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Los límites de la escritura epidíctica: la poesía jocoseria de José Pérez de Montoro

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Los límites de la escritura epidíctica:

la poesía jocoseria de J o s é Pérez de M o n t o r o

A l a i n Bègue

F o R e L L B 2 , Université de Poitiers

E n una sociedad d o n d e el individuo se definía en función de la distancia que le s e p a r a b a de las esferas de prestigio y de p o d e r — c u y o c e n t r o e r a el m o n a r c a y sus familiares, a los que seguían, según un orden decreciente de i m p o r t a n c i a , la alta nobleza y los altos c a r g o s seculares de la administración r e a l — , la poesía podía convertirse en un medio eficaz p a r a m e d r a r en ella, para obtener algún r e c o n o c i m i e n t o , p r i v a d o o público, y, en la m a y o r í a de los c a s o s , financiero. E s t o e r a t a n t o m á s v e r d a d e r o c u a n t o que la clase d o m i n a n t e d a b a señas de un c i e r t o interés p o r las p r á c t i c a s l i t e r a r i a s , bien d e d i c á n d o s e p e r s o n a l m e n t e a la e s c r i t u r a , c o m o en el c a s o de Felipe I V , bien c o n c e d i e n d o u n a p r o t e c c i ó n a ciertos p o e t a s o incluso f a v o r e c i e n d o manifestaciones públicas c o m o fue el c a s o de las a c a d e m i a s literarias. Así, pues, d e n t r o de la polifonía poética b a r r o c a , y de esa fragmentación de la enunciación poética de la é p o c a , la voz del p o e t a c o r t e s a n o y áulico era sin duda alguna una de las m á s importantes. Inspirados p o r su propia musa o sometidos a la rigidez de un ejercicio estilístico y r e t ó r i c o impuesto, los e s c r i t o r e s estuvieron siempre dispuestos a ensalzar a sus superiores sociales, c o m o manifiestan los c u a n t i o s o s géneros que constituyen la elocuencia de la p o m p a , que se despliega en los panegíricos, genetlíacos, epitalamios, epicedios y o t r a s manifestaciones o r a t o r i a s que constituían una p a r t e n o despreciable de su p r o d u c c i ó n literaria. C u a n t o s poetas albergó el siglo x v n , e incluso los considerados hoy en día c o m o mejores, fueron concernidos, «obligados c o n su pluma a preservar o elevar el e s t a t u t o de los sistemas de p o d e r de la é p o c a »1. Y J o s é Pérez de M o n t o r o (Játiva, 1 6 2 7 - C á d i z , 1 6 9 4 ) , uno de los autores m á s a f a m a d o s de las últimas décadas del siglo x v n y de principios del x v m , fue u n o m á s de estos a u t o r e s polígrafos que p u s i e r o n su p l u m a al servicio de la c l a s e dirigente, nobiliaria o n o . L a poesía epidíctica del a u t o r setabense, que refleja «el gusto

íjauralde, 1 9 9 9 , p. 4 3 .

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b a r r o c o p o r la profusión de hipérboles»2, pertenece en efecto casi e n t e r a m e n t e a una poesía de C o r t e .

A h o r a bien, seis de las c o m p o s i c i o n e s l a u d a t o r i a s de Pérez de M o n t o r o fueron publicadas en su vida c o n un título que las presentaba bien c o m o jocoserias, bien c o m o serijocosas3. F u e r o n escritas, de igual m o d o que sus o b r a s serias, c o n m o t i v o de una res certa, sobre la que debe apoyarse cualquier elogio, según Quintiliano4: un n a c i m i e n t o5, un c u m p l e a ñ o s6, una c u r a c i ó n7, una b o d a8 o una entrada real. A esta última c a t e g o r í a perteneció el r o m a n c e «Invicto segundo C a r l o s » , c u y o título en las o b r a s p o s t u m a s del a u t o r reza: Al rey, nuestro señor, en la deseada feliz noticia de hallarse ya la reina nuestra señora en España, romance jocoserio [que le pone] a los reales pies de su Majestad don Joseph Pérez de Montoro9. L a propia versión impresa de la c o m p o s i c i ó n , p u b l i c a d a p r o b a b l e m e n t e en V a l e n c i a el m i s m o a ñ o de la llegada de M a r i a n a de N e o b u r g o , p r e s e n t a b a e x p l í c i t a m e n t e el p o e m a c o m o « r o m a n c e j o c o s e r i o »1 0. E s t o s rótulos, que hacen hincapié en un estilo seguramente r e c o n o c i d o p o r los receptores de la é p o c a , n o dejan de resultar llamativos y su detenido estudio a r r o j a r á luz s o b r e la escritura epidíctica en particular y poética en general de entre siglos.

E L E S T I L O J O C O S E R I O A L A L U Z D E L A O B R A D E P É R E Z D E M O N T O R O

E n 1 6 4 5 , M a n u e l A n t o n i o de V a r g a s , editor de la Jocoseria, s u b r a y a b a , en su dedicatoria al caballero napolitano M a r i o Mastrillo Beltrán, el doble propósito c ó m i c o y edificante de los entremeses de su a m i g o y a u t o r de t e a t r o breve Luis Q u i ñ o n e s de B e n a v e n t e1 1. Y a en 1 6 3 5 , Salas B a r b a d i l l o h a b í a d e c l a r a d o que las m u s a s del

2E g i d o , 1 9 9 0 , p . 4 2 .

3 No haremos, en nuestro estudio, ninguna distinción entre ambos términos, como lo hiciera Jean-Pierre Etienvre en un artículo de imprescindible lectura para una visión teórica, ideológica y diacrónica de lo jocoserio (Etienvre, 2 0 0 4 ) .

4 Quintilien, Institution oratoire, VII, 4 , 3 .

5 El romance «Gran Señor, excelso Duque» (Obras posthumas lyricas —en adelante O P — , I, pp. 1 3 4 - 138), dirigido al duque de Veragua, escrito en los años 1 6 8 0 con el propósito de celebrar el nacimiento de la hija de éste, Josefa Micaela de Portugal y Ayala.

6 El romance «¡Oh, qué ufana está la rosa» dedicado, en nombre de Alvaro Colón de Portugal, segundón del duque de Veragua, a la Reina madre, iba acompañado de otro, cuyo primer verso era «Si aun el dar a las deidades» (OP, I, p. 1 7 1 - 1 7 3 ) y que fue escrito en las mismas circunstancias que el primero, esto es, con motivo de la academia literaria celebrada en Cádiz el 2 2 de diciembre de 1 6 7 2 para el cumpleaños de Mariana de Austria.

7 Los romances «Señor, de vuestro accidente» ( O P , I, pp. 7 4 - 7 8 ) y «Si el brindis a dos saludes» (OP, I, pp. 7 8 - 8 4 ) expresan la alegría del autor ante la curación de Carlos II.

8 En su poema epidíctico más largo, el romance de 6 4 0 versos «Ordéname Useñoría» (OP, I, pp. 3 2 4 - 3 4 0 ) , encargado por el marqués de la Mina, Pérez de Montoro celebra con humor la boda del conde de Niebla, primogénito y, por consiguiente, sucesor del duque de Medina-Sidonia, celebrada en Sevilla probablemente en 1 6 8 7 .

9 OP, pp. 6 7 - 7 2 .

1 0 AL R E Y I NUESTRO SEÑOR, I E N L A D E S E A D A I FELIZ NOTICIA I de hallarse ya la Reyna I nuestra Señora en I España. I R O M A N C E X O C O S E R I O . IP O N E L E A L O S R E A L E S PIES D E I su Magestad. I DON IOSEPH PÉREZ I de Montoro (BNM: V E / 1 9 4 - 4 2 ) .

1 1 «A don Mario Mastrillo Beltrán, residente de la serenísima señora archiduquesa de Austria, Claudia de Médicis, en la Corte de España», en Quiñones de Benavente, Entremeses completos I. Jocoseria, pp. 1 1 5 - 1 1 9

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d r a m a t u r g o no eran « d e s a c a t a d a s ni d e s a t a c a d a s »1 2. P e r o , si la finalidad de enseñanza y de p r o v e c h o m o r a l se justificaba, en el subtítulo d a d o a la c o m p i l a c i ó n (Joco seria.

Burlas veras, o reprehensión moral y festiva de los desórdenes públicos), p o r el c o n t e x t o de hostilidad al t e a t r o en aquellos años, la verdad es que las o b r a s d r a m á t i c a s breves de Quiñones de Benavente distaban de obedecer al principal criterio editorial, pese a la indiscutible a u t o c e n s u r a a la que se sometió su a u t o r . L a función lúdica a c a b a b a p o r invadir, quizá c o n t r a la voluntad del d r a m a t u r g o , el c o n j u n t o de la colección.

