El casamiento de Aurora. Sobre las relaciones de parentesco en El castigo sin venganza, de Lope de Vega

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El casamiento de Aurora. Sobre las relaciones de parentesco en El castigo sin venganza, de Lope de Vega

Christophe Couderc

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Christophe Couderc. El casamiento de Aurora. Sobre las relaciones de parentesco en El castigo sin venganza, de Lope de Vega. Criticón, Presses universitaires du Mirail, 2006, pp.31-44. �hal-01916462�

El casamiento de Aurora.

Sobre las relaciones de parentesco

en El castigo sin venganza, de Lope de Vega

C h r i s t o p h e C o u d e r c

Université de Paris-Sorbonne, Paris-IV

D E U N E R R O R M E T O D O L Ó G I C O

L a i m p o r t a n c i a del c a s a m i e n t o en la C o m e d i a N u e v a , que h a b i t u a l m e n t e se m i r a c o m o u n a de sus c o n v e n c i o n e s m á s artificiales, n o ha m e r e c i d o en mi o p i n i ó n la atención que se m e r e c e . E n t r a b a j o s a n t e r i o r e s , m e dediqué a m o s t r a r c ó m o , de f o r m a r e c u r r e n t e , el sistema d r a m á t i c o de la c o m e d i a de enredo á u r e o está al servicio de una lógica dual, de inclusión mediante el c a s a m i e n t o final, a la vez que de e x c l u s i ó n y de expulsión, r e p r e s e n t a d a ésta las m á s de las veces p o r el n o c a s a m i e n t o de u n o de los galanes del r e p a r t o , mientras o t r o s dos sí se c a s a n en el desenlace. E s t a o b s e r v a c i ó n m e llevó a i n t e r p r e t a r esta c a r a c t e r í s t i c a c o m o manifestación de la e n d o g a m i a , es decir la preferencia p o r los elementos locales, o p o r el g r u p o familiar en que se d e s a r r o l l a la a c c i ó n . Sin e m b a r g o n a d a nunca es t a n sencillo en el universo de la C o m e d i a N u e v a , y al lado de m u c h o s c a s o s en que el desenlace celebra la a r m o n í a r e c o b r a d a a c o s t a de la e x c l u s i ó n del e x t r a n j e r o — a s e m e j a n z a de lo que d r a m a t i z a la t r a g e d i a g r i e g a — , t a m b i é n se d a n c a s o s en que el héroe consigue invertir a su favor este m o v i m i e n t o de enfrentamiento entre el c e n t r o y la periferie, y lleva a c a b o su p r o p i a inclusión en el g r u p o de la d a m a c o n quien él quiere c a s a r s e , en p a r t i c u l a r en la c o m e d i a de enredo: en ésta, la preferencia local ( e n d o g a m i a ) y/o la exigencia de un m a t r i m o n i o entre iguales (isogamia) a p a r e c e de f o r m a casi sistemática c o m o un h o r i z o n t e de e x p e c t a t i v a s que finalmente se halla r o t o c o n un desenlace que, de una f o r m a u o t r a , m u e s t r a que le es

posible a un galán, que ni es igual ni es indígena, introducirse en el g r u p o de la d a m a p o r él deseada1.

