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Educação a Distância

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2.  Revisão de Literatura

2.5  Educação Corporativa Virtual na ME EPP

2.5.1  Educação a Distância

A microempresa e a empresa de pequeno porte têm entre suas características a  deficiência no uso de tecnologias da informação. Não se trata, sempre, de falta de capacidade  de  investimento.  Na  verdade,  a  informatização  ainda  é  um  assunto  nebuloso  para  empresários, cuja discussão envolve aspectos técnicos impenetráveis a leigos (Ricardo, 2006). 

Mesmo  com  os  obstáculos existentes,  esse  segmento  precisa  considerar que  a  tecnologia não apenas pode disponibilizar o ensino para mais pessoas, como também pode  mudar a forma como se aprende. Para entender o processo que dificulta a interação entre  empresários de ME EPP e a tecnologia é necessário compreender os processos que envolvem a  EaD e as suas principais teorias.  

Educação a distância é definida como um método caracterizado pela separação entre  professor e aluno no espaço e tempo, no qual o controle do aprendizado é realizado mais  intensamente pelo aluno do que propriamente pelo instrutor e a comunicação entre alunos e  professores é mediada por documentos ou por alguma forma de tecnologia (TAROUCO, 1999).  

Para Moore e Kearsley (2007), EAD pode ser definida como a família de métodos  instrucionais em que as ações dos professores são executadas à parte das ações dos alunos e a  comunicação deve ser facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos e outros.  

Para a legislação brasileira, EAD é uma forma de ensino que possibilita a auto‐

aprendizagem  com  a  mediação  de  recursos  didáticos  sistematicamente  organizados,  apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e  veiculados pelos diversos meios de comunicação (DECRETO NO. 2494, DE 10 DE FEVEREIRO DE  1998, REGULAMENTA O ARTIGO 80 DA LEI NO 9394). 

Cardoso e Pestana (2001) definem dois meios para a ocorrência da EAD:  

− unidirecional,  quando  se  dispõe  de  uma  única  via  para  a  transmissão  da  informação para o aluno; 

− bidirecional, quando se dispõe de duas vias, uma destinada à transmissão da  informação para o aluno e outra à interação aluno‐professor. 

Niskier (1999) entende que os componentes fundamentais de um modelo de sistema  para ensino a distância inclui:  

− o conhecimento explícito; 

− o projeto pedagógico; 

− as  mídias  de  apresentação  de  conteúdos:  documentos,  gravações,  rádio,  televisão,  software, audioconferência, vídeoconferência, redes de computação, etc.; 

− o processo de interação: instrutores, orientadores, conselheiros, staff administrativo,  outros alunos; 

− o ambiente de aprendizagem: local de trabalho, residência, sala de aula, centro de  aprendizagem.  

Santos (1999) relaciona onze componentes essenciais para a ocorrência da EAD: 

− o aluno: considerado o elemento principal do processo de aprendizagem; 

− o professor: o qual se torna um facilitador do processo de aprendizagem, utilizando‐se de  sua competência e estilo de ensino, ainda que tenha pouco ou nenhum contato direto; 

− o facilitador: que mesmo não dominando o conteúdo didático do curso, responsabiliza‐se  pela facilidade de ocorrência do curso; 

− o monitor: o qual, obrigatoriamente, deve ter conhecimento sobre o conteúdo didático do  curso, para poder interagir com os alunos; 

− o suporte técnico: compreendendo o pessoal responsável por todos os aspectos técnicos  relacionados com a tecnologia EAD; 

− o suporte  administrativo: envolvendo o pessoal  responsável pelo gerenciamento  de  matrículas,  produção  e  distribuição  de  material,  aquisição  de  material  didático,  processamento de notas e gestão de pessoal em geral; 

− os administradores: que são encarregados pela gestão do sistema de EAD, incluindo  decisões sobre equipamentos, formatos, contratação de pessoal, políticas, prioridades,  cursos; 

− o conteúdo didático: que compreende todas as referências primárias de informação; 

− o sistema de suporte ao material didático: que consiste em um sistema com funções de  conversão de arquivos de vários formatos para o formato do sistema; 

− o sistema de gerenciamento de aprendizagem: composto por módulos que envolvem  funções para o controle do acesso ao curso, para gerenciar matrículas, registrar acessos  dos alunos ao material, suporte à comunicação, registro de freqüência dos alunos, acesso  ao conteúdo didático e mediação da interação instrutor‐aluno e aluno‐aluno; 

− a mídia: que engloba os meios de comunicação através dos quais são trocadas informações  entre o professor e os alunos e entre os próprios alunos.  