Algunos años m á s tarde, González de Salas, editor de las o b r a s poéticas de Q u e v e d o , precisaba también la finalidad satírica m o r a l y edificante de las composiciones que había l l a m a d o « j o c o s e r i a s » en su e x p l i c a c i ó n del c o n t e n i d o de la M u s a VI de El Parnaso Español ( 1 6 4 8 ) :

Canta poesías jocoserias, que llamó burlescas el autor, esto es, descripciones graciosas, sucesos de donaire y censuras satíricas de culpables costumbres, cuyo estilo es todo templado de burlas y veras.

Así, p a r a V a r g a s y González de Salas, el estilo j o c o s e r i o se c a r a c t e r i z a b a p o r la mezcla de burlas y de elementos serios destinados a c e n s u r a r los vicios culpables de la s o c i e d a d , un estilo, p u e s , m u y c e r c a n o al s a t í r i c o . P e r o es el c a s o que, en las composiciones poéticas de Pérez de M o n t o r o presentadas c o m o jocoserias o serijocosas, t a m p o c o a p a r e c e el imprescindible p r o p ó s i t o edificante. C o n v i e n e , p o r lo t a n t o , interrogarse sobre las características que esconde el epíteto jocoserio atribuido a algunas de las obras de nuestro poeta.

M a r c o s L a n u z a de A r e l l a n o , c o n d e de Clavijo, gentilhombre de b o c a de C a r l o s II, nos brinda algunos indicios en su r o m a n c e « V a y a n , señor, v a y a n f u e r a » , inspirado en la composición «Si el brindis a dos saludes» escrita p o r Pérez de M o n t o r o p a r a celebrar el saludable restablecimiento del rey C a r l o s II y de su esposa, la reina M a r í a Luisa de Orleáns. L a larga introducción del p o e m a c o m p u e s t o p o r el conde de Clavijo se presenta a la vez c o m o un elogio y c o m o una dura crítica del estilo al que había acudido nuestro poeta valenciano:

Vayan, señor, vayan fuera Castalia, Aganipe y Pindó, alhajas que sólo sirven

de lo que hasta aquí han servido.

No haya invocación al templo 5 de aquél que, en Delfos fingido,

tuvo entre los mentecatos plausibles los sacrificios.

No del caballo de Apolo

se haga memoria, aunque miro 10

(p. 1 1 6 ) : «[...] añadiendo a esta novedad perfección tan suma, que si no excedió a los antiguos, desespera de su imitación a los venideros, al mezclar lo útil de advertimientos morales con lo dulce de invenciones graciosísimas, sirviendo estas sales tanto para preservar la corrupción de las costumbres que reprehendían, cuanto para sazonar el gusto de quien deleitaban».

a Citado en la introducción de Quiñones de Benavente, Entremeses completos I. Jocoseria, p. 4 7 .

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que sin moverse ha causado a los poetas gran ruido.

Parece que jocoserio se me introduce el estilo,

y que sin ser yo Montoro, 15 tan no fácil senda piso.

¿Qué será? ¿Si es que el ingenio me lleva por el camino

de lo burlesco, y se aparta

del más discreto camino? 2 0 No, porque mi natural

siempre me lleva advertido al objeto de lo heroico, donde es seguro el camino.

¿No es mejor esto, que no 2 5 conceptos del baratillo

sobre si Fermín es tonto, sobre si Lira es propicio?

¿No es mejor el dulce grave

métrico acordado ritmo 3 0 de las cítaras, que no

de las campanas el ruido?

N o hay cosa como lo grande, en donde siempre han servido

la gran razón del pensarlo, 35 de razón para escribirlo.

Además, que los ingenios heroicos, cuando han querido han hecho sus versos flautas,

y también sus coplas pitos. 4 0 (OP, I, pp. 165-166)

E n este p o e m a , Clavijo empieza presentándose — y lo c o n f i r m a r á m á s adelante en los versos 1 3 - 1 6 — c o m o un fiel i m i t a d o r de la escritura jocoseria de Pérez de M o n t o r o . E s t a escritura a p a r e c e c o m o p a r ó d i c a , en la medida que p r o c e d e a u n a d e g r a d a c i ó n estilística del topos convencional de la petición de inspiración divina. El r e c h a z o de las diferentes fuentes míticas de la inspiración — C a s t a l i a y A g a n i p e — , de los lugares de reunión míticos de las M u s a s —el Pindó y Delfos—, del noble Pegaso — vulgarmente p r e s e n t a d o c o m o el sencillo « c a b a l l o de A p o l o » — , así c o m o la c a r a c t e r i z a c i ó n peyorativa del t e x t o , mediante la m e t á f o r a negativa («alhajas que sólo sirven / de lo que hasta aquí han servido»), la adjetivación («Delfos fingido») o la introducción del estilo llano ( « m e n t e c a t o s » , « c a b a l l o » ) , p a r t i c i p a n de la d e g r a d a c i ó n de este t ó p i c o de las introducciones poéticas.

A continuación, el escritor a r i s t ó c r a t a , en clara r u p t u r a c o n el movimiento inicial de su c o m p o s i c i ó n , p a r e c e t o m a r sus distancias c o n lo que a c a b a de escribir y r e c h a z a r el estilo jocoserio que designa c o m o característica de la poesía de M o n t o r o , de esa poesía

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que buscaba el juego y el destello estético, el «delectare y el entretenimiento procedente de la habilidad estilística»1 3.

Y es que, p a r a Clavijo, a esa condenable tonalidad burlesca de lo jocoserio debe ser preferido el estilo h e r o i c o , hacia el cual le lleva el seguro y « d i s c r e t o » c a m i n o de su espíritu y de su natural « a d v e r t i d o » . L o s dos c a r a c t e r i z a d o r e s así utilizados—discreto y a d v e r t i d o — se o p o n e n t e x t u a l m e n t e al adjetivo s u s t a n t i v a d o « b u r l e s c o » , y Pérez de M o n t o r o queda definido c o m o un p o e t a c u y a escritura es incapaz de elevarse y c u y a inspiración queda limitada a unos objetivos bajos, c o m o son a t a c a r s e ferozmente a Fermín de Sarasa y A r c e , gentilhombre del duque de Medinaceli y, p o r ende, adversario del a u t o r setabense, o c e l e b r a r la c u r a c i ó n de M a n u e l de L i r a , quien, a pesar de ser secretario del D e s p a c h o Universal y uno de los diplomáticos m á s hábiles del reino, no dejaba de ser un simple funcionario.

U n a c u r a c i ó n celebrada p o r M o n t o r o en una c o m p o s i c i ó n jocoseria en que existía, entre el t e m a t r a t a d o — de naturaleza m á s bien seria o h e r o i c a — y el estilo burlesco empleado p o r el p o e t a , una indudable inadecuación o, p o r decirlo en términos á u r e o s , en que se d a b a una grave r u p t u r a del decoro. H a s t a tal punto que, al denunciar el conde de Clavijo la falta de discernimiento del poeta setabense y su incapacidad para «darle a c a d a uno su lugar» (no es "discreto", según la definición de Autoridades), nos obliga a c o n t e m p l a r t o d a la p r o b l e m á t i c a de la poesía j o c o s e r i a y a i n t e r r o g a r n o s s o b r e las características c o n t e x t ú a l e s , formales, estructurales y estilísticas de la m i s m a en la o b r a de J o s é Pérez de M o n t o r o .

E L M A R C O C O N T E X T U A L

Los p o e m a s jocoserios señalados c o m o tales en la o b r a de J o s é Pérez de M o n t o r o son composiciones c u y a finalidad c ó m i c a se a c o m p a ñ a casi siempre c o n un propósito grave y/o laudatorio. Así o c u r r e , p o r ejemplo, en el r o m a n c e «A las fiestas vas, r o m a n c e » y en el soneto « ¿ Q u é estruendo en esos mares se percibe», escritos a m b o s en alabanza de los soberanos ingleses, el recién difunto C a r l o s II y su sucesor J a c o b o II E s t u a r d o , así c o m o en el r o m a n c e «Invicto segundo C a r l o s » que, c o m o v e r e m o s m á s adelante, c a n t a de m a n e r a c ó m i c a las a l a b a n z a s de la reina M a r i a n a de N e o b u r g o y de C a r l o s II. Solo el r o m a n c e «Bueno es, señor, que o t r a lira» presenta rasgos casi exclusivamente burlescos.

Pero dicho p o e m a va precedido p o r el soneto panegírico jocoserio « L a no e s p e r a d a , la feliz v i c t o r i a » : éste, que sirve de i n t r o d u c c i ó n y se refiere a a c o n t e c i m i e n t o s g r a v e s , s u b r a y a e x p l í c i t a m e n t e la función de c o n t r a p u n t o burlesco del r o m a n c e a un p o e m a grave y panegírico a n t e r i o r m e n t e desarrollado p o r Diego de C o n t r e r a s , y, finalmente, a d o p t a un léxico a la p a r elevado y burlesco. L a s m e n c i o n a d a s composiciones de Pérez de M o n t o r o e n c u e n t r a n así su o r i g e n en un c o n t e x t o e s e n c i a l m e n t e e u f ó r i c o y l a u d a t o r i o . Y buena p r u e b a de ello es el r o m a n c e « A las fiestas v a s , r o m a n c e » , que dedica p o c o más de la mitad de sus versos a las festividades organizadas a la sazón en Cádiz.