F r e n t e a esta disyuntiva, p o d e m o s pensar en recurrir a la t a x o n o m í a de la C o m e d i a N u e v a , y c o n s i d e r a r , o m e j o r dicho p o s t u l a r , que los distintos subgéneros en que se reparte la diversidad del t e a t r o á u r e o podrían ser el m a r c o de representaciones distintas, o incluso divergentes, de estrategias matrimoniales. E s decir, si, c o m o lo pienso, es cierto que una p a r t e i m p o r t a n t e del mensaje a s o c i a d o c o n el t e a t r o es la representación en las tablas de las estrategias de r e p r o d u c c i ó n , es factible suponer que este mensaje p u e d a m o d u l a r s e según el destinatario de una pieza determinada, que es al m i s m o tiempo su d e s t i n a d o r : si el público r e c e p t o r / p r e s c r i p t o r p r e d e t e r m i n a la c o n f o r m a c i ó n de la p r o b l e m á t i c a de la r e p r o d u c c i ó n social, dicha p r o b l e m á t i c a a c e p t a r á v a r i a c i o n e s en función del tipo de público al que se destina la representación. A h o r a bien, si, partiendo del análisis m o r f o l ó g i c o , p u d i é r a m o s definir p r á c t i c a s m a t r i m o n i a l e s (más e x a c t o es decir: r e p r e s e n t a c i o n e s de p r á c t i c a s m a t r i m o n i a l e s ) d i v e r g e n t e s o a n t i n ó m i c a s , pudiéramos inducir, partiendo de esta c o n s t a t a c i ó n , que existían distintos públicos p a r a los que el mensaje variaba. P a r a ser m á s c o n c r e t o , si, en el subgénero de la c o m e d i a de c a p a y e s p a d a — l a f o r m a d r a m á t i c a d o m i n a n t e y h e g e m ó n i c a en la historia de la C o m e d i a N u e v a , p o r lo m e n o s en la p r i m e r a m i t a d del siglo x v n — , v e m o s r e p e t i d a m e n t e r e p r e s e n t a d o el triunfo de la e x o g a m i a y la r e n o v a c i ó n del g r u p o mediante su a p e r t u r a — l o que me p a r e c e una opinión muy a c e p t a b l e — , es t e n t a d o r concluir que e s t a m o s frente a la e x p r e s i ó n , una de dos: bien de u n a tendencia en la sociedad de entonces, que se reflejaría en las tablas, bien de un discurso implícito sobre el m a t r i m o n i o — o b j e t o p o r o t r a p a r t e de la p r e o c u p a c i ó n de los moralistas de entonces, que defienden la o r t o d o x i a p o s t r i d e n t i n a en m a t e r i a de m a t r i m o n i o — , d i s c u r s o destinado a un determinado tipo de público, probablemente el público del c o r r a l , donde se mezclan el pueblo y la nobleza de medio pelo. A la inversa, en el c a s o de comedias (en el sentido l a t o de piezas d r a m á t i c a s ) c u y o p e r s o n a l pertenece a la alta nobleza o la r e a l e z a , p o d e m o s v e r e x p r e s a d a a m e n u d o en los d e s e n l a c e s u n a t e n d e n c i a m a r c a d a m e n t e e n d o g á m i c a , que a su vez, da lugar a una doble interpretación posible: o es el reflejo de las p r á c t i c a s (sabido es que los grupos de la alta nobleza p r a c t i c a n una m a r c a d a endogamia p a r a c o n s e r v a r entero su p o d e r , y sabemos también que la familia real d a el ejemplo de estas p r á c t i c a s e n d o g á m i c a s ) ; o bien — s e g u n d a l e c t u r a — , p u d i é r a m o s leer esta r e p e t i d a p r e s e n c i a de la e n d o g a m i a c o m o u n a i d e a l i z a c i ó n , m e d i a n t e la r e c u p e r a c i ó n de los m o d e l o s m í t i c o s en que a b u n d a n las u n i o n e s e n d o g á m i c a s , o incestuosas (el incesto es el g r a d o m á x i m o de endogamia) que se asocia m u y a m e n u d o c o n personas de c a r á c t e r semidivino, que escapan p o r consiguiente de las h u m a n a s leyes.

P o r consiguiente, surgen o b s t á c u l o s p a r a esta lectura sistemática de las p r á c t i c a s matrimoniales: ¿ c ó m o llegar a decidir lo que predomina en la representación artística: la realidad o su deformación, en el sentido, o r a de una c a r i c a t u r a , o r a de una idealización?

¿ E s e x a c t a p o r o t r a p a r t e la p r e m i s a de que el p ú b l i c o del c o r r a l sería m e n o s a r i s t o c r á t i c o que el público de lugares privados? Y , de ser así, ¿ c ó m o saber si el género de la c o m e d i a de c a p a y e s p a d a , c o n el supuesto de que t o d a ella fuera e x o g á m i c a ,

1 Véase Couderc, 2006a.

coincide c o n dicho público, y lo satisface, mientras que la tragicomedia, o el t e a t r o grave (eso es, c o n un p e r s o n a l d r a m á t i c o noble) coincidiría c o n el t e a t r o c o r t e s a n o , p o r ejemplo, y p r o p o n d r í a siempre soluciones endogámicas? El a c e r c a m i e n t o a la estética de la r e c e p c i ó n nos lleva pues s o b r e t o d o a hipótesis, a p u r a s c o n j e t u r a s : s o n m u c h a s preguntas sin respuesta y que t o d a s , c r e o , nos e n c a m i n a n hasta este callejón sin salida que es el postulado de la lectura sociologizante de la c o m e d i a nueva, la cual supone que t o d o lo explicaría el perfecto c o n o c i m i e n t o de las condiciones materiales que r o d e a n la representación, incluyendo en este c a s o el c o n o c i m i e n t o de las p r á c t i c a s matrimoniales en la sociedad española del Siglo de O r o . Sobre t o d o estas preguntas nos revelan que no p o d e m o s ni debemos caer en la tentación de la explicación histórica mecanicista, a partir del supuesto de que la realidad social informaría la expresión artística2.

E n s u m a , una vez descartada la explicación histórica, p o r insuficiente, lo lógico, p a r a analizar las alianzas m a t r i m o n i a l e s , es orientarse hacia la a n t r o p o l o g í a , p a r a t r a t a r de e n c o n t r a r un principio de explicación de un sistema en que se a s o c i a r a n la e n d o g a m i a y la e x o g a m i a —principios que n o r m a l m e n t e , según los e t n ó l o g o s , son incompatibles y excluyentes. L o que p r e t e n d o a h o r a es aplicar a la tragedia del F é n i x una falsilla de lectura c o n una doble orientación: p o r una p a r t e un análisis m o r f o l ó g i c o del sistema d r a m á t i c o , y p o r o t r a un e x a m e n de las implicaciones colectivas de la o r g a n i z a c i ó n de dicho sistema en términos de relaciones de parentesco y de estrategia m a t r i m o n i a l3.

