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Academic year: 2021

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Submitted on 1 Jun 2021

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Editorial

Léo Peruzzo Júnior, Jelson Oliveira, Antônio Valverde, Eduardo Ribeiro da

Fonseca, Luiz Eduardo Prado de Oliveira

To cite this version:

Léo Peruzzo Júnior, Jelson Oliveira, Antônio Valverde, Eduardo Ribeiro da Fonseca, Luiz Eduardo Prado de Oliveira. Editorial. Revista de Filosofia Aurora, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2021, 33 (58), �10.7213/1980-5934.33.058.ED01�. �hal-03244382�

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Editorial

Os tempos atuais estão sombrios do ponto de vista histórico, político e sanitário. Agora, como em outros tempos, quando mais ela parece ociosa, mais a filosofia se revela urgente, detentora não só de viabilidade, mas também e sobretudo de vantagem e serventia primordial. Como tem feito há mais de três décadas, a Revista de Filosofia Aurora apresenta, nesse número, um dossiê organizado pelos professores Luiz Eduardo Prado de Oliveira (Universitè Paris VII) e Eduardo Ribeiro da Fonseca (PUCPR), da linha de pesquisa de Filosofia da Psicanálise do PPGF/PUCPR. Os textos que formam o atual dossiê testemunham a solidez teórica e a fecundidade prática dessa área de pesquisa, seja porque analisam textos, teses e argumentos de autores da tradição (Freud, Lacan, Sade, Deleuze e outros), seja porque apresentam que os conceitos por eles elaborados contribuem para elucidar problemas que são nossos na contemporaneidade, como é o caso da violência, do fundamentalismo, da negação das identidades e do pluralismo, da pretensa, equivocada, sempre absurdamente retomada da inferioridade feminina etc. O presente dossiê é, por isso, um documento cuja força articula um olhar perspectivo sobre questões que ligam a psicanálise a temas centrais da vida psíquica, mas também da vida política e social da sociedade contemporânea.

Em seu artigo “Entre Teses e Textos: Como o tema da inferioridade da mulher aparece nos ensaios que Freud dedica à sexualidade feminina?” a Profa. Léa Silveira analisa como, malgrado suas possibilidades para pensar o feminino, os textos de Freud escondem ainda teses, que a Autora considera “inapelavelmente inaceitáveis”, na medida em que mantém uma visão de inferioridade da mulher. O artigo, cujo título é “Entre teses e textos: como o tema da inferioridade da mulher aparece nos ensaios

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que Freud dedica à sexualidade feminina?”, demonstra a fragilidade desses argumentos, jogando luzes sobre páginas controversas do Pai da Psicanálise.

O tema do feminismo reaparece no artigo de Virginia Helena Ferreira da Costa, cujo título expressa precisamente seu conteúdo: “A historicização da herança geracional segundo a teoria freudiana: um imperativo para os estudos psicanalíticos feministas”. O texto toma as teorias de Madelon Sprengnether, Nancy Chodorow e Judith Butler para criticar a leitura corrente do complexo de Édipo como “estrutural”, essencializado e substancializado. A proposta, afinal, é ler a vivência edípica como performativamente atuada, tendo a transmissão geracional como o enfoque primordial.

Fátima Caropreso e João Alves Maciel Neto apresentam, nesse número da Aurora, uma análise da teoria da transição do princípio do prazer ao princípio de realidade formulada pelo psicanalista húngaro Sándor Ferenczi, demonstrando como essa teoria contribui para uma compreensão aprofundada das hipóteses de Freud sobre o tema. Embora, em ambos os autores teria faltado o problema do desenvolvimento da linguagem verbal, algo que é desenvolvido de forma satistatória pela psicanalista russa Sabina Spielrein. O artigo, por isso, apresenta uma visão original, sejam pela temática abordada, seja pela análise clara e instigante das teses defendidas pelos autores em pauta.

Daniel Jofré, em seu artigo “Psicoanálisis y pluralismo de lo juvenil: historización, identidades y conflicto sociales”, analisa as dinâmicas juvenis a partir de suas condições de vida em relação com às suas identidades, culturas e conflitos. Nesse sentido, a análise parte de um estudo dos conflitos sociais a partir das teorias socioculturais e seus desenvolvimentos psicanalíticos, especialmente a partir de conceitos como transgeneracionalidade e identidade. O pano de fundo da reflexão é a situação chilena — uma estratégia que alcança importante êxito, como verá, na economia interna do texto.

Em “O estatuto político do significante vazio: identidade coletiva, psicanálise e política”, Alexandre Starnino e Daniel Omar Perez demonstram como o debate em torno das identidades coletivas pode ser pensado desde conceitos como a demanda,

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o significante vazio, a identificação e o gozo (la jouissance). Para tanto, os autores revisitam Freud em busca da noção de identificação pensada em sua determinação política, após encontram em Lacan o significante vazio e em Laclau o conceito político capaz de contribuir para a formação das identidades coletivas — que são políticas, sociais, de gênero, de diversidade sexual, étnicas e culturais em suas mais variadas formas.

