprezo pela arte e pela cultura, uma simplificação cómoda que os apresenta como novos bárbaros que arrasaram ou pretenderam arrasar a cultura europeia. Mas o que é certo é que os nazis tinham uma ideia bem clara da arte e da sua finalidade, do que se podia esperar dela e do que esta jamais devia nomear. A arte e a cultura deviam estar ao serviço do poder, do Estado, da ideologia triunfante. Deviam escorar a união entre as políticas do Estado totalitário e a «alma do povo». A arte ficava reduzida, em primeiro lugar, a propaganda e, mais profundamente, a um mecanismo de reconciliação com o exis-tente, uma arte como consolo e como expiação. Qualquer tentativa de mostrar al-guma contradição ou tensão do mundo moderno estava descartada (3), como tam-bém ficava eliminada qualquer alusão, por mais velada que fosse, a esses «outros mundos» possíveis dos quais alguns poetas e artistas falaram no princípio do século

XX. É por isso que esse ódio às vanguardas não era casual, já que muitos desses artistas não concebiam as suas obras como uma mera expressão artística ou cultu-ral, mas como uma arma contra uma sociedade cada vez mais alienante, que tinha de ser destruída. Era um desafio à civilização que se resumia num «assalto à vida quotidiana, um assalto em que as contribuições dos artistas militantes iriam ter uma enorme importância. Havia a necessidade de conquistar a vida, o que levava à necessidade de destruir o mundo» (4). Esse desafio era intolerável tanto para a soci-edade liberal burguesa quanto para o nazismo. A primeira tratou, na maioria dos casos com sucesso, de integrar as vanguardas no discurso cultural normativo. O nazismo procedeu ao seu extermínio. Em Março de 1939, queimaram-se 4000 obras de arte no pátio do quartel dos bombeiros de Berlim. A maioria dos artistas de vanguarda tinha já tomado a via do exílio e os que não o fizeram acabaram assassi-nados em prisões e em campos de extermínio nazis.

Em contraposição à Exposição de Arte Degenerada, foi projectada a Primeira Ex-posição de Arte Alemã na recém-inaugurada Casa da Arte Alemã, desenhada pelo

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arquitecto preferido de Hitler, Paul Ludwig Troost, que morreu um pouco antes.

Esta Casa da Arte era um pastiche de estilo pseudoclássico, sendo baptizada ironi-camente como «Palazzo Kitschi». Nesta exposição estavam reunidas obras de artis-tas que seguiam um cânone que tinha a pretensão de ser classicista, mas que não era mais do que kitsch. Era uma tentativa de criar uma «cultura substituta», que vinha, por um lado, suplantar a cultura popular que tinha sido destruída pela in-dustrialização e, por outro, satisfazer a procura das massas por uma cultura facil-mente digerível e cujo único propósito fosse o entretenimento e a distracção (5). A arte clássica era adaptada e simplificada para a fruição das massas, e a arte de van-guarda, com a sua intelectualização e o seu convite à reflexão e inclusivamente à crítica social, era, por isso mesmo, proscrita.

Os nazis souberam explorar a procura das massas pelo acesso à cultura como nin-guém havia feito até então, convertendo-a num instrumento político de primeira ordem. A nova arte oficial evocava a «grandeza» e as tradições da Alemanha e da raça ariana. Eram frequentes os cenários rurais, com famílias louras de campone-ses, e os temas histórico-mitológicos: grandes batalhas da história da Alemanha e do povo germânico, lendas e mitos eram recuperados (ou eram antes reescritos) para uma maior glória do neopaganismo nazi. Tratava-se de uma arte que apresen-tava uma visão de um passado que jamais existiu, concebido para glorificar o pre-sente:

Dos helénicos aos viquingues, os Europeus tinham construído uma civilização heróica, viril, exaltante, imperial e conquistadora. Poemas épicos, catedrais, armas.

Este tipo de europeísmo arqueológico e histórico é também a chave dos fascismos […] Qualquer «bom» povo da Europa tinha um castelo na sua colina, uma igreja de torre elevada e um conjunto de pequenas casitas apinhadas: uma exemplificação do sentido natural da ordem, com o senhor vigiando e protegendo, o espírito a residir na igreja e o aldeão protegido, submisso e trabalhador, disposto a tomar o apeiro e também as armas; e esse exemplo podia representar não só um sentido político da vida, mas também uma estética. Um sentido da arte e da civilização. (6)

Os nazis pretendiam fundar uma nova civilização que acabasse com a decadência que o liberalismo e a modernidade supostamente tinham trazido, evocando um passado mítico no qual a ordem, a obediência e os valores do sangue eram tudo.