O t r o elemento característico de estas obras jocoserias de nuestro a u t o r es que se t r a t a de r o m a n c e s n a r r a t i v o s y descriptivos. El r o m a n c e « B u e n o es, señor, que o t r a lira»

describe la t o r m e n t a sufrida p o r la flota de la Real A r m a d a ; el p o e m a « A las fiestas vas, Arellano, 2 0 0 3 , p. 3 5 .

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r o m a n c e » p i n t a , en un p r i m e r t i e m p o , la m a n i f e s t a c i ó n de duelo de la c o m u n i d a d inglesa establecida en Cádiz tras la m u e r t e de C a r l o s II de Inglaterra, p a r a presentar a c o n t i n u a c i ó n las festividades o r g a n i z a d a s p a r a c e l e b r a r la c o r o n a c i ó n de J a c o b o II E s t u a r d o ; y el r o m a n c e «Invicto segundo C a r l o s » relata la llegada de la reina M a r i a n a de N e o b u r g o p o r m a r en 1 6 9 0 .

A d e m á s , en dos de estos p o e m a s , el destinatario es un a r i s t ó c r a t a y, p o r consiguiente, un superior j e r á r q u i c o . E n este c a s o , la función p r i m e r a de los r o m a n c e s jocoserios es divertir a su(s) d e s t i n a t a r i o ( s ) , lo que conlleva a veces amplificar los p r o c e d i m i e n t o s c ó m i c o s h a s t a la e x a g e r a c i ó n . L o s c o n t e x t o s e u f ó r i c o s de una v i c t o r i a s o b r e los elementos, de la llegada de la reina o de festividades varias p a r e c e n b a s t a r p a r a justificar la mezcla de burlas y veras, y la r u p t u r a del d e c o r o estilístico que implica lo jocoserio puede, m e d i a n t e el efecto de s o r p r e s a , p a r t i c i p a r del p l a c e r e x p e r i m e n t a d o p o r los destinatarios de las composiciones.

Si es así, c o n v e n d r í a a ñ a d i r a las o b r a s poéticas epidícticas j o c o s e r i a s p r e s e n t a d a s c o m o tales el r o m a n c e «Señor, de vuestro accidente» ( O P , I, pp. 7 4 - 7 8 ) , que celebra de m a n e r a elogiosa la c u r a c i ó n de C a r l o s II; el r o m a n c e « G r a n señor, excelso duque» ( O P , I, pp. 1 3 4 - 1 3 8 ) , que da la e n h o r a b u e n a al duque de V e r a g u a p o r el n a c i m i e n t o de su hija Josefa M i c a e l a , hacia 1 6 8 7 , y describe el bautizo; el r o m a n c e «Si a u n el d a r a las deidades» ( O P , I, pp. 1 7 1 - 1 7 3 ) , que c o n m e m o r a de m a n e r a burlesca el c u m p l e a ñ o s de la reina m a d r e M a r i a n a de A u s t r i a ; y, finalmente, el r o m a n c e « O r d é n a m e U s e ñ o r í a » ( O P , I, pp. 3 2 4 - 3 4 0 ) , que describe las festividades organizadas en Sevilla c o n m o t i v o de las nupcias del c o n d e de Niebla.

L A J U S T I F I C A C I Ó N D E L E S T I L O J O C O S E R I O

Pérez de M o n t o r o se vale, pues, de un c o n t e x t o eufórico p a r a conferir a algunas de sus o b r a s laudatorias una tonalidad jocoseria. Consciente de la consiguiente r u p t u r a del d e c o r o que supone tal m a n e r a de p r o c e d e r , el p o e t a t r a t a , en la m a y o r í a de los c a s o s , de justificar el recurso a la escritura jocoseria: así, en el r o m a n c e «Invicto segundo C a r l o s » , donde, a m o d o de captatio benevolentiae, el yo lírico explica que la alegría o c a s i o n a d a p o r la llegada de la reina n o p o d r á traducirse p o r medio de una escritura seria sino que será r e l a t a d a p o r la l o c u r a que guiará la pluma del a u t o r . El s o c o r r i d o t ó p i c o p l a t ó n i c o de la alienación de los p o e t a s , del furor divino que inspira m o m e n t á n e a m e n t e a los p o e t a s1 4 sirve entonces de escudo c o n t r a las eventuales críticas:

¿Quién se ha de quedar muy grave, meditando en si ha de ser

su fatídico embrión norabuena o parabién?

¿Quién ha de sufrir la pluma suspensa con el ten con ten de los riesgos de volar, por no humillarse a correr?

No, señor, no es del contento la seriedad; y ¡pardiez!,

1 4 Platon, Œuvres completes. Tome TV. 3e partie: Phèdre, 2 4 5 a.

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que bien me pueden matar, pero yo he de enloquecer.

(OP, I, p. 6 8 , vv. 2 9 - 4 0 )

E n c u a n t o al r o m a n c e « B u e n o es, señor, que o t r a l i r a » , casi enteramente burlesco, el p o e t a , c o m o v i m o s , se justifica p r e s e n t á n d o l o c o m o c o n t r a p u n t o al p o e m a g r a v e de D i e g o de C o n t r e r a s que le p r e c e d e en el i m p r e s o ( « o t r a l i r a » ) y c o m o en p e r f e c t a a d e c u a c i ó n c o n la disformidad del evento:

Bueno es, señor, que otra lira, en consonancias acordes, os divierta, y mi bandurria ni se temple, ni se toque.

Pues no señor, que bien cabe en suceso tan disforme

que lo jovial le gorjee, ya que lo serio le entone.

(OP, I, p. 2 0 8 , vv. 1-4, 9-12)

A d e m á s , este r o m a n c e , c o m o y a i n d i c a m o s , se veía p r e c e d i d o p o r un s o n e t o panegírico iniciado p o r Pérez de M o n t o r o en un estilo grave:

La no esperada, la feliz victoria contra los elementos conseguida, oh gran señor, en que de tanta vida el triunfo de salvarse fue la gloria,

por conseguir la eternidad de historia, andar pretende a vuestros pies asida, discurriendo que a vos no se os olvida más de lo que se os va de la memoria.

L a doble adjetivación inicial, la c a r a c t e r i z a c i ó n hiperbólica ( « g r a n » , « t a n t a » ) , el recurso a sustantivos enfáticos ( « v i c t o r i a » , «triunfo», « g l o r i a » , « e t e r n i d a d » ) , la afectada y t ó p i c a e x p r e s i ó n de sumisión ( « a vuestros pies a s i d a » ) confieren a los c u a r t e t o s un p r o p ó s i t o epidíctico. Pero ya en los tercetos se da un a n u n c i o de lo que va a ser el t o n o

— j o c o s e r i o — del r o m a n c e ofrecido:

Tal cual es el estilo, ha sido justo darle la salsa con que solicito guisaros la tormenta a vuestro gusto;

que así (aunque grave) os la sirvió el conflicto, porque hubo mucho asombro, horror y susto, y del valor el riesgo es apetito.

(OP, I, pp. 2 0 7 - 2 0 8 )

E n este c a s o , pues, los dos estilos opuestos de escritura n o se encuentran en el seno de un m i s m o p o e m a (aunque el r o m a n c e de Pérez de M o n t o r o presente ciertos elementos

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procedentes del estilo grave) sino en la c o m b i n a c i ó n de varios t e x t o s , tal c o m o a p a r e c e n ordenados en el impreso.

E n el r o m a n c e «Si el brindis a dos saludes», el a u t o r pide a la reina M a r i a n a de Austria, destinataria del p o e m a , la a u t o r i z a c i ó n p a r a escribir en un estilo a la vez l o c o («mis locos / desatinos») — h a c i e n d o de nuevo alusión al t ó p i c o del furor divino— y respetuoso («mis locos / desatinos reverentes»), p a r a celebrar la felicidad p r o v o c a d a p o r la c u r a c i ó n de su hijo Carlos II y de su esposa:

Permítame que olvidadas ya las fatigas, celebren las glorias estos mis locos desatinos reverentes.

(OP, I, p. 7 8 , vv. 21-24)

D e la m i s m a m a n e r a , en el r o m a n c e « G r a n señor, e x c e l s o d u q u e » , e s c r i t o en celebración del nacimiento de Micaela Josefa de Portugal, hija del duque de V e r a g u a , es la alegría del acontecimiento lo que justifica la risa que quiere p r o v o c a r el poeta:

Ahora bien, señor, el gusto desmesure la alegría,

y ya que he de errarlo, debaos, si no la atención, la risa.