Para o autor, a estruturação de um curso a distância compõe‐se de três etapas: 

− primeira etapa: formas de transmissão do conteúdo, trabalhando nessa fase, o conteúdo e  as dinâmicas de aula. São objetos de avaliação o design da interface de acesso ao  conteúdo e as metodologias, os recursos e a convergência de diferentes mídias (texto,  imagens, sons, vídeo), a estrutura da interatividade do curso, o volume de informação por  tela, as dinâmicas de transmissão da informação e a definição do design instrucional da  aula; 

− segunda etapa: desenvolver o conteúdo, objeto de avaliação, buscando a forma mais  adequada de se obter o comprometimento do aluno com o aprendizado. Nessa fase surge  a tutoria por meio de ferramentas de comunicação da Web (e‐mail, fórum, chat), onde  ocorre a interação entre alunos, e entre alunos e professores; 

− terceira etapa: avaliação do aprendizado do conteúdo, que deve ser utilizada não somente  para verificar o aprendizado, mas também para reforçá‐lo. Dentre as opções estão os  recursos de múltipla escolha, estudos de caso, jogos de memória, jogos associativos, 

dissertativos, simulações, relatórios de itens navegados e pela própria participação do  aluno nas discussões e atividades.  

Muitos pesquisadores são unânimes em afirmar que um curso a distância deve conter  um banco de informações, constantes inovações nos mecanismos de avaliação e roteiros de  aprendizagem colaborativos, dinâmicos, flexíveis.  

O aprendizado a distância, em resumo, pode envolver diferentes tecnologias, que  podem ser usadas de forma independente ou combinadas. O importante é encontrar o  equilíbrio entre o indivíduo e a aprendizagem. Apenas para realçar as diferenças, o quadro  abaixo de Kimball (2002) apresenta as principais diferenças entre a aprendizagem tradicional e 

a) Teoria de Educação a Distância e o Processo Industrial, de Peters 

Em 1967, a Teoria de Peters definiu EAD como um produto da sociedade industrial,  valendo‐se  de  elementos como a produção  em massa,  a  divisão do  trabalho e a  mecanização. 

b) Teoria da Distância Transacional e a Autonomia do Aprendiz, de Moore 

Em 1972, a Teoria de Moore definiu EAD com duas dimensões: "distância transacional",  que é mais abrangente do que o simples distanciamento geográfico e "autonomia do  aluno", enfatizando, com  relação  à primeira  dimensão,  as  conseqüências  especiais  educativas decorrentes do afastamento professor/aluno. Esse afastamento os "obriga" a  um conjunto de procedimentos distintos do habitual, tanto ao nível de ensino quanto ao 

nível de aprendizagem. Sob estas circunstâncias, torna‐se necessário que o EAD disponha  de uma prática e de uma forma de organização não‐convencionais.  

c) Teoria do Ensino na Educação a Distância, de Holmberg 

Em 1983, a Teoria de Holmberg realça a inter‐personalização do processo de ensino a  distância, utilizando o termo "comunicação não‐contínua" para descrever a comunicação  existente quando professor/aluno estão separados no tempo e/ou no espaço. Como  Moore, este autor atribui grande importância à autonomia do aluno, afirmando que um  dos grandes objetivos do EAD deve ser a autonomia total do treinando, tanto em termos  de motivação, quanto de auto‐estudo. 

d) Teoria da Comunicação e Controle do Aluno, de Garrison 

Em 1989, a Teoria de Garrison, diferente da Teoria de Moore e de Holmberg, considera  que o processo de aprendizagem implica uma interação com o professor. Como professor  e alunos encontram‐se separados, sendo indispensável uma comunicação bidirecional, é  necessário o uso da tecnologia para apoiar a transação educativa. Para ele, EAD e  tecnologia são inseparáveis, evoluindo conjuntamente. 