Uma nova civilização construída sobre mitos ancestrais, mas na qual o essencial do ordenamento do mundo ficava intacto, pois não era mais do que um manto de ilusões grotescas, uma contra-utopia com a qual podiam justificar a sua política de então e fazer crer ao alemão médio que este não era senão o destino da sua raça. A nova civilização dos nazis não era mais do que uma pobre (ainda que sólida) rees-truturação da velha civilização.

O nazismo não foi uma regressão, como foi afirmado muitas vezes, mas um pro-jecto absolutamente moderno. Foi, em certa medida, um mecanismo de ajusta-mento da modernidade que acabou por transbordá-la. O pensaajusta-mento positivista que triunfou depois das revoluções burguesas do século XIX concebia o mundo como uma totalidade que tinha de ser administrada científica e tecnicamente. A história era concebida como um «cortejo triunfal» que dirigia a humanidade para um progresso inacabável e inexorável, guiado pelos avanços técnicos e científicos.

Tudo devia sujeitar-se a esse progresso que finalmente traria a prosperidade. E qualquer perturbação do mesmo supunha um elemento desestabilizador que não era passível de ser tolerado.

A derrota da Comuna de Paris em 1871 e a incapacidade que o movimento operá-rio teve de superar as fronteiras dos Estados burgueses e de realizar a internacio-nalização da luta e da irmanação dos proletários do mundo, implicou o fim de mui-tas ilusões. A Primeira Guerra Mundial foi a continuação lógica dessa derrota his-

Crok-Porta, Collage de Manuel de Almeida e

tórica, mas depois do seu término o fantasma da revolução parecia voltar a percor-rer a Europa. A ele uniu-se um questionamento radical do positivismo científico (levado a cabo por uns poucos artistas e intelectuais marginais, mas que ameaçava directamente os fundamentos do ordenamento do mundo), que evidenciava a alie-nação a que o ser humano se submetia em nome de uma suposta liberdade que não era mais do que a liberdade da mercadoria e dos meios de produção de mercado-rias. Na Alemanha, a revolução tinha sido aniquilada pelos sociais-democratas, re-féns da mesma ideologia que diziam combater. Mas o perigo continuava a existir, pois as causas permaneciam intactas, especialmente num período de crise social, económica e, em grande medida, também civilizacional como a que foi vivido no final da década de 1920 e começo da década de 1930. As contradições do sistema ameaçavam a sua estabilidade. O nazismo surgiu nesse período de crise, no princí-pio como uma reacção da burguesia com a finalidade de suspender as condições objectivas que tornavam tangível a sua negação, e desejável e possível a sua supe-ração; ainda que para conjurar esse perigo tivesse de se suspender a si mesma.

O nazismo continuou e acelerou o progresso emancipado dos meios técnicos, e levou-o à sua máxima expressão ao sujeitar por inteiro a vida a esse desenvolvi-mento, reduzindo todas as suas potencialidades à vida nua, à mera sobrevivência, em que a promessa de realização que o ideal ilustrado, apesar de tudo, podia conter ficava anulada. A máscara da liberdade individual caiu e a autêntica verdade do liberalismo ficou a nu: quanto maior é o poder do ser humano sobre o mundo das coisas, menor é o poder que tem sobre a sua própria vida, a ponto de esta acabar por carecer de importância enquanto tal. Ao reduzir o conhecimento e a relação do ser humano sobre o mundo a critérios técnicos, à gestão técnica e científica, o ser humano amputa a consciência de si mesmo e da sua experiência do mundo, pois tudo está já mediado, tudo é já igual ao que é semelhante e pode ser reduzido a mercadoria. Fica assim aberto o caminho para o totalitarismo. No mundo da mer-cadoria qualquer relação só pode ser de domínio: dos seres humanos sobre o mundo das coisas, mas fundamentalmente dos meios de reprodução desse sistema tecnocientífico sobre os seres humanos (7). Desaparecendo a verdade da experiên-cia individual, da intimidade do ser humano e do mundo, este vê-se atirado para o mundo dos objectos, podendo ser tratado como tal. A consciência objectiva da na-tureza acaba por converter o ser humano em pura materialidade sem transcendên-cia. A vida fica subordinada a «interesses mais elevados»: a razão de Estado, as leis da Economia. Tudo pode ser levado a cabo. As «fábricas de morte» não eram uma excepção da história.