Os enunciados psicanalíticos ligados à política e suas inconsistências são tema do artigo de Alejandro Bilbao, “Freud y la inconsistencia de la politica; la experiencia de la politización de la comunidad humana en el relato tragico, prosaico y religioso”. Trata-se de analisar o fenômeno da politização coletiva a partir do pluralismo de referências que articulam essas três perspectivas, tendo como pressuposto o fato de que as teses a respeito da vida pulsional permitem entender o modo de funcionamento dessas narrativas, como operadores políticos.

O estatuto da afirmação em Lacan e em Deleuze é o tema central do artigo de Cristóbal Durán Rojas e Manuel Coloma Arenas, intitulado “Una negación sin negatividad: la afirmación entre Lacan y Deleuze”. Os autores tentam uma aproximação que coloca os autores na direção de um pluralismo aberto às diferenças singulares, que não podem ser reduzidas a uma identidade dominante. Comparecem ao texto Lacan, lendo Hegel a partir de Hyppolite, e Deleuze, advertindo Hyppolite contra Hegel. O resultado é que a diferença revela-se na sua potência afirmativa.

Aurora publica nesse dossiê o artigo assinado por Weiny César Freitas Pinto, “Por uma história e método da recepção filosófica da psicanálise: esboço de um programa de pesquisa”, no qual o autor apresenta, como o título supõe, um programa de pesquisa sobre a recepção filosófica da psicanálise, dividido em duas grandes partes, que incluem a história dessa recepção e o desafio de extrair dela um método. História e método são, assim, úteis, segundo o autor, para pensar a própria filosofia da psicanálise no Brasil.

Tatiane de Andrade e Joel Birman analisam “A irredutibilidade ética do sujeito: Lacan entre Kant e Sade”, mostrando como o texto de Lacan, Kant com Sade abre possibilidades ricas para discutir a prática analítica, suas razões e seus limites.

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Refazendo as pistas deixadas pelo texto, os autores acentuam semelhanças e diferenças irreconciliáveis entre a lei moral de Kant, a vontade de gozo em Sade e a ética psicanalítica. A discussão caminha para uma análise da perversão e da melancolia.

“Defesa psíquica na primeira tópica freudiana: por que as pulsões são reprimidas?” é o tema do artigo de Aline Sanches, Josiane Cristina Bocchi, que analisa a relação entre as pulsões sexuais e a defesa psíquica, ao longo do período pré-psicanalítico e da primeira tópica freudiana. Para tanto, evidencia-se o caráter negativo das pulsões e coloca-se em relevo a natureza do antagonismo, que se opõe às pulsões sexuais para, afinal, perguntar em que medida a psicanálise permanece, demasiadamente, tributária de uma concepção de natureza revestida de pressupostos morais, como algo a ser negado em nome do social.

O presente número traz, ainda, quatro artigos do na sessão Fluxo Contínuo. Dois deles estão ligados a temas de filosofia da tecnologia: “Sobre a explicação tecnológica”, de Gilmar Evandro Szczepanik, que analisa as características da explicação tecnológica, mostrando como tal tarefa envolve elementos dos artefatos técnicos, sua estrutura e funcionamento, e “Technoscience, regulation and language manipulation”, de Juan Bautista Bengoetxea, que discute questões ligadas aos defeitos discursivos na tomada de decisões no campo da ciência e da tecnologia, envolvendo, principalmente, a questão das mudanças climáticas. Rodrigo Alfonso González, por sua vez, em “Pseudónimos: ¿identidad metafísica o artística?”, analisa as investigações semânticas sobre os pseudônimos e sua conexão com as identidades. Em “A análise mereológica dos objetos intencionais em Brentano”, Joelma Marques de Carvalho analisa os objetos intencionais na primeira fase do pensamento de Brentano sustentando que o estatuto ontológico de tais objetos podem ser interpretados como sendo “neutros”. E, por último, Piotr Stanislaw Mazur, em “Between Cognition and Discourse: Robert Spaemann’s classical aspects of Philosophizing”, discute, a partir de Robert Spaemann (1927-2018), como o conceito de filosofar é, por um lado, um tipo de cognição (aspecto sistemático) e, por outro, um tipo de discurso (aspecto histórico).

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Este número traz ainda uma tradução do artigo “Uma Genealogia da Biopolítica: O Conceito de Vida em Canguilhem e Foucault”, feita por Davi Maranhão De Conti e uma entrevista realizada por um dos organizadores do dossiê, Prof. Eduardo Ribeiro da Fonseca, concedida pelo Prof. Ricardo Espinoza Lolas, mostrando como sua pesquisa está ligada à filosofia da psicanálise.

Com tanta riqueza de temas e de problemas, este número da Aurora dá exemplo da dinâmica, que orienta as pesquisas em filosofia no Brasil e no exterior. Resta desejar a todas e todos uma boa leitura.

PROF.DR.LÉO PERUZZO JÚNIOR –PUCPR PROF.DR.JELSON R.OLIVEIRA –PUCPR PROF.DR.ANTONIO VALVERDE –PUCSP

EDITORES

PROF.DR.EDUARDO RIBEIRO DA FONSECA –PUCPR PROF.DR.LUIZ EDUARDO PRADO DE OLIVEIRA –UNIVERSITÈ PARIS VII

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