E L M A T R I M O N I O , T E M A A R G U M E N T A L D E EL CASTIGO SIN VENGANZA

L a tragedia de L o p e El castigo sin venganza, c u y o a r g u m e n t o c o m p l e t o es o c i o s o r e c o r d a r , tiene c o m o p u n t o de p a r t i d a el a n u n c i o del c a s a m i e n t o i n m i n e n t e , c o n C a s a n d r a (hija del duque de M a n t u a ) , del duque de F e r r a r a . Éste, que, c o m o confiesa, hasta entonces ha «vivido l i b r e m e n t e »4, busca d a r un h e r e d e r o legítimo a su e s t a d o , aunque ya es p a d r e de un hijo natural (es decir de m a d r e d e s c o n o c i d a , o n o noble, en una ocasión n o m b r a d a L a u r e n c i a⁵) , F e d e r i c o , a quien le une un p r o f u n d o e indiscutible a m o r . Después de descubrir el duque que su hijo y su joven esposa son a m a n t e s , la t r a g e d i a t e r m i n a c u a n d o el d u q u e le o r d e n a a F e d e r i c o que m a t e a C a s a n d r a , a m o r d a z a d a , cubierta p o r un velo, a t a d a de pies y m a n o s , es decir sin que pueda saber Federico a quién está m a t a n d o , pues el duque le ha dicho que se t r a t a de una p e r s o n a

2 El propio Salomon, representante de este escuela para el hispanismo, matizaba mucho el acercamiento que pretende establecer relaciones de homología entre la vida y la literatura. En un artículo (más que artículo es la transcripción de una intervención en un seminario), Salomon escribe: «la comedia telle que l'a conçue Lope joue bien entendu un rôle, elle a une fonction politique dans la cité. Je dis politique au sens aristotélicien là encore, parce que, pour ce genre de théâtre de Lope dont on a tellement dit qu'il avait rompu avec la tradition airstotélicienne, il faut toujours partir d'Aristote et pour la politique et pour la poétique» (Salomon, 1978, p. 52). Del desenlace de El castigo sin venganza doy aquí una lectura política, reservando la lectura poética para otro estudio (Couderc, 2006b).

3 Se trata de principios metodológicos que he tenido ocasión de exponer en un artículo anterior (Couderc, 2002).

4 «Yo confieso que he vivido / libremente y sin casarme» (Lope de Vega, El castigo sin venganza, w. 165- 166, de la edición de Kossoff, por la que citaré en adelante, salvo indicación contraria). No puede ser fruto del azar que Pablo Neruda titulara sus memorias Confieso que be vivido.

5 El castigo sin venganza, v. 2587.

que quiso a t e n t a r c o n t r a su p r o p i a vida. C u m p l i d a la o r d e n , el c o n d e F e d e r i c o es m a t a d o a su vez, después de que su p a d r e le h a y a a c u s a d o p ú b l i c a m e n t e de h a b e r m a t a d o a su m a d r a s t r a p o r q u e e s t a b a e m b a r a z a d a y p o r q u e veía p e l i g r a r sus posibilidades de heredar el título de duque de F e r r a r a (quien lo m a t a es el m a r q u é s C a r l o s , d e u d o de la duquesa de F e r r a r a , a quien viene a c o m p a ñ a n d o desde M a n t u a hasta F e r r a r a , al principio de la c o m e d i a ) . Esta doble muerte constituye la c a t á s t r o f e , o última peripecia en el sentido estricto (o sea, dramatúrgico) de la p a l a b r a .

