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Justificativa

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1. Introdução 

A  pesquisa  Telecentros  de  Informação  e  Negócios  como  veículo  de   Educação  Corporativa  nas  Microempresas  e  Empresas  de  Pequeno  Porte  propõe  um  referencial conceitual e metodológico que permite a oferta de capacitação àquele segmento  econômico. Seu  foco  é  o  desenvolvimento  de  competências  específicas  para  a  gestão  empresarial por meio de um novo modelo de Educação Corporativa a Distância. No campo  metodológico, apresenta uma nova abordagem para elevar a capacidade de obtenção de  informação  e  conhecimento  das  microempresas  e  empresas  de  pequeno  porte,  com  estratégias de  capacitação que utilizam  suporte de mecanismos de inclusão digital,  de  comunidades de prática no âmbito do conceito de Aprendizagem Situada e de parcerias. Com  efeito, a inovação do trabalho está contida na utilização de telecentros como vetor de  capacitação.  

Foi  essencial  à  pesquisa  identificar  a  plataforma  tecnológica  mais  adequada  à  capacitação de adultos, considerando também a padronização existente entre os parceiros e a  evolução da Web 2.0. Igualmente importante, foram as características necessárias ao pleno  acesso  ao  conhecimento  pelos  empresários  de  pequenas  e  microempresas,  cujas  especificidades,  necessidades,  exigências,  condições  de  preparação,  condições  de  infra‐

estrutura, metodologias, entre outros, são únicas na economia. 

Adota a abordagem integrada da Gestão da Informação, Gestão do Conhecimento e a  Inteligência Competitiva Organizacional, em uma única atividade: a Educação Corporativa  como responsável pelo desenvolvimento de competências críticas organizacionais.  

1.1 Justificativa 

O trabalho justifica‐se pela pouca atenção que o assunto tem recebido do ponto de  vista da gestão da informação e do conhecimento, da capacitação de recursos humanos, das  políticas públicas voltadas para a ampliação da capacitação na microempresa e empresa de  pequeno porte e pela necessidade de aprimoramento contínuo desse setor da economia, vital  ao desenvolvimento do país. Particularizando: 

‐ do ponto de vista administrativo e de capacitação de recursos humanos, a maioria das  microempresas e empresas de pequeno porte que proporcionam capacitação aos seus  empregados tem oferecido, em média, menos de oito horas anuais por empregado. 

Apenas 21% das microempresas e empresas de pequeno porte dedicaram mais de 25 

horas anuais de capacitação por empregado. Segundo o Sebrae (2005a), de uma maneira  geral, a capacitação nesse segmento é ainda muito menor do que nas médias e grandes  empresas; 

‐ do ponto de vista do desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o setor, não  existe movimento coordenado para maximizar o aproveitamento destes esforços, como é  o caso das grandes empresas. Mesmo quando existe, é grave o descompasso da proposta  educacional com as necessidades empresariais; 

‐  do  ponto de  vista  da  necessidade  de  aprendizado  ao  longo  da  vida,  a  Educação  Corporativa,  que  tem  auxiliado  as  grandes  e  médias  empresas  a  desenvolver  as  competências de que necessitam para o seu negócio, não é um produto acessível às  empresas de menor porte; 

‐ do ponto de vista de veículo para o aprendizado contínuo das microempresas e empresas  de pequeno porte, os Telecentros de Informação e Negócios apresentam‐se como um  meio  alternativo  que  permite  propiciar  a  educação  a  elas,  melhorando  sua  competitividade. Não se pode esquecer que esse segmento, em 2002, por exemplo,  respondeu por 57,2% dos empregos totais no Brasil e por 26,0% de sua massa salarial  (2005a); 

‐ do ponto de vista acadêmico, esta tese pretende oferecer uma contribuição à literatura na  área, pois ainda são poucos os trabalhos no Brasil voltados para a Educação Corporativa,  principalmente, para as microempresas e empresas de pequeno porte; 

‐ do ponto de vista da contribuição e avanço para a Ciência da Informação, este trabalho  traz um aporte interdisciplinar1 e transdisciplinar2, reunindo as vertentes da Gestão da  Informação  em  sua  interface  com  as  tecnologias  informacionais  e  da  Gestão  do  Conhecimento em sua interface com a capacitação. 

 

Cabe destacar o último item. A interdisciplinaridade e transdisciplinaridade têm sido  tratadas extensamente na literatura da Ciência da Informação.   No final dos anos 60, Borko  (1968), após múltiplas definições propostas desde o início daquela década, organizou os  limites para a nova área com a definição que permanece ainda hoje como uma das mais  citadas:  

      

1 Método de pesquisa e de ensino suscetível de fazer com que duas ou mais disciplinas interajam entre 

si, esta interação podendo ir da simples comunicação das idéias até a integração mútua dos conceitos,  da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização da  pesquisa (JAPIASSU; MARCONDES, 1991). 

2 Etapa posterior à interdisciplinaridade e superior, que ...não se contentaria em atingir interações ou 

reciprocidade entre pesquisas especializadas, mas que situaria essas ligações no interior de um  sistema total, sem fronteiras estabelecidas entre as disciplinas (JAPIASSU, 1976). 