Vaya, pues de enhorabuena, y tal cual sea, admitidla, pues sólo será bien dada, si fuere bien recibida.

(OP, I, pp. 1 3 4 - 1 3 5 , vv. 2 9 - 3 6 )

E n el t e x t o siguiente — d i c e el p o e t a — , nadie puede m a n t e n e r la seriedad en un día t a n g o z o s o , realzado ampliamente c o n la triple sustantivación casi sinonímica «júbilo, alborozo / y alegría»:

Pues, si júbilo, alborozo y alegría es hoy lo que, porque vino tan despacio, llegó ya tan a placer,

¿Quién se ha de quedar muy grave, meditando en si ha de ser

su fatídico embrión norabuena o parabién?

(OP, I, p. 6 7 - 6 8 , vv. 2 5 - 3 2 )

E L T R A T A M I E N T O D E L A A M B I V A L E N C I A

P a r a el t r a t a m i e n t o de los dos aspectos, grave y burlesco, de la escritura jocoseria, Pérez de M o n t o r o no se sometió a una e s t r u c t u r a única. L a i m p o r t a n c i a relativa de a m b o s tipos de discurso varía en función de las composiciones, que pueden ir desde una omnipresencia de lo burlesco hasta una c l a r a diferenciación distributiva de los estilos

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grave y burlesco. Así, el r o m a n c e «Bueno es, señor, que o t r a lira» presenta una escritura e n t e r a m e n t e burlesca m a r c a d a puntualmente p o r referentes graves. M i e n t r a s que en el o t r o e x t r e m o p o d e m o s situar el r o m a n c e « A las fiestas v a s , r o m a n c e » , c o n s t i t u i d o , a d e m á s de un e x o r d i o (vv. 1 - 3 2 ) y de una conclusión (vv. 6 2 9 - 6 3 6 ) , p o r una p a r t e grave (vv. 3 3 - 3 0 8 ) y p o r una p a r t e burlesca (vv. 3 0 9 - 6 2 8 ) . E n esta c o m p o s i c i ó n , el a u t o r invoca a las dos musas de sendos estilos: a Clío, p a r a el estilo g r a v e y h e r o i c o , y a T a l í a , p a r a el estilo burlesco. T a m b i é n invoca a la m u s a M e l p ó m e n e p a r a pedirle, y a que se t r a t a de c o n m e m o r a r la m u e r t e del rey C a r l o s II de I n g l a t e r r a , que n o h a g a sino una breve aparición p a r a que el sentimiento fúnebre no enturbie el placer de las festividades celebradas en h o n o r del nuevo m o n a r c a inglés J a c o b o II E s t u a r d o :

Préstenme sus abanicos Clío y Talía, uno serio y otro jovial, que hagan aire muy cortesano y muy fresco.

Y si Melpómene infausta tiene que llorar, sea luego, porque no atropelle el gusto la razón del sentimiento.

(OP, I, p. 3 0 8 , vv. 25-32)

E n los demás p o e m a s —los m á s frecuentes— los estilos sublime y llano a p a r e c e n , c o m o e r a de e s p e r a r , de m a n e r a i m b r i c a d a . L a mejor ilustración de esta diseminación efectiva es, sin d u d a , el r o m a n c e « G r a n señor, excelso d u q u e » , escrito en t o r n o al a ñ o 1 6 8 7 c o n m o t i v o del n a c i m i e n t o de M i c a e l a J o s e f a de P o r t u g a l , hija del duque de V e r a g u a , y de la recepción organizada para el evento.

El estilo simple y b u r l e s c o se puede o b s e r v a r en el e m p l e o de un l é x i c o y giros p r o s a i c o s y a veces v u l g a r e s ( « a y u n a s » , v. 4 3 ; « h i g a s » , v. 7 2 ; « o j e r i z a » , v. 8 0 ;

« n o r a b u e n a s » , v. 8 9 ; « p a r i d a » , v. 1 1 2 ; « m a n t i l l a s » , v. 1 1 6 ; « s a l t e a d o r de c a m i n o s » , v. 1 2 9 ) , en el r e c u r s o t a n t o a la expresión p o p u l a r « g a s t a r higas» y al refrán « M a l a n o c h e y parir hija» (v. 6 1 - 6 4 ) , c o m o a la agudeza verbal (con la dilogía del sustantivo

« v a r a » ) :

Y más en el gran Mendoza, en quien, para hacer lucidas las funciones de su vara, es su garbo su medida;

(OP, I, p. 137, vv. 1 3 7 - 1 4 0 )

P a r t i c i p a n asimismo del estilo j o c o s o la t ó p i c a sátira c o n t r a los m é d i c o s ( « P u e s la a d m i r a c i ó n g o z o s a / g a s t ó en la recién nacida / y en su m a d r e , bendiciones, / c o m o en los m é d i c o s h i g a s » , vv. 6 9 - 7 2 ) a s í c o m o la sufijación d i m i n u t i v a en la p a l a b r a

« n o r a b u e n i t a » , indicadora de una c o n n o t a c i ó n afectiva:

Y ésta que os doy, si yo viere (o tentare) tan gran día,

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sea norabuena, que ahora no es más que norabuenita.

(OP, I, p. 1 3 8 , v. 1 8 1 - 1 8 4 )

E n c u a n t o a la e s c r i t u r a d e c o r o s a p r o p i a del p a n e g í r i c o , a p a r e c e en los c a m p o s léxicos de la alegría ( « e n h o r a b u e n a » , v. 3 ; « g o z o » , v. 6; « a p l a u s o » , v. 1 2 3 ; « a p l a u s o s » , v. 1 6 2 ) y de la divinización ( « s a c r o » , v. 1 0 1 ; « a d o r a » , v. 1 0 2 ; « d e i d a d » , v. 1 0 3 ;

« d i v i n i z a r » , v. 1 8 0 ) , así c o m o en el c a m p o s e m á n t i c o de la nobleza y la m a j e s t a d ( « g r a n » , v. 1; « e x c e l s o » , v. 1; « e x c e l s a » , v. 5 3 ; « a l t a s » , v. 7 9 ; « i m p e r i a l » , v. 9 3 ;

« c o r t e j a » , v. 9 5 ; « s o b e r a n a » , v. 1 0 3 ; « h e r o i c a » , v. 1 3 1 , 1 6 0 ; « d i g n i d a d » , v. 1 3 3 ;

« g r a n » , v. 1 3 7 , 1 8 2 ; «lucidas», v. 1 3 8 ; « g a r b o » , v. 1 4 0 ; «ínclito», v. 1 4 1 ; « a n c i a n a » , v. 1 4 2 ; « n o b l e z a » , v. 1 4 3 ; «siempre ilustre», v. 1 4 5 ; «destreza», v. 1 5 3 ; « v a l o r » , v. 1 5 4 ;

« g a l l a r d í a » , v. 1 5 4 ; « t r i u n f o s » , v. 1 6 2 ; « g r a n d e z a » , v. 1 6 9 ) . L o s adjetivos « t a n t o » (v. 2 1 ) , « t a n t o s » (v. 2 7 ) y el adverbio « t a n » (v. 1 8 2 ) , así c o m o el sustantivo « c o n c u r s o » (v. 1 1 9 , u n o de los c u l t i s m o s l é x i c o s c a r a c t e r í s t i c o s de la e s c r i t u r a de G ó n g o r a ) , pertenecen también a la escritura grave de la c o m p o s i c i ó n , c o m o lo es la doble y triple adjetivación ( « N o del s a c r o undoso Betis», v. 1 0 1 ; «la heroica / diestra H e r m a n d a d » , vv. 1 3 1 - 1 3 2 ; «ha sido en mí esta e n c o g i d a , / m e d r o s a , d e s a l e n t a d a / p e r e z a de la o s a d í a » , vv. 1 7 - 2 0 ) . Las metáforas ( « a u r o r a » , v. 5 0 ; « a l b a » , v. 5 1 ; «soles», v. 1 0 7 ) y los referentes mitológicos (Cintia, D i a n a , L u c i n a ) e n t r a n asimismo en la e l a b o r a c i ó n del t ó p i c o de la divinización. E n o t r a c o p l a , p o d e m o s c o m p r o b a r que el estilo elevado descansa en la doble adjetivación, el hipérbato, la personificación, el lugar c o m ú n de la divinización así c o m o la presencia de mitologemas:

No del sacro undoso Betis adora la verde orilla

ninfa o deidad soberana que no se humanase amiga.

(OP, I, p. 1 3 6 , vv. 9 7 - 1 0 4 )

A h o r a bien, a pesar de la presencia n a d a secundaria de elementos de estilo elevado, hay que r e c o n o c e r que, en la poesía jocoseria, lo que domina es el uso de los resortes c ó m i c o s de lo b u r l e s c o y, en p a r t i c u l a r , la d e g r a d a c i ó n del estilo e l e v a d o . Sólo señalaremos dos ejemplos significativos.