Así c o m o existen m u c h a s comedias c u y o eje argumental es el m a t r i m o n i o , n o p o c a s c o m e d i a s t r á g i c a s , o t r a g e d i a s — e n el c a s o de El castigo sin venganza n o h a y ambigüedad, d a d o que L o p e califica tres veces su pieza de « t r a g e d i a » — del r e p e r t o r i o á u r e o se organizan también en t o r n o a una cuestión de alianzas matrimoniales, aunque se t r a t a de un a s u n t o doméstico, que pudiera p a r e c e r c o n t r a r i o a la grandeza t r á g i c a , p e r o que t a m b i é n tiene que ver c o n un c a s o de h o n r a — l o que quizás justifica la a d v e r t e n c i a de L o p e en su p r ó l o g o c u a n d o dice que ha escrito su pieza «al estilo Español, n o p o r la antigüedad Griega, y severidad L a t i n a »6. E n realidad, el m a t r i m o n i o no es una cuestión baladí, ya que la alianza matrimonial tiene inmediatas repercusiones políticas — a nivel de la polis—, pues el personal d r a m á t i c o de la tragedia son reyes, príncipes, g r a n d e s personajes, de a l t o linaje, p a r a los que c a s a r s e significa d a r un heredero p a r a el t r o n o y el E s t a d o . E n El castigo sin venganza se concede un lugar m u y d e s t a c a d o al t e m a m a t r i m o n i a l , c o m o se advierte desde el p r i m e r a c t o . L a r e l a c i ó n natural que se establece desde el inicio (e incluso antes, en un m o m e n t o que pertenece a la p r e h i s t o r i a de la intriga) entre A u r o r a y F e d e r i c o se desprende c l a r a m e n t e del i m p o r t a n t e d i á l o g o que m a n t i e n e n el duque y su sobrina en el a c t o I, en el m i s m o m o m e n t o en que F e d e r i c o , triste y p e n s a t i v o , se ha alejado de F e r r a r a p a r a ir al e n c u e n t r o de la n u e v a e s p o s a de su p a d r e . C i t a r é e x t e n s a m e n t e el p a r l a m e n t o autobiográfico de A u r o r a , que coincide c o n un c a m b i o métrico (pasamos de redondillas a lira de seis versos), p a r a resaltar —si fuera n e c e s a r i o — la i m p o r t a n c i a funcional y la tonalidad de esta declaración atrevida, c o m o lo anuncia la propia A u r o r a7:

Y o soy, invicto duque, tu sobrina;

hija soy de tu hermano,

que en su primera edad, como temprano almendro que la flor al cierzo inclina (cinco lustros, ¡ay suerte

cruel!), rindió la inexorable muerte.

Criásteme en tu casa, porque luego quedé también sin madre;

tú sólo fuiste mi querido padre, y en el confuso laberinto ciego de mis fortunas tristes,

el hilo de oro que de luz me vistes.

6 Escribe Lope en el prólogo de su tragedia que fue «escrita al estilo Español, no por la antigüedad Griega, y severidad Latina, huyendo de las sombras, Nuncios y coros; porque el gusto puede mudar los preceptos, como el uso los trages, y el tiempo las costumbres» (El castigo sin venganza, ed. Jones, p. 121).

7 Sigo la puntuación de Diez Borque en su ed. de El castigo sin venganza, más convincente que la complicada de Kossoff.

Dísteme por hermano a Federico, mi primo en la crianza,

a cuya siempre honesta confianza con dulce trato honesto amor aplico, no menos del querida,

viviendo entrambos una misma vida.

Una ley, un amor, un albedrío, una fe nos gobierna,

que con el matrimonio será eterna, siendo yo suya, y Federico mío, que aun apenas la muerte osará dividir lazo tan fuerte.

Desde la muerte de mi padre amado, tiene mi hacienda aumento;

no hay en Italia agora casamiento más igual a sus prendas y a su estado;

que yo, entre muchos grandes,

ni miro a España, ni me aplico a Flandes.

Si le casas conmigo, estás seguro de que no se entristezca

de que Casandra sucesión te ofrezca, sirviendo yo de su defensa y muro.

Mira si en este medio

promete mi consejo tu remedio (vv. 7 0 0 - 7 3 5 ) .

L o que se perfila c o n los datos contenidos en este p a r l a m e n t o es un equilibrio inicial, o, c o m o habría dicho Reichenberger, un orden i n s t a u r a d o , en la a p e r t u r a de la c o m e d i a , que a b r e un d e t e r m i n a d o horizonte de e x p e c t a t i v a s o r i e n t a d o a un posible final feliz8: Federico f o r m a en el inicio de la c o m e d i a una pareja estable c o n su p r i m a A u r o r a , y ese a m o r m u t u o , n a c i d o en la infancia que c o m p a r t i e r o n juntos en el p a l a c i o ducal, está a p u n t o de t r o c a r s e , casi de f o r m a espontánea, en m a t r i m o n i o . L a situación inicial es pues la siguiente, c o n d o s p a r e j a s c a s a d a s o s e m i c a s a d a s , a las que p o d e m o s a ñ a d i r el m a r q u é s C a r l o s que custodia a C a s a n d r a y p r o n t o e n t r a en c o m p e t i c i ó n c o n F e d e r i c o p a r a obtener la m a n o de A u r o r a (indico c o n el paréntesis su llegada m á s t a r d í a )⁹:

Situación inicial

A: Duque de F e r r a r a — > B: C a s a n d r a

C: Federico + D: A u r o r a ( < — E : M a r q u é s C a r l o s ) E n c a m b i o , al final de la a c c i ó n , la c o n f i g u r a c i ó n del sistema d r a m á t i c o sería la siguiente, c o n dos de los personajes m u e r t o s y una duda a c e r c a de si se realizará o n o el m a t r i m o n i o de A u r o r a c o n Carlos:

8 Véase Reichenberger, 1989, y las observaciones complementarias de Ruiz Ramón, 1978, p. 30.

9 Para el esquema relacional de cinco funciones véase Couderc, 2002, 2003, y, ahora, 2006a, pp. 71-78.

Situación final

A: Duque de F e r r a r a B: C a s a n d r a ( f ) E: Federico ( f ) C: M a r q u é s C a r l o s + (?) D: A u r o r a

El p r o y e c t o inicial de m a t r i m o n i o entre A u r o r a y F e d e r i c o m e r e c e t o d a n u e s t r a a t e n c i ó n . L o presenta la d a m a a su tío c o m o una f o r m a de salir del a p u r o que se le p r e s e n t a al duque, obligado a c a s a r s e p o r la presión de sus consejeros y del pueblo, p r e o c u p a d o s p o r la falta de sucesor; su propio m a t r i m o n i o c o n C a s a n d r a es de c a r á c t e r político, c o m o r e c a p a c i t a el duque h a c i a el final del a c t o I, y a r r u i n a las fundadas esperanzas de su hijo de ser él algún día duque de Ferrara:

[...] Federico estaba seguro en su pensamiento de heredarme, cuyo intento, que con mi amor consultaba, fundaba bien su intención, porque es Federico, Aurora, lo que más mi alma adora, y fue casarme traición que hago a mi propio gusto;

que mis vasallos han sido quien me ha forzado y vencido a darle tanto disgusto, si bien dicen que esperaban tenerle por su señor, o por conocer mi amor, o porque también le amaban;

más que los deudos que tienen derecho a mi sucesión pondrán pleito con razón;

o que si a las armas vienen, etc. (vv. 6 6 0 - 6 7 9 ) .

M e p a r e c e i m p o r t a n t e subrayar que desde el inicio la p r e o c u p a c i ó n m a t r i m o n i a l es c o n s t a n t e en El castigo sin venganza, y que es al m i s m o t i e m p o una p r e o c u p a c i ó n m a t r i m o n i a l y una p r e o c u p a c i ó n dinástica, en o t r a s p a l a b r a s , política. Desde el inicio p o r q u e y a en la p r i m e r a secuencia del primer a c t o , c u a n d o se representan las c o r r e r í a s n o c t u r n a s del duque p o r los b a r r i o s bajos de su c i u d a d , le a g u a la fiesta la semi- p r o s t i t u t a Cintia, c o n un discurso m o r a l i z a d o r a c e r c a de sus nuevas obligaciones de h o m b r e c a s a d o , a ñ a d i e n d o a las c o n s i d e r a c i o n e s políticas de los c o r t e s a n o s antes c i t a d a s , la opinión vulgar de que el heredero no puede ser un hijo b a s t a r d o : «fuera injusto / ser de un b a s t a r d o heredado» (vv. 1 0 3 - 1 0 4 ) . P o c o antes, en la m i s m a secuencia, el t e m a m a t r i m o n i a l aparece p o r primera vez, t r a t a d o en o t r a tonalidad, c o n la mención burlesca del m a r i d o c o r n u d o , en b o c a de los criados que a c o m p a ñ a n al duque (v. 7 3 )1 0. Es decir que en la situación de p a r t i d a de El castigo sin venganza el p a d r e se halla sin

1 0 Aranda argumenta que «l'un des fils conducteurs de la tragédie est le motif du mari complaisant»

(Aranda, 1995, p. 93).

hijo p a r a sucederle, c o n la particularidad aquí de que existe un hijo, p e r o se le niega la c a p a c i d a d de h e r e d a r , esencialmente p o r q u e es b a s t a r d o . E s t a s i t u a c i ó n de falta de sucesor es corrientísima en la C o m e d i a N u e v a , t a n t o en su vertiente m á s c ó m i c a y m e c á n i c a , c o n la c o m e d i a de c a p a y espada, c o m o en la vertiente m á s g r a v e de m u c h a s c o m e d i a s t r a g i c ó m i c a s o t r á g i c a s , donde evidentemente la cuestión tiene un a l c a n c e de m a y o r g r a v e d a d . P o r ejemplo en la p a l a t i n a El perro del hortelano, de L o p e , la p r e o c u p a c i ó n dinástica es i m p o r t a n t e en el inicio de la c o m e d i a p a r a la heroína, la bella y altiva c o n d e s a de Belflor, c u y o m a t r i m o n i o es una cuestión pendiente que despierta todas las atenciones; y también vuelve a a p a r e c e r en el tercer a c t o , c o n el personaje del viejo c o n d e L u d o v i c o , p r e o c u p a d o p o r la falta de h e r e d e r o , y p o r lo t a n t o feliz de e n c o n t r a r en T e o d o r o (secretario de la c o n d e s a ) a quien le p u e d a suceder, lo que le permite a este último c a s a r s e c o n la c o n d e s a y resolver el conflicto sin ello insoluble, porque hasta entonces mediaba entre el galán y la condesa un a b i s m o social: es c o m o si, quizás c o n un p o c o de malicia p o r p a r t e de L o p e , en una pieza m e t a t e a t r a l en m á s de un a s p e c t o , la cuestión de los linajes a m e n a z a d o s de e x t i n c i ó n fuera al m i s m o tiempo un p u n t o de partida y un r e s o r t e d r a m á t i c o decisivo: c o m o si L o p e g u s t a r a de p o n e r al desnudo las entrañas de la d r a m a t u r g i a de la C o m e d i a N u e v a .