Em períodos de crise, como a que teve lugar na década de 1930 na Alemanha, a sensação de desassossego e de perda do sentido da vida (fenómeno que alguns es-critores e artistas, muitos deles de origem ou cultura alemã, tão bem souberam reflectir nas suas obras) podem provocar uma crise global difícil de prever e de controlar. A liberdade e a morte tocam-se e qualquer desequilíbrio pode inclinar a balança para um lado ou para o outro. A aparente normalidade quebra-se e as ver-dades do ordenamento do mundo tornam-se patentes, mesmo que não sejam ainda plenamente evidentes. Para que isso aconteça, é necessário um movimento revolu-cionário que tome consciência e contribua dando razões a essa massa despossuída de si e da sua relação com o mundo. E quando isso ocorre, a massa pode dissolver-se, e onde só existia bruma podem aparecer homens e mulheres livres que encar-nem a verdade prática e comecem por tomar de assalto esse mundo que lhes foi negado. Mas o movimento operário alemão ainda não se tinha refeito da derrota e da feroz repressão dos conselhos operários, nem das traições que a propiciaram.

Os poucos que tiveram a lucidez suficiente para compreender o momento foram ignorados, quando não duramente combatidos, tanto pela esquerda quanto pela

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direita.

A poderosa burguesia industrial alemã compreendeu muito melhor do que nin-guém o que estava em jogo, o que poderia acontecer se não fossem tomadas medi-das drásticas. Era necessário um governo forte que impusesse a ordem, mas isso só não bastava. Não necessitavam de um Bismarck, mas de alguém com quem o pe-queno burguês, que tinha deixado de o ser, se pudesse identificar. O nazismo pro-porcionou um sistema ideológico simples, mas eficaz, construído sobre mitos que remetiam para os instintos mais primários, para a pura sobrevivência num mundo hostil cheio de inimigos (reais ou imaginários), reconciliando ilusoriamente o ser humano diluído na massa consigo mesmo e com um mundo numa crise perma-nente que não compreende nem pode sonhar controlar. O nazismo aliena a massa das razões do seu mal-estar, primeiramente o seu próprio carácter de massa (a sua despersonalização como indivíduo), dirigindo-a como se fosse um só corpo com um destino vital. Aí reside a derradeira razão do seu apelo contínuo ao atavismo. A massa é personificada, o ser humano é desprendido do seu ser para ser encarnado numa entidade transcendental, o volk, e culpa o outro (o judeu, o bolchevique) para se desculpar da sua cumplicidade com a sua própria escravidão, a ponto de a cele-brar. O nazismo é, na sua essência e antes de mais, uma religião, uma consciência invertida do mundo, que veio salvar o mundo que o gerou das suas próprias contra-dições.

A crescente proletarização do homem contemporâneo e a crescente formação de massas são duas faces da mesma medalha. O fascismo tenta organizar as massas recentemente proletarizadas, sem tocar nas relações de propriedade que estas pre-tendem eliminar. O fascismo vê a sua salvação no facto de permitir às massas que se expressem, mas, de modo nenhum, que exerçam os seus direitos (8).

O nazismo oferecia um amparo, um consolo. Mas também uma identidade, uma possibilidade de expressão e uma ilusão de poder sobre a própria vida. As leis da economia, o progresso técnico e a razão de Estado seguem um caminho autónomo que o ser humano só pode observar desde o exterior, sem participar nele a não ser como engrenagem. Mas, no entanto, o alemão médio podia sentir-se identificado com a figura do führer e com os mitos e rituais do nazismo. «A atracção do nazismo residia menos numa ideologia explícita do que no poder das emoções, imagens e fantasmas» (9). O poder de sedução que Hitler exerceu sobre as massas alemãs não se deveu tanto à sua personalidade fascinante (que não o era), mas à massa ter ela própria encarnado a figura do führer. A burguesia alemã subjectivou-se como massa despojando-se da sua subjectividade como indivíduo. Despossuídos da sua liberdade e de qualquer poder sobre as suas vidas e sobre o mundo, os alemães cederam os restos de liberdade que podiam deter para ter a ilusão de, como povo, como raça, exercer um poder que lhes tinha sido negado como indivíduos. O führer é um eu idealizado do pequeno burguês (10) e o nazismo é a sua materialização.

O ser humano diluído na massa funde-se, dessa forma, ainda mais nela, mas sente-se protegido, a salvo e, sobretudo, crê exercer um poder que não tem como indivíduo enquanto parte de algo maior. Tudo isto não poderia ter sido levado a cabo sem a imensa maquinaria propagandista nazi, sem os seus mitos, sem os seus rituais e, quando foi necessário, sem o apelo ao esforço bélico. O principal ojectivo das invasões alemãs não foi a conquista territorial ou a necessidade de acabar com os inimigos externos, mas a necessidade de escorar ainda mais a dominação no exterior, de unir ainda mais o destino da massa ao da pátria e do seu führer.