E n una copla sacada del r o m a n c e «Invicto segundo C a r l o s » , la degradación del lugar c o m ú n de la divinización se p r o d u c e mediante la introducción, al final del último verso, del sustantivo p r o s a i c o «pie» puesto en c o r r e l a c i ó n c o n el sustantivo también p r o s a i c o

« m a n o » . Pese a la c a r a c t e r i z a c i ó n respectiva de los epítetos « s o b e r a n o » y « r e a l » , la simetría de a m b a s palabras p r o v o c a una r u p t u r a del estilo n o r m a l m e n t e requerido p a r a un elogio real:

Esto es, señor, que ya en tierra el cielo del Norte, que es

gloria de vuestra real mano, puso el soberano pie.

(OP, I, p. 6 8 , v. 5 7 - 6 0 )

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En la siguiente estrofa:

La inquietud del mar sus crespos enmarañados mechones

sacude (no en plata riza sino en mal peinado azogue).

(OP, I, p. 2 0 9 , vv. 3 7 - 4 0 ) ,

la d e g r a d a c i ó n estilística interna es m u l t i f o r m e . N o t a m o s , p r i m e r o , la a s i m i l a c i ó n m e t a f ó r i c a de las o l a s c o n p r o s a i c o s « m e c h o n e s » de c a b e l l o , el uso del sufijo a u m e n t a t i v o p e y o r a t i v o -ón, la doble adjetivación — e n el segundo c a s o p e y o r a t i v a — del sustantivo («crespos» y « e n m a r a ñ a d o s » ) . O b s e r v a m o s luego que el sustantivo culto

« p l a t a » , m e t a f ó r i c a m e n t e el m a r , queda calificado p o r el epíteto p r o s a i c o « r i z a » , m i e n t r a s la p a l a b r a « a z o g u e » , que significa m e t a f ó r i c a m e n t e la a g i t a c i ó n , está c a r a c t e r i z a d a p o r el g r u p o adjetival « m a l p e i n a d o » , en el m a r c o de una c o r r e l a c i ó n establecida p o r la fórmula adversativo-aditiva No A, sino B.

LA P O E S Í A E P I D Í C T I C A J O C O S E R I A : U N E J E M P L O D E « E L O G I O D E L P R Í N C I P E »

El r o m a n c e «Invicto segundo C a r l o s » ( O F , I, pp. 6 7 - 7 2 ) , escrito p a r a celebrar la feliz llegada a E s p a ñ a , en 1 6 9 0 , de la segunda esposa de C a r l o s II, M a r i a n a de N e o b u r g o se c a r a c t e r i z a , c o m o en el r o m a n c e « A las fiestas v a s , r o m a n c e » , p o r su o r g a n i z a c i ó n estilísticamente binaria. Se c o m p o n e , a d e m á s del e x o r d i o m a r c a d o p o r la captatio benevolentiae (vv. 1 - 4 0 ) y de la p e r o r a c i ó n (vv. 2 0 1 - 2 0 4 ) , de un p r i m e r discurso descriptivo y burlesco (vv. 4 1 - 1 0 0 ) , al que sigue un m o v i m i e n t o bisagra donde el yo lírico suspende el e n u n c i a d o en una reflexión m e t a p o é t i c a s o b r e el estilo que debe emplear (vv. 1 0 1 - 1 2 0 ) y, finalmente, un movimiento panegírico grave de la pareja real ( w . 1 2 1 - 2 0 0 ) .

Primer movimiento: laudatio burlesca

El r o m a n c e se presenta inicialmente c o m o un t e x t o epistolar donde, después de una apostrofe al recién c a s a d o m o n a r c a español, a p a r e c e n c u a t r o topoi relativos al «elogio del p r í n c i p e » : los de la invencibilidad del s o b e r a n o ( « i n v i c t o » ) , de su a m o r hacia el pueblo ( « a m a n t e » ) , del a m o r del pueblo h a c i a su s o b e r a n o1 5 ( « a m a d o » ) y de la sumisión del poeta panegirista:

1 5 Plinius Caecilius Secundus, Panegyricus Traiano, 21, 3: «itaque solí omnium contigit tibí, ut pater patriae esses, antequam fieres. Eras enim in animis, in iudiciis nostris, nec publicae pietatis intererat, quid vocarere, nisi quod ingrata sibi videbatur, si te imperatorem potius vocaret et Caesarem, cum patrem experiretur» («Así eres el único en haber sido el padre de la patria antes de convertirte en él. Lo eras en nuestros corazones, en nuestras almas, y la denominación en sí importaba poco a la piedad pública, pero se acusaba de ingrata al llamarte emperador y César cuando encontraba en ti un padre»); 22, 1: «Ac primum qui dies ille, quo exspectatus desideratusque urbem tuam ingressus es!» («Y primero ¡qué día más hermoso aquel cuando, esperado, deseado, hiciste andando tu entrada en tu ciudad!»). Las traducciones son nuestras, como las siguientes de Plinio el Joven.

(12)

Invicto segundo Carlos, amante y amado rey,

que Dios guarde, como el mundo desea y ha menester;

(OP, I, p. 67, w . 1-4)

El procedimiento que permitirá al autor alcanzar su propósito jocoserio consiste en pasar el discurso epidíctico serio por el prisma paradójicamente convergente de lo burlesco. La parodia cómica nacerá de la yuxtaposición de los lugares comunes y procedimientos retóricos anquilosados y ampulosos del lenguaje epidíctico grave, por una parte, y, por otra, del prosaísmo procedente de la vida cotidiana. Tal es el caso de la parodia burlesca del lugar común de la modestia afectada, de la retórica humilitas, propia del exordio y perteneciente al tópico de la captatio benevolentiae16. Leamos los versos que siguen a la primera copla:

llegue a vuestras reales plantas, de la pólvora y papel

que gasta mi genio, este mi romance buscapiés.

(OP, I, p. 67, w . 5-8)

En ellos, a la expresiva imagen burlesca fundada en la dilogía del sustantivo compuesto «buscapiés» y la consiguiente asimilación entre el acto de humildad y sumisión y el petardo que sigue obstinadamente los pasos de los huyentes —al que está metafóricamente comparada la composición— se añade la correlación cómica que une la dignidad de las «reales plantas» de Carlos II a los pies vulgares que forma el citado sustantivo.

De igual modo, la dulce cítara, instrumento lírico por excelencia, no corresponde con la inspiración a ras del suelo del poeta:

No a la cítara le canto, sino a un intrumento fiel, que en saberle destemplar está el primor del tañer.

Para formar la alegría sus consonancias, tal vez suele buscar un clarín y da con un cascabel.

(OP, I, p. 67, vv. 9-16)

Lo jocoserio, en el marco de la poesía epidíctica de José Pérez de Montoro, consiste, pues, en rebajar sistemáticamente todos los lugares comunes con parodias burlescas muchas veces in praesentia. Cada elemento grave encuentra inmediatamente su contrapunto degradante: al verbo «tañer» y al sustantivo «clarín» les corresponden

Cicerón, De l'invention, I, 1 6 , 2 2 : «prece et obsecratione humili ac supplici utemur»

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respectivamente el v e r b o «destemplar» y el sustantivo « c a s c a b e l » , p u e s t o c a d a b i n o m i o en c o r r e l a c i ó n en un paralelismo sintáctico final.

Según M e n a n d r o el R é t o r1 7, la d e m o s t r a c i ó n de alegría es f u n d a m e n t a l en t o d o d i s c u r s o de l l e g a d a . Pues bien, d i c h a d e m o s t r a c i ó n , en n u e s t r o p o e m a , c o m b i n a p r o s a í s m o , oralidad ( « ¡ A l e l u y a ! » , a la vez m a r c a d o r de oralidad e irrupción del discurso directo) y antítesis estilística:

Cuando estaba la tristeza desesperada en hacer de cada día un puñal y de cada hora un cordel,

«¡Aleluya!», dijo el cura;

y Dios, viendo nuestra fe, su copiosa redención nos hizo la gran merced.

(OP, I, p. 6 8 , vv. 4 5 - 5 2 )

Y los p r o c e d i m i e n t o s c ó m i c o s se p r o l o n g a n en la d e s c r i p c i ó n de la llegada de la soberana:

Dionos, en fin, la noticia de aquel gran consuelo, aquel que ha tenido el respirar pendiente del suceder.

Esto es, señor, que ya en tierra el cielo del Norte, que es

gloria de vuestra real mano, puso el soberano pie.