O t r o parecido m á s e x a c t o c o n la situación de El castigo sin venganza tenemos en La vida es sueño de C a l d e r ó n , y, si es certera la convincente hipótesis de R u a n o de la H a z a de una redacción muy t e m p r a n a de La vida es sueño, bien se p o d r í a entender que c o n su t r a g e d i a «al estilo e s p a ñ o l » L o p e h a y a q u e r i d o e n m e n d a r l e la p l a n a a su joven c o m p e t i d o r en las t a b l a s1 1: p a r a limitarme al a s p e c t o que me interesa c o m e n t a r aquí, también en La vida es sueño el viejo rey de Polonia tiene que b u s c a r una solución p a r a la perpetuación del linaje, bien mediante su sobrina Estrella, quien heredaría la c o r o n a casándose c o n su p r i m o Astolfo, duque de M o s c o v i a , bien c o n la restauración de su hijo legítimo Segismundo, tenido ( t a n t o c o m o F e d e r i c o en El castigo) p o r incapaz de subir algún día al t r o n o , y p o r este m o t i v o e n c e r r a d o hasta entonces en una t o r r e secreta — y el final feliz reúne en una esas dos soluciones, c o n el c a s a m i e n t o de Segismundo c o n su prima E s t r e l l a1 2.

P e r o no quiero a d e n t r a r m e en una c o m p a r a c i ó n p o r o t r a p a r t e ya esbozada p o r la crítica, teniendo en cuenta los posibles ecos que se perciben de la c o m e d i a de L o p e en la de C a l d e r ó n (y, sobre t o d o , a la inversa, de la de C a l d e r ó n en la de L o p e ) . De m o m e n t o quisiera detenerme en el c a s a m i e n t o de A u r o r a , eso es en lo que se suele c o n s i d e r a r c o m o secundario, c o m o telón de fondo o p r e t e x t o p a r a lanzar la a c c i ó n , p e r o que m e p a r e c e es m á s que e s t o1 3. E n mi o p i n i ó n la c u e s t i ó n dinástica n o es s e c u n d a r i a , y constituye más que una pieza menuda del a r m a z ó n convencional, destinado en general a

1 1 Las fechas respectivas de las dos comedias permiten suponer una anterioridad de la de Calderón: el manuscrito autógrafo de Lope es de 1631, y La vida es sueño hubiera podido escribirse hacia 1630 (véase Calderón, 1994, pp. 8-10, y Ruano, 1992, pp. 18 ss., en part. 44-45; v. también la nota de Kossoff en su ed.

de El castigo sin venganza, p. 274).

n Véase Couderc, 2002.

uP o r ejemplo (tomo casi al azar una edición que tengo a mano) así opina Diez Borque: «poco importaba en momentos de tal desenlace el matrimonio de Aurora —como si de cualquiera otra obra suya se tratase (3000 y ss.)— y en verdad que contrasta este paréntesis ligero con la grandeza pretendida del final trágico, pero es teatro de Lope, no lo olvidemos» (Lope de Vega, El castigo sin venganza, ed. Diez Borque, p. 80).