Ciência da Informação é a disciplina que investiga as propriedades e o  comportamento da informação, as forças que regem o fluxo informacional e  os meios de processamento da informação para a otimização do acesso e  uso. Está relacionada com um corpo de conhecimento que abrange a  origem, coleta, organização, armazenamento, recuperação, interpretação,  transmissão,  transformação  e  utilização  da  informação.  Isto  inclui  a  investigação, as representações da informação tanto no sistema natural,  como no artificial, o uso de códigos para uma eficiente transmissão de  mensagens  e  o  estudo  dos  serviços  e  técnicas  de  processamento  da  informação  e  seus sistemas de programação.  Trata‐se  de  uma ciência  interdisciplinar  derivada  e  relacionada  com  vários  campos  como  a  matemática, a lógica, a lingüística, a psicologia, a tecnologia computacional,  as  operações  de  pesquisa,  as  artes  gráficas,  as  comunicações,  a  biblioteconomia, a gestão e outros  campos  similares. Tem  tanto uma  componente de ciência pura, que indaga o assunto sem ter em conta a sua  aplicação, como uma componente de ciência aplicada, que desenvolve  serviços e produtos.  

  A partir de década de 70, a Ciência da Informação amplia seu conceito, passando a  estudar a necessidade de ação em um ambiente que já começava a dar os primeiros sinais da  Sociedade da Informação (SI). Nesse período, destaca‐se o conceito de Wersig e Nevelling  (1975) que entendem a área como um tear interdisciplinar, onde se pode tecer uma rede com  fios  conceituais  de  outros  campos  científicos  para  capturar  o  sentido  de  uma  dada  problemática na perspectiva da informação.  

  Nos anos 80, Foskett (1980) publica sua definição: 

Ciência da Informação é a disciplina que surge de uma ‘fertilização cruzada’ 

de idéias que incluem a velha arte da biblioteconomia, a nova arte da  computação, as artes dos novos meios de comunicação e aquelas ciências  como psicologia e lingüística, que, em suas formas modernas, têm a ver  diretamente com todos os problemas da comunicação ‐ a transferência do  conhecimento organizado. 

Brookes (1980), que tratou a Ciência da Informação como parte integrante das  Ciências Cognitivas, destaca a sua natureza como objeto de estudo empírico e teórico. Ele  propôs  um  campo  de  atuação  para  a  Ciência  da  Informação  a  partir  da  ontologia  e  epistemologia de Popper (1975), que descreve nossa realidade em três mundos: o Mundo 1,  preenchido por matéria, energia e radiação; o Mundo 2, o psíquico, das emoções e dos  processos inconsciente e o Mundo 3, o Mundo do Conhecimento Objetivo, dos produtos da  mente humana, registrado nos idiomas, nas artes, nas ciências, nas tecnologias, em todos os  artefatos que os seres humanos armazenaram ou espalharam por toda a terra. Para o autor, o  desenvolvimento das nações. Na esteira do entendimento desse autor, Le Coadic (1996)  afirma que a busca pelo conhecimento deve começar pelo acesso àquele já existente, aos 

princípios que já estão estabelecidos e fundamentados, ou seja, a produção de conhecimento  a área, a Ciência da Informação é interdisciplinar por natureza. O autor considera que os  problemas de informação não podem ser abordados dentro de uma única área da atividade  científica.  Por  isso,  torna‐se  necessário  o  desenvolvimento  de  abordagens  teóricas  e  metodológicas que favoreçam a interdisciplinaridade e permitam o relacionamento da ciência  da informação com outros campos científicos. 

No  Brasil,  Pinheiro  (1997)  destaca  igualmente  o  papel  interdisciplinar  da  área,  afirmando que a Ciência da Informação incorpora muito mais contribuições de outras áreas,  do que transfere para essas um corpo de conhecimentos gerados dentro de si mesma  (PINHEIRO, 1997). A autora percebe que o campo interdisciplinar da Ciência da Informação vai  se movendo e gradativamente adquirindo novas configurações, novas disciplinas, subáreas e  problemas,  que  exigem  soluções  de  outras  áreas,  promovendo  transformações  interdisciplinares e, inversamente, estas novas relações epistemológicas vão modificando o  seu próprio território (PINHEIRO, s/d). 

Bates (1999) apresentou uma definição para a área como uma metaciência que corta  transversalmente  várias  disciplinas  convencionais,  tendo  como  domínio  o  universo  da  informação registrada, que é selecionada e retirada para acesso posterior. Essa visão defende  a Ciência da Informação como uma ciência que agrega outras ciências, apresentando um papel  crítico e abrangente, capacitada a adquirir e dar às outras ciências, as informações que elas  necessitam para produzirem conhecimento científico. 

Hawkins (2001) define Ciência da Informação como um campo interdisciplinar, com  conceitos teóricos e práticos, que lida com a transferência de conhecimentos, geração,  organização, representação, processamento, distribuição, comunicação e uso da informação,  bem como com a comunicação entre os usuários e seus comportamentos. 

Para finalizar3, Zins (2006) afirma que Ciência da Informação é o nome genérico de um  campo interdisciplinar. Trata‐se de um armazém de domínios ligados à informação e ao  conhecimento. Além disso, para o autor, os dois esquemas propostos pela American Society  for Information Science (ASIS) e Information Science Abstracts (ISA) esgotam a natureza  interdisciplinar da Ciência da Informação, refletida nas respectivas tabelas de conteúdos  (Figura 1 e Figura 2). Observa‐se que ambas as proposições contêm vários dos elementos  presentes nessa pesquisa, como por exemplo, os itens Knowledge Organizations, Societal  Issues (que inclui Lifelong Learning e Information Society) e Specific Sources and Applications  (incluindo Education Business) na  tabela da  ISA e Knowledge  Information, Hardware,  equipment and systems, Network e Activities and Operation na tabela da ASIS. 

      

3 Outros importantes autores também trataram do tema, mas ele não será esgotado nessa pesquisa. 

  Figura 1 ‐ Conteúdos da Ciência da Informação pelo ISA 

Fonte: Zins, 2005. 

   

  Figura 2 ‐ Conteúdos da Ciência da Informação pela ASIS 

Fonte: Zins, 2005 

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