( O ? , I, p. 6 8 , vv. 53-60)

El estilo elevado, en estos versos, de a c u e r d o c o n el p r o p ó s i t o l a u d a t o r i o de la o b r a , se e n c a m i n a p r o g r e s i v a m e n t e h a c i a la r u p t u r a del d e c o r o . Al énfasis n a c i d o de la presencia del d e m o s t r a t i v o — r e p e t i d o y s u b r a y a d o p o r el e n c a b a l g a m i e n t o del v e r s o 5 4 — , de la c a r a c t e r i z a c i ó n adjetival enfática ( « g r a n » , « r e a l » , « s o b e r a n o » ) , de la alusión m e t a f ó r i c a hiperbólica a la reina M a r i a n a de N e o b u r g o («el cielo del N o r t e » )1 8 y del sustantivo «gloria» se o p o n e de repente la c o m i c i d a d de los versos 5 9 - 6 0 p r o v o c a d a p o r la y u x t a p o s i c i ó n voluntaria, que ya c o m e n t a m o s , de la real m a n o del m o n a r c a y del pie que la reina a c a b a de p o s a r en el suelo español.

Esta p r i m e r a descripción presenta algunas c a r a c t e r í s t i c a s formales que le confieren cierta a u t o n o m í a en el c o n j u n t o de la c o m p o s i c i ó n . Empieza c o n una suerte de e x o r d i o donde el a u t o r manifiesta t a n t o alegría c o m o humildad, s u b r a y a n d o su incapacidad p a r a c a n t a r la e n t r a d a real p o r su « r o n c a estolidez». P o r o t r a p a r t e , la alegría del p o e t a ante

1 7Menandro el Rétor, Dos tratados de retórica epidíctica, II, 3 7 8 , 3-4; 3 8 2 , 1-3; 3 8 5 , 8.

1 8 Comparaciones y metáforas son inherentes al discurso laudatorio. Plinio el Joven, al meditar sobre el elogio, ya había afirmado en su Panegírico de Trajano, que «no [había] buen elogio sin comparaciones»

(Plinius Caecilius Secundus, Panegyricus Traiano, 5 3 , 1-2: «alioqui nihil non parum grate sine comparatione lauda tur»).

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el tan esperado acontecimiento se manifiesta de m a n e r a c ó m i c a c o n la introducción de la interjección familiar « ¡ V á l g a m e Dios!» y del sustantivo «estolidez», sustantivo escogido p o r sus sonoridades tan discordantes c o m o las del epíteto « r o n c a » que le caracteriza:

¡Válgame Dios, y qué asunto!

¡Si mi ronca estolidez cantar supiera, o rezar lo que se puede ofrecer!

(OP, I, p. 6 8 , vv. 61-64)

El t ó p i c o de la humilitas está m a l t r a t a d o , c o m o lo será también, a partir de los versos siguientes, el de la divinización, ese p r o c e d i m i e n t o c o m ú n —insistentemente m a n e j a d o p o r el p o e t a en su e v o c a c i ó n de viaje m a r í t i m o de la r e i n a — que consiste en atribuir a la p e r s o n a h o m e n a j e a d a un c a r á c t e r divino, p a g a n o o religioso, sea p o r c o m p a r a c i ó n metafórica, sea por su pertenencia a un e n t o r n o divino.

L a vena burlesca del a u t o r se e x p l a y a en la p r e s e n t a c i ó n del n a v i o de la reina M a r i a n a de N e o b u r g o . Su estilo podría p a r e c e r elevado si sólo nos fijásemos en la doble a d j e t i v a c i ó n del p r i m e r v e r s o ( « n á u t i c a r e a l » ) y en el lenguaje m e t a f ó r i c o c u l t o empleado p o r el a u t o r — l a m e t á f o r a lexicalizada «cerúlea tez» en lugar de m a r — , p e r o la i n t r o d u c c i ó n del v e r b o p r o s a i c o y disonante « d e s a r r u g a r » p a r a p i n t a r la evolución rápida del b a r c o ridiculiza los términos y procedimientos encomiásticos difundidos en la copla:

¡La náutica real carroza, con qué aire no se ha de ver desarrugando veloz del mar la cerúlea tez!

(OP, I, p. 6 9 , w . 73-76)

Asistimos a s i m i s m o , en un c a s o ejemplar de d e g r a d a c i ó n estilística interna, a una degradación del topos de la divinización, tan presente en los panegíricos a n t i g u o s1 9. L o s cisnes que tiran de la c o n c h a gigante que sirve de e m b a r c a c i ó n a Venus — l l a m a d a

«plaustro de n á c a r » para referirse metafóricamente a la e m b a r c a c i ó n de la hija de O u r a n o s e, in absentia, al navio de la reina, asimilada a la diosa Venus p o r alusión perifrástica ( « l a madre de A m o r » ) — son asimilados a meras bestias de c a r g a tirando de un carruaje:

¡Qué no entonarán los cisnes desuncidos del primer

plaustro de nácar, de que hizo la madre de Amor bajel!

(OP, I, p. 6 8 , w . 65-68)

1 5 Como por ejemplo en el Panegírico de Trajano: «¿Qué obsequio del cielo es más valioso o más hermoso que un emperador virtuoso, santo y muy parecido a los dioses?» (Plinius Caecilius Secundus, Panegyricus Traiano, 1, 3: «quod enim praestabilius est aut pulchrius munus deorum quam castus et sanctus et dis simillimus princeps?»).

(15)

P a r e c i d a m e n t e , Pérez de M o n t o r o t r a t a de m a n e r a burlesca el discurso epidíctico en su descripción enfática del buque de la reina, una nave c a r g a d a de hipérboles y descrita c o n los dos p r o c e d i m i e n t o s hiperbólicos que son el r e c u r s o al a d v e r b i o superlativo

« m á s » y la inserción del c o m p l e m e n t o c i r c u n s t a n c i a l de lugar c o n v a l o r a s i m i s m o superlativo:

Y , en fin, la nao conductora,

¡cuál vendrá a más no poder de hipérboles que la carguen, desde el timón al bauprés!

(OP, I, p. 6 9 , vv. 9 7 - 1 0 0 )

L a c a r a c t e r i z a c i ó n de Tetis y de N e p t u n o , en la copla siguiente, hunde de nuevo al lector en la comicidad burlesca, gracias a la calificación adjetival y a las aliteraciones:

¡Tetis, deidad zambullida, cuál no andará sobre hacer que enjugue el sol de Neptuno la remojada vejez!

(OP, I, p. 6 9 , vv. 81-84)

L a m á s f a m o s a de las n e r e i d a s y el dios del O c é a n o v a n r e s p e c t i v a m e n t e caracterizados c o n el participio p a s a d o «zambullida», que se o p o n e , p o r sus mediocres sonoridades, al sustantivo c o n el que c o n c u e r d a , « d e i d a d » ; y c o n el participio p a s a d o

« r e m o j a d a » , que, j u n t o c o n el sustantivo «vejez», realza la figura ridicula del dios p a g a n o . Las aliteraciones en /]'/ y en / 0 / subvierten p o r sus sonoridades los mitologemas y se o p o n e n p o r ello a la e l a b o r a c i ó n de un estilo grave que se c o n f o r m a r í a m á s c o n el género epidíctico.

M á s adelante, Pérez de M o n t o r o juega c o n los verbos « t r a n s p l a n t a r » y «crecer» p a r a degradar a los m o n s t r u o s Caribdis y Escila:

¡Qué no asustarán Caribdis y Scila, pues hubo quien las transplantó en aquel mar, juzgando que han de crecer!

(OP, I, p. 6 9 , vv. 8 9 - 9 2 ) ,

m o n s t r u o s que, p a r a las necesidades del discurso e n c o m i á s t i c o , van a r r a n c a d o s de su lugar de origen —el estrecho de M e s i n a , donde vivían de un lado y o t r o — , p a r a ser r e p l a n t a d o s , c o m o si de vulgares plantas se t r a t a r a , en la r u t a del c o r t e j o real p a r a subrayar hiperbólicamente los peligros de la travesía marítima

Segundo movimiento: reflexión metapoética sobre la poesía epidíctica Así se termina el m o v i m i e n t o descriptivo l a u d a t o r i o , r i t m a d o p o r la a c u m u l a c i ó n de referentes m i t o l ó g i c o s , p o r la sucesión de e n u n c i a d o s e x c l a m a t i v o s y p o r la a n á f o r a compleja f o r m a d a p o r el p r o n o m b r e interrogativo «qué» seguido de la negación « n o »

(16)

(vv. 6 5 , 6 9 , 8 9 y 9 3 ) . Se interrumpe bruscamente en un verso estrictamente binario p a r a dejar lugar a una verdadera reflexión metaliteraria p o r p a r t e del y o lírico. P o r m u c h o que el yo lírico haya procedido a la subversión del discurso epidíctico serio, su t e x t o no dejó de pertenecer, a su entender, al estilo elevado y a m p u l o s o . F r e n t e a la o p a c i d a d de este género de discurso, el enunciador poético se subleva c o n un « n o » c a t e g ó r i c o , que m a r c a la cesura de verso 1 0 1 , y p r o p u g n a el uso de un lenguaje c l a r o en un enunciado i m p e r a t i v o breve. L a oposición entre un lenguaje que el y o lírico c o n s i d e r a lleno de mentiras y que afirma ser incapaz de a d o p t a r , y el de la c l a r i d a d reivindicada queda subrayada en la antítesis «no s é » / « s é » , a c e n t u a d a p o r el encabalgamiento del verso 1 0 2 :

Pues eso no; vamos claros:

yo no sé mentir, y sé que el mar toda es pura sal, con que no he de hacerle miel.