e x a l t a r el a m o r — y esa o t r a l e c t u r a es p e r f e c t a m e n t e legítima p a r a El castigo sin venganza también, donde, a pesar del desenlace t r á g i c o , la pintura del a m o r , en ciernes p r i m e r o y luego a p a s i o n a d o , entre C a s a n d r a y F e d e r i c o , constituye el v e r d a d e r o interés d r a m á t i c o de la pieza. M e gustaría pues considerar esta o b r a desde el p u n t o de vista de la a n t r o p o l o g í a social (o e t n o l o g í a ) , es decir p r e s t a r atención a t o d o lo que, en esta c o m e d i a , se relaciona c o n las relaciones de p a r e n t e s c o , las cuales constituyen uno de los sistemas simbólicos que c o n f o r m a n y definen una c u l t u r a (en este c a s o la sociedad ficticia de la C o m e d i a N u e v a ) . M e interesaré pues p o r la trayectoria m a t r i m o n i a l de los p e r s o n a j e s p r i n c i p a l e s , c o m o si el o b j e t o de la d r a m a t i z a c i ó n n o fuera o t r o que representar las estrategias de r e p r o d u c c i ó n de grupos o de clanes que, p o r o t r a p a r t e , pertenecen t o d o s , en esta tragedia, a la c a p a superior de la nobleza y p a r a los que, p o r t a n t o , el m a t r i m o n i o individual tiene u n a significación c o l e c t i v a . L a i m p o r t a n c i a c o n c e d i d a t a n t o al m a t r i m o n i o del duque y C a s a n d r a c o m o al (posible) c a s a m i e n t o de A u r o r a c o n F e d e r i c o me lleva a c o n s i d e r a r c o m o central en El castigo sin venganza, c o m o su t e m a , o a s u n t o , la cuestión de la r e p r o d u c c i ó n de u n a c a s a noble c o n su n o m b r e , sus riquezas, su h o n o r , sus títulos (mientras que el a r g u m e n t o , p a r a r e t o m a r una distinción nocional clásica, sería el a m o r ilegítimo entre F e d e r i c o y C a s a n d r a ) . El a m o r de A u r o r a en estas condiciones es expresión de una fuerza social, y precisamente un elemento p a t é t i c o de la tragedia (y su belleza c o m o tragedia) radica en que F e d e r i c o se va a alejar de esta senda que le t r a z a n , no a c e p t a someterse a los designios del duque su p a d r e y de A u r o r a , y va a ser v í c t i m a del a m o r (por C a s a n d r a ) c o n t r a las leyes sociales, negándose a ser un m a r i d o de conveniencia, y lanzándose h a c i a el destino mortífero.

L A S O C I E D A D « À M A I S O N S »

E n esta perspectiva, me va a ser muy útil — a s í lo e s p e r o — una noción que encuentro en Lévi-Strauss, la « c a s a » (o maison). P a r a el ilustre a n t r o p ó l o g o , la casa se define c o m o una «institution: personne m o r a l e détentrice d'un domaine c o m p o s é à la fois de biens matériels et immatériels, qui se perpétue p a r la transmission de son n o m , de sa fortune et de ses titres en ligne réelle o u fictive, tenue p o u r légitime à la seule condition que cette continuité puisse s'exprimer dans le langage de la p a r e n t é o u de l'alliance, et, le plus souvent, des d e u x e n s e m b l e »^{1 4}. M e p a r e c e a c e p t a b l e que la s o c i e d a d ficticia de la C o m e d i a N u e v a sea c o n s i d e r a d a c o m o una s o c i e d a d « à m a i s o n s » , que se p u e d e i d e n t i f i c a r , « q u a n d les unités de b a s e de la s t r u c t u r e s o c i a l e s o n t s t r i c t e m e n t hiérarchisées, et quand cette h i é r a r c h i e distingue aussi les m e m b r e s individuels de c h a q u e unité selon l'ordre de n a i s s a n c e et la p r o x i m i t é p a r r a p p o r t à l ' a n c ê t r e c o m m u n »^{1 5}, lo que no tiene n a d a de e x t r a ñ o si c o n s i d e r a m o s que e s t a m o s frente a un

"Lévi-Strauss, 1979, pp. 151-152.

1 5 Lévi-Strauss, 1979, p. 158. Otra definición de esta noción empleada por los historiadores de la Edad Media sería la siguiente: «La casa en el mundo cristiano también se entiende como un grupo de descendencia con un carácter agnaticio, donde la primogenitura es el rasgo dominante» (Motis Dolader, 2003, p. 75, nota 73). En el Diccionario de Autoridades, casa «se llama también la descendencia o linage que tiene un mismo apellido, y viene de un mismo origen» (citado por Barbazza, 2000, p. 121). Véase toda la parte final de este último libro, «Les groupes sociaux, la parenté et l'alliance», pp. 187-259, y la conclusión: «l'individu n'est rien en-dehors du groupe familial. Contrairement aux valeurs qui sont généralement les nôtres aujourd'hui, ce

t e a t r o eminentemente a r i s t o c r á t i c o^{1 6}. E n c u a n t o a las alianzas m a t r i m o n i a l e s , la c a s a funciona c o m o un ente vivo c a p a z de planificar una estrategia, a f a v o r siempre de su m á x i m o interés posible, y eventualmente a expensas de los deseos individuales de los a c t o r e s de la lógica r e p r o d u c t i v a . E n o t r a s p a l a b r a s , la c a s a es u n a m a g n í f i c a h e r r a m i e n t a en m a n o s del p a p a de la a n t r o p o l o g í a e s t r u c t u r a l i s t a , p o r q u e p e r m i t e explicar desde una lectura funcionalista los c o m p o r t a m i e n t o s individuales. El postulado implícito de la a p r o x i m a c i ó n de Lévi-Strauss (y quizás de t o d a la antropología m o d e r n a ) es que las a c c i o n e s h u m a n a s tienen una significación, a u n c u a n d o esta significación p u e d a q u e d a r o c u l t a a la c o n c i e n c i a de los m i s m o s a c t o r e s de esta realidad. E n el universo de la poesía, esta coherencia de la o b r a , que p a r e c e obedecer a un designio, es m á s fácil de p o s t u l a r , no t a n t o p o r q u e sí entonces existe un c r e a d o r , sino p o r q u e el discurso es p r o d u c t o del artificio y no de la naturaleza, en la que p o d r í a m o s negar que se dé una coherencia inteligible; sabido es que ya en la Poética Aristóteles se vale c o n este propósito de la oposición entre historia y poesía p a r a c o n t r a p o n e r lo particular (lo histórico) y lo universal (lo p o é t i c o ) , es decir lo sistematizable.