e) Teoria de Reintegração dos Atos de Ensino e Aprendizagem, de Keegan 

Em 1990, a Teoria de Keegan afirma que as bases do EAD são semelhantes às da Teoria  Geral da Educação. O autor salienta que a EAD não se caracteriza pela comunicação  interpessoal, mas sim pela separação dos atos de ensino/aprendizagem no tempo e/ou  no espaço. A relação dos materiais de aprendizagem com a própria aprendizagem é um  aspecto fundamental em todo o processo. Segundo este autor, o aspecto essencial situa‐

se no ato de aprendizagem, para o qual são necessários a criação e o planejamento dos  meios para uma comunicação interpessoal mais produtiva. 

f) Teoria Tridimensional da Educação a Distância, de Verduin e Clark  

Em 1991, a Teoria de Verduin e Clark reconhece a separação professor‐aluno, mas não  considera a distância como característica definitiva do EAD. Baseiam suas formulações em três  aspectos: (i) o diálogo como suporte fundamental ao aluno, tanto em relação às instruções  para a realização de tarefas, quanto para apoio emocional e motivacional; (ii) a ênfase na  estrutura  da  matéria e as implicações resultantes  tanto  para  o  ensino  quanto  para a  aprendizagem; (iii) a variabilidade do papel do aluno de acordo com a aprendizagem que se  pretende alcançar. 

A  Educação  a  Distância  de  primeira  geração,  aquela  veiculada  pelo  correio,  proporcionou  o  ensino‐aprendizagem  de  “um‐para‐um”. Com a chegada do rádio e  da  televisão, a segunda geração de EAD contribuiu para a massificação do processo. O marco de  referencia da Educação  a  Distância, contudo,  foi  a internet,  quando a  web  inovou na  metodologia  de  ensino‐aprendizagem.  As  tecnologias  de  primeira  e  segunda  geração  proporcionavam pouca interação entre aluno‐professor, enquanto as de terceira geração  permitiram uma interface mais amigável. Entretanto, elas ainda não permitiam a plena  interação. Somente com a chegada das tecnologias de quarta geração na EAD foi possível a  minimização do problema da distância professor‐estudante e da pouca interação. 

Federal Institute for Vocational Education and Training (BIBB, 2003) apresenta a  quarta geração de e‐learning:  

durante os primeiros anos de utilização da internet e das TIC, a maior parte  dos projetos e‐learning ... foram centradas na inovação técnica ... uma  mudança no pensamento sobre e‐learning nos últimos três a quatro anos,  com um novo enfoque nas discussões ...mais do que a ênfase na tecnologia,  novo foco de pensar sobre e‐learning é cada vez mais para o aluno ... 

metodologias e didática (BIBB, 2003)35

  A seguir, o quadro apresenta uma síntese das gerações de e‐learning. 

Quadro 19 ‐ Gerações de e‐learning 

Década  Tipo  Conceito de tecnologia 

1960  Treinamento baseado no computador  Automação 

1970  Sistemas Inteligentes de Tutoria  Automação 

1980  Ferramentas de produção  Mídia de construção 

1990  Suporte computacional / 

A tecnologia já favoreceu a aprendizagem de várias formas, muitas contidas no  chamado e‐learning. Para Ricardo (2006), a realidade de inovação tecnológica em modelos  educacionais pode ser assim entendida:  

− a integração de esforços via tecnologias de ensino à distância pode trazer sensíveis  economias de escala e ampliação da qualidade da informação ofertada. Por exemplo, com  o  uso  dessas tecnologias é  possível  realizar  aulas, palestras  ou  apresentações  com  especialistas de alto gabarito, a custos mais baixos e com amplo acesso de empresários e  colaboradores. Nesse item, concordam com a autora, Macpherson, Homan e Wilkinson  (2005); 

− o uso de tecnologias à distância permite a integração com outros centros de excelência no  ensino, pesquisa e conhecimento; 

− a experiência de aprendizagem com as novas tecnologias e a percepção de seus benefícios  poderá estimular os participantes no que diz respeito à inclusão digital das micro e        

35 Nas palavras do autor: During the first years of using the internet and ICT, most of the eLearning  projects … were focused on technical innovation to create technology …there would appear to have  been a change in thinking on eLearning in the past three to four years, with a new focus in the  discussions on eLearning… rather than the emphasis on technology, the new focus of thinking on  eLearning … methodologies and didactics. 

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