(OP, I, p. 6 9 , w . 1 0 1 - 1 0 4 )

E n la c o p l a siguiente, la dilogía del v e r b o « m o l e r » s u b r a y a la necesidad de cierta m e s u r a en la h i n c h a z ó n del discurso epidíctico. Puesto que el n ú m e r o de c o l o r e s es p r o p o r c i o n a l al t a m a ñ o del c u a d r o , c u a n t o m a y o r sea éste, c u a n t o m á s se e x p o n e el pintor al riesgo de deber moler más ingredientes p a r a obtener sus colores, y al riesgo de

«moler» («molestar gravemente y c o n impertinencia», Autoridades) al destinatario de su elogio:

No me acomodo a endulzarle con mis tintas, que el pincel, que gasta mucho color, se expone a mucho moler.

(OP, I, p. 6 9 , w . 105-108)

D e ahí que el p o e t a se p r o p o n g a h a c e r un elogio escrito según las leyes del género j o c o s e r i o , c u y a c o m i c i d a d d e s c a n s a r á en un desfase, en un c o n t r a s t e entre la intención laudatoria del y o lírico y la vulgaridad y el prosaísmo de su expresión. A n u n c i a así que a l a b a r á a la nueva esposa de C a r l o s II — a la que alude mediante u n a perífrasis («al p r i m o r / c o n que se dejó v e n c e r » ) — c o n los pies secos y «a cien leguas» de donde se e n c u e n t r a . P a r e c i d a m e n t e , p i n t a r á la d e v o c i ó n a m o r o s a del rey valiéndose de una a g u d e z a c r e a d a a partir de la deslexicalización de la e x p r e s i ó n figurada y familiar

« p o n e r pies en p a r e d »2 0 y de su c o r r e l a c i ó n p o r y u x t a p o s i c i ó n c o n el s u s t a n t i v o

«brazos» y «pies»:

A pie enjuto y a cien leguas de su orilla, ya le haré

algún encomio al primor con que se dejó vencer;

2 0 «Frase que vale determinarse a ejecutar alguna cosa, firmemente y con resolución, sin embarazarse en las dificultades y riesgos que pueden resultar de su ejecución» (Aut.)

(17)

aunque de todo es indigno quien se detuvo en ceder sus brazos a una deidad, poniendo pies en pared.

(OP, I, p. 6 9 - 7 0 , vv. 1 0 9 - 1 1 6 )

Tercer movimiento: laudatio grave

C o n t r a t o d o p r o n ó s t i c o y al c o n t r a r i o de lo que p o d í a dejar s u p o n e r el estilo empleado hasta a h o r a p o r el a u t o r , el t e x t o panegírico burlesco deja lugar, a p a r t i r del verso 1 2 1 , a un t e x t o panegírico de lo m á s serio. Este panegírico grave empieza c o n la presentación de la nueva reina de E s p a ñ a p o r m e d i o de alusiones metafóricas c ó s m i c a s . L a llegada y la belleza de M a r i a n a de N e o b u r g o hacen que el a u t o r la c o m p a r e c o n el A l b a y la A u r o r a , t r i l l a d a s p e r s o n i f i c a c i o n e s h e r e d a d a s del l e n g u a j e a m o r o s o p e t r a r q u i s t a2 1. Así el levantar o la llegada de la d a m a se p a r e c e al del día; la palidez de su piel, a la blancura inmaculada del alba ( « c a n d o r » ) ; y los colores de su r o s t r o , a los de la a u r o r a ( « r o s i c l e r » )2 2. E n c u a n t o al sol, representa, c o n sus r a y o s , los ojos de la d a m a . A través de su suave s o n r i s a , los r a y o s del sol m a t u t i n o c o n s i g u e n a t e n u a r la sed ardiente de a m o r :

¿Quién viene allá? Viene el Alba;

claro está, pues ya se ve.

¡Oh, quién supiera gastar el candor y rosicler!

¿No es la Aurora, en cuya sola dulce risa ha de poder

templar el sol de sus rayos la ardiente amorosa sed?

(OP, I, p. 7 0 , pp. 1 2 1 - 1 2 8 )

M á s adelante a p a r e c e el c o n v e n c i o n a l t ó p i c o de la divinización. El interés de la estrofa r a d i c a en la a p r o x i m a c i ó n ingeniosa entre la esfera divina del rey y de su esposa, p o r una p a r t e , y la esfera h u m a n a , p o r o t r a . L a divinización del rey es r e a l i z a d a

2 1 Mañero Sorolla, 1 9 9 0 , pp. 4 9 5 - 5 1 0 .

2 2 La comparación del príncipe con los elementos cósmicos, más que frecuentes en la literatura de elogio, tiene antecedentes, en lo que concierne al discurso de recepción o de entrada de príncipe, en los discursos de llegada de gobernadores, tales como los presentaba Menandro el Rétor cuando le pedía al orador que manifestara en su epílogo el entusiasmo del pueblo al llamar al gobernador «estrella más luminosa» o «luz del sol más luminosa» (Menandro el Rétor, Dos tratados de retórica epidíctico, II, 3 8 1 , 1 2 - 1 3 y 1 7 ) . Podemos también señalar el empleo, en el panegírico que Plinio el Joven le dedica a Trajano, de la comparación con el sol con el fin de ilustrar la difusión de las luces intelectuales del emperador a sus subditos: «Pero los tienes todos [los hallazgos de sus reflexiones] difundidos a la vez, como el sol y el día lucen no por fragmentos, sino de golpe todo enteros, no para tal o tal, sino para todos los hombres en común» (Plinius Caecilius Secundus, Panegyricus Traiano, 3 5 , 5: «at tu simul omnia profudisti, ut sol et dies non parte aliqua, sed statim totus, nec uni aut alteri, sed ómnibus in commune profertur»). Y antes lo había comparado con las estrellas: «Tal es la naturaleza de las constelaciones que las pequeñas y las débiles son oscurecidas por el despertar de las más fuertes. Así la llegada del emperador eclipsa el prestigio de sus legados» (Plinius Caecilius Secundus, Panegyricus Traiano, 1 9 , 1 : «Est haec natura sideribus, ut parva et exilia validiorum exortus obscuret; similiter imperatoris adventu legatorum dignitas inumbratur»).

(18)

mediante un silogismo elíptico simple: el rey t o m a p o r esposa a una deidad, entonces el rey es un dios. Sin e m b a r g o , el rey participa también de la naturaleza h u m a n a al t o m a r p o r esposa a la «mujer» M a r i a n a de N e o b u r g o :

¿No es, señor, la real esposa, la augusta Mariana, a quien todos adoran deidad y vos aguardáis mujer?

(OP, I, p. 7 0 , w . 133-136)

M a r i a n a , que ya tenía la imprescindible belleza c o r p ó r e a que Curtius señalaba c o m o una de las c u a t r o cualidades naturales en t o d o discurso epidíctico2 3, es a h o r a divinidad a d o r a d a p o r t o d o s , o t r o lugar c o m ú n definido p o r C u r t i u s c o m o " t o d o s c a n t a n su alabanza" o "todo el orbe c a n t a su a l a b a n z a "2 4.

A c o n t i n u a c i ó n , el p r o c e s o de divinización de la joven a u s t r í a c a se t r a d u c e en u n a serie de tres m e t á f o r a s , de tres amplificaciones p o r c o m p a r a c i ó n . M a r i a n a de N e o b u r g o es c o m p a r a d a respectivamente c o n las diosas r o m a n a s Diana, Venus y J u n o :

Pues venga y viva el asombro de la hermosura y desdén que es Diana y Venus ahora, para ser Juno después.

(OP, I, p. 7 0 , vv. 1 3 7 - 1 4 0 )

El a u t o r quiere s u b r a y a r , en un primer t i e m p o , la belleza y la c a s t i d a d de la joven e s p o s a r e p r e s e n t a d a s r e s p e c t i v a m e n t e p o r V e n u s , diosa del a m o r , y D i a n a , que preservaba ferozmente su virginidad menospreciando a sus pretendientes. « H e r m o s u r a » y «desdén» son, pues, las virtudes de la joven esposa, c u y a c o r r e s p o n d e n c i a c o n su personificación mitológica se efectúa mediante un quiasmo en los versos 1 3 8 y 1 3 9 . E n c a m b i o , la c o m p a r a c i ó n de M a r i a n a de N e o b u r g o c o n la diosa J u n o , e n c a r n a c i ó n del m a t r i m o n i o y la m a t e r n i d a d , y diosa p r o t e c t o r a de las mujeres e m b a r a z a d a s y de los recién nacidos, remite a la espinosa y p r e o c u p a n t e cuestión de la sucesión del rey, a la que el a u t o r había aludido algunos años antes en una loa palatina dedicada a la p r i m e r a esposa del m o n a r c a español, M a r í a Luisa de O r l e á n s2 5.

A d e m á s de la amplificación p o r c o m p a r a c i ó n , el a u t o r r e c u r r e al lugar c o m ú n de

"sobrepujamiento"2 6 en su representación hiperbólica de la segunda esposa de C a r l o s II, que reúne en sí las virtudes de las tres Gracias r o m a n a s :

2 3 Curtius, 1 9 5 6 , pp. 2 6 0 - 2 6 2 .

2 4 Curtius, 1 9 2 6 , p. 2 3 3 .

2 5 Véase OP, I, pp. 4 0 6 - 4 0 7 , vv. 5 3 9 - 5 5 2 : « Y vos, soberana Juno, / — p e r o no explique profana / fecundidad tan augusta / madre y reina, pues más altas / divinas glorias promete / el gran nombre de Mariana— / vivid, y vuestras virtudes, / de vuestros nombres se valgan / para que el Cielo responda / a la gran voz que le llama, / pues no es dudable que el mismo / que os permitió que gozarais / para madre el de María, / os dio para abuela el de Ana».

2 6 Curtius, 1 9 5 6 , pp. 2 3 5 - 2 3 9 .

(19)

Venga y viva la que tanto abulta las gracias que montan en su perfección por más de tres mil las tres.

(OP, I, p. 7 0 - 7 1 , vv. 1 4 9 - 1 5 2 )

C a b e s u b r a y a r , sin e m b a r g o , que, pese al p r o p ó s i t o estrictamente l a u d a t o r i o de Pérez de M o n t o r o , su e s c r i t u r a n o deja de reflejar c i e r t o p r o s a í s m o que, p o r o t r a p a r t e , y c o m o ya señalamos en o t r a o c a s i ó n , es c a r a c t e r í s t i c a de la escritura de la é p o c a de los novatores1''. Así, en la c o p l a que a c a b a m o s de c i t a r , la s u p e r a c i ó n de los m o d e l o s mitológicos se expresa a través de una prosaica c o m p a r a c i ó n m a t e m á t i c a .

Estos distintos lugares c o m u n e s destinados a conferirle a la nueva reina una belleza, una p e r f e c c i ó n y un e s t a t u t o divinos d a n p a s o luego a o t r o s t ó p i c o s t r a d i c i o n a l e s relativos, éstos, a la descendencia, y a la i n m o r t a l i d a d del s o b e r a n o2 8. El p r i m e r o de ellos, el de la descendencia, a p a r e c e en dos coplas. E n la p r i m e r a , el y o lírico se hace e c o de la general p r e o c u p a c i ó n de los españoles p o r la falta de sucesores de su m o n a r c a y e x h o r t a a la reina a que le dé m u c h o s hijos, utilizando m e t á f o r a s s a c a d a s de m u n d o v e g e t a l y del j u e g o . El d i s c u r s o h i p e r b ó l i c o se a p o y a , p a r a la r e p r e s e n t a c i ó n convencional de la descendencia, en el t ó p i c o de la multiplicación de hojas o de frutos del laurel o del olivo, símbolos respectivos de la v i c t o r i a y de la sabiduría, y en una c o m p a r a c i ó n m e t a f ó r i c a original y p r o s a i c a entre los hipotéticos palacios de los futuros príncipes y las casillas del ajedrez:

Venga y viva, dando tantas hojas al sacro laurel,

que conste de más palacios que casas el aljedrez.

(OP, I, p. 7 1 , vv. 1 5 3 - 1 5 6 )

M i e n t r a s que la segunda c o p l a , en la que se refleja la p r e o c u p a c i ó n s u c e s o r i a , se inspira en referentes bíblicos, h e c h o bastante r a r o en la poesía epidíctica destinada a seculares. E n una enésima hipérbole, el p o e t a pide a la reina que dé n a c i m i e n t o a gemelos que lucharán p o r n a c e r antes el uno que el o t r o y convertirse así uno de los dos en sucesor del s o b e r a n o español. Pérez de M o n t o r o echa m a n o aquí del episodio bíblico de F a r é s y Z a r a , hijos de J u d á y T a m a r2 9, p a r a significar a la vez la descendencia real,

2 7 Bègue, 2 0 0 8 , en prensa.

2 8 El autor de la Retórica a Herennio (Rhétorique à Herennius, II, 4 8 ) y Cicerón, en su De inventione (Cicerón, De l'invention, I, 1 0 0 - 1 0 1 ) , lo propugnaban ya en sendos escritos. Los oradores tenían asimismo que referirse a los lugares comunes del nacimiento ilustre (Rhétorique à Herennius, III, 10 y 13; Cicerón, De l'invention, I, 34-36 y II, 177; Quintilien, Institution oratoire, III, 7, 10; Menandro el Rétor, Dos tratados de retórica epidíctica, II, 3 7 0 , 2 8 - 3 7 1 , 14.) y la vida ilustres del individuo homenajeado, el de la nobleza de la ascendencia (Rhétorique à Herennius, III, 10; Cicerón, De l'invention, II, 177; Quintilien, Institution oratoire, III, 7, 10), o también los de la sabiduría y la amabilidad (en lo que respecta al elogio del carácter, véase Quintilien, Institution oratoire, III, 7, 15).

2 9 Gn 3 8 , 2 7 - 3 0 : «Y aconteció que al tiempo de dar a luz, he aquí había dos en su vientre. Y sucedió, cuando dio a luz, que sacó la mano el uno, y la partera tomó y ató a su mano un hilo de grana, diciendo: Este salió primero. Y aconteció que tornando él a meter la mano, he aquí su hermano salió; y ella dijo: ¿Por qué

(20)

simbolizada por el hilo de color púrpura que llevaba Zara en la muñeca, la sucesión fecunda, mediante el nacimiento doble, y la rapidez del nacimiento deseado, mediante la lucha fratricida por salir primero:

Venga y viva, y haya infantes Gemelos, que por nacer

al listón purpúreo lidien como Zarán y Farés.

(OP, I, p. 71)

El último movimiento interno de la laudatio grave, introducido con la ruptura de la anáfora compleja «venga y viva» que iba ritmando las coplas precedentes, se dirige al dedicatario del elogio, el rey Carlos II. El concepto por ponderación misteriosa de las dos primeras estrofas se funda en la llegada de Mariana de Neoburgo —alba y aurora y, pues, sol— y confiere al monarca una esencia divina, ya que le otorga el poder de alterar el orden del día:

Venga, pues, y vos, gran Carlos, ordenad y disponed

por decreto que los días amanezcan al revés.

Por poniente vino el sol, a cuyo resplandecer, yo apostaré que cegáis, y si no, allá lo veréis.

(OP, I, p. 7 1 , w . 161-168)

A continuación, aludiendo una vez más a la cuestión sucesoria, el poeta le anima a que se reúna cuanto antes con su esposa («con tres luegos»), sin esperar siquiera a que el sumiller de corps le vista, para que ambos vuelvan a la Corte después de haberse unido en vista de la concepción de un sucesor. Punto, este último, hábilmente presentado en una perífrasis alusiva en la que el poeta subraya el beneficio que tal unión tendría sobre el apaciguamiento de los temores de los subditos reales:

Ea, señor, a la dicha que os busca, pues ya sabéis, cuanto al aire de esperar, se habrá encendido el querer.

Ea, señor, al camino, madrugad y no aguardéis para que os den de vestir a que venga el sumiller.

h a s h e c h o s o b r e ti r o t u r a ? Y l l a m ó su n o m b r e F a r e s . Y d e s p u é s s a l i ó su h e r m a n o , el q u e t e n í a en su m a n o el hilo de g r a n a , y l l a m ó su n o m b r e Z a r a » ( « i n s t a n t e a u t e m p a r t u , a p p a r u e r u n t g e m i n i in ú t e r o : a t q u e in ipsa effusione i n f a n t u m u n u s p r o t u l i t m a n u m , in q u a o b s e t r i x ligavit c o c c i n u m dicens: iste e g r e d i t u r p r i o r , illo v e r o r e t r a h e n t e m a n u m , e g r e s s u s est a l t e r : d i x i t q u e m u l i e r : q u a r e divisa est p r o p t e r te m a c e r i a ? et o b h a n c c a u s a m , v o c a v i t n o m e n eius P h a r e s . p o s t e a e g r e s s u s est f r a t e r , in c u i u s m a n u e r a t c o c c i n u m : q u e m a p p e l l a v i t Z a r a » ) .

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