L o s análisis de Lévi-Strauss permiten entender c ó m o , t a n t o en la sociedad ficticia de la C o m e d i a N u e v a c o m o en las sociedades reales estudiadas p o r los a n t r o p ó l o g o s o los sociohistoriadores, la estrategia matrimonial puede determinar la elección del cónyugue, sin tener en cuenta la preferencia individual de los interesados, o, p o r qué n o , teniendo en c u e n t a esta preferencia. L a cita siguiente es e s c l a r e c e d o r a , c o m o m é t o d o , y c o m o d i a g n ó s t i c o p a r a su a p l i c a c i ó n al t e a t r o á u r e o : « D a n s les sociétés "à m a i s o n s " , et contrairement à ce que les ethnologues observent ailleurs, les principes de l'exogamie et de l'endogamie ne sont pas non plus mutuellement exclusifs. [...] le mariage e x o g a m i q u e sert à c a p t e r de n o u v e a u x titres, le mariage endogamique à empêcher qu'une fois acquis, ils ne sortent de la maison. Il est d o n c de bonne stratégie d'utiliser c o n c u r r e m m e n t les d e u x principes, selon le temps et l'occasion, p o u r m a x i m i s e r les gains et minimiser les pertes. De la m ê m e façon, les maisons européennes ont toujours associé deux pratiques:

celle du mariage au loin, et celle du mariage a u plus p r è s »1 7.

Este t e x t o nos habla de estrategia, de conquista de bienes ajenos, de preservación de la hacienda, de p r e o c u p a c i ó n p o r perpetuar un linaje, sin que se pueda adscribir a u n a persona en c o n c r e t o una intención voluntaria de realizar una buena o p e r a c i ó n . Y m e p a r e c e que este m i s m o criterio p r a g m á t i c o y funcional puede ser m u y rentable p a r a interpretar los c o m p o r t a m i e n t o s de los individuos que vemos vivir en el t a b l a d o , c u a n d o lo que está en juego c o n el c a s a m i e n t o es, c o m o en El castigo sin venganza, un linaje y un « E s t a d o » , es decir c u a n d o d e t r á s de los individuos está un c o l e c t i v o s o c i a l , llamémoslo clan, tribu, familia, linaje, o c a s a . M e r c e d a la duplicación de las parejas d a m a / g a l á n — a q u í las dos d a m a s del r e p a r t o , C a s a n d r a y A u r o r a , en t o r n o a las que se construye el sistema d r a m á t i c o — , es posible concluir la a c c i ó n de una c o m e d i a c o n un

ne sont pas les destins individuels qui importent à cette époque-là, mais le destin des familles» (Barbazza, 2000, p. 268).

1 6 Lévi-Strauss cita aquí a Elias, La Société de cour: «L'Astrée est un roman de la noblesse [...]. C'était toujours et c'est encore la première question qu'un noble pose à un autre noble à l'occasion d'une rencontre:

"À quelle maison, à quelle famille appartenez-vous?". Selon la réponse, on lui assigne une place déterminée dans la hiérarchie» (Lévi-Strauss, 1979, p. 158, nota).

1 7 Lévi-Strauss, 1979, pp. 159-160.

desenlace que satisfaga t a n t o la aspiración individual del deseo a m o r o s o c o m o el interés superior de la c a s a , del linaje, lo que significa que el a c t a n t e principal de estas piezas n o es el h é r o e , ni la h e r o í n a , sino la totalidad del c u e r p o social, la C a s a . P a r a ser m á s e x a c t o , la duplicación de la pareja c a s a d a al final puede permitir que se articule en el seno de una misma comedia dos discursos antinómicos. A c l a r a r é lo que quiero decir c o n el ejemplo de u n a c o m e d i a de L o p e c u y o título es y a t o d o un p r o g r a m a , El poder vencido y el amor premiado (fechada en 1 6 1 0 - 1 6 2 0 p o r M o r l e y y B r u e r t o n ) . E n esta c o m e d i a , donde se dramatiza el tópico de la oposición entre c o r t e y aldea, el rey se c a s a

«lejos», c o m o diría Lévi-Strauss, c o n una p r o m e t i d a de un r a n g o social c o m p a t i b l e c o n un linaje real, mientras que su joven h e r m a n o se c a s a « c e r c a » , c o n Celia, una d a m a de su p r o p i a tierra, a pesar de que inicialmente el rey — y es el m o