Para levar a cabo essa «união sagrada» entre o führer e a massa, era necessária a interiorização dos preceitos ideológicos do nazismo, sendo isso levado a cabo me-diante uma colonização da vida quotidiana. Da mesma forma que o cristianismo se

tinha introduzido séculos antes em todas as esferas da vida privada, o nazismo criou uma série de rituais, de símbolos e de mitos que se impuseram como normas que iriam regular a vida em todos os seus aspectos. Mas enquanto o cristianismo necessitou de séculos para se impor, o nazismo conseguiu o seu objectivo em poucos anos, em parte devido à sua imensa maquinaria propagandista e repressiva. Mas não foi só o medo. Muitos alemães acredita-ram realmente no poder desses símbolos, nas essências do nazismo. E isso deu-se dessa forma porque o nazismo soube chegar ao mais íntimo desses homens e mulheres diluídos na massa a ponto de os comover. Aí reside a es-sência kitsch do nazismo. «A disposição para se deixar comover a qualquer preço conduz con-cretamente ao encontro de aspectos emotivos

mesmo onde eles não existem» (11). Nos rituais do nazismo, nas suas numerosas festividades (o dia da tomada do poder, o aniversário da fundação do Partido, o dia de luto nacional, o aniversário de Hitler etc.), nos comícios e desfiles militares, o factor emotivo primava sobre qualquer outro. Todos os ditadores e todos os publi-citários sabem que para chegar às massas têm de comovê-las, têm de chegar aos seus anseios, aos seus medos e aos seus sentimentos mais íntimos, só então pode-rão manipulá-los e materializá-los em palavras, lemas e imagens que os traduzam para a linguagem que o poder quer impor. O nazismo foi um movimento baseado fundamentalmente em critérios estéticos, emocionais e simbólicos. Quando o ale-mão vestia o seu uniforme das SS, quando exibia orgulhosamente o retrato de Hi-tler no seu isqueiro ou nos seus botões de punho, quando levantava o braço para saudar, reconciliava-se com a negação de si mesmo. Encontrava uma satisfação es-tética e emocional que ocultava o seu isolamento, a sua solidão e o seu terror ine-fável. E para conservar essa sensação de consolo estava disposto a tudo. Era um soldado, mas era acima de tudo um actor da obra que tinha deixado de ser a sua vida.

A humanidade que, outrora, com Homero era objecto de contemplação para os deuses no Olimpo, é agora objecto de autocontemplação. A sua auto-alienação atingiu um grau tal que lhe permite assistir à sua própria destruição como a um prazer estético de primeiro plano.

O nazismo é um produto do seu tempo e, como tal, nunca voltará a repetir-se.

Mas a violência, a manipulação das massas, o totalitarismo e a subordinação da vida a interesses económicos e políticos não são uma característica própria do nazismo, mas de todas as formas hierárquicas de poder, de todo o poder separado. Não são algo que nos pareça estranho. O capitalismo e a sua forma política mais querida, a democracia representativa, exercem violência diariamente, ainda que sustentem um sistema «legalista» que a mantém nuns limites «aceitáveis». Porque o capita-lismo necessita, ainda mais do que o nazismo, da participação de quem nada tem no sistema que lhe rouba a vida. E, é claro, também tem os seus mitos, os seus símbolos e os seus mecanismos de compensação. Hoje encontramo-nos perante uma grave crise em que tudo se terá de decidir de novo. Democracia, participação, ecologia ou sustentabilidade são conceitos que todos repetem e reformulam para salvar o velho mundo das suas contradições, procurando essa chave mágica que abra o coração da massa. Se queremos ser alguma vez livres, temos de construir

Arquivo Dominique Labaume

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um povo que seja muitos povos, comunidades que não se deixem arrastar por gran-des discursos e uniões sagradas e que não arrastem consigo a nossa individualidade maravilhosa. Nem indivíduo-massa, nem massa-indivíduo, homens e mulheres li-vres que construam os seus próprios mitos pequenos e simples, próximos e sere-nos, e que no reconhecimento da diferença com o outro encontrem a sua chave mestra que permita destruir este velho mundo antes que ele nos arraste na sua queda. Nem gurus nem massas febris, pessoas livres discutindo serenamente os seus problemas quotidianos em assembleias e trabalhando juntas por algo comum que seja também receptáculo dos seus desejos individuais. Só isso nos salvará do novo fascismo castanho, azul, vermelho ou verde, tanto faz. [trad. PEDRO MORAIS]

Notas: 1) É preciso esclarecer que os diferentes movimentos de vanguarda não tinham todos as mesmas motivações nem partilhavam os mesmo objectivos e, por isso, serão tratados de forma diferente, podendo mesmo chegar a ser integrados sem grandes problemas nos regimes fascistas,

Notas: 1) É preciso esclarecer que os diferentes movimentos de vanguarda não tinham todos as mesmas motivações nem partilhavam os mesmo objectivos e, por isso, serão tratados de forma diferente, podendo mesmo chegar a ser integrados sem grandes problemas nos regimes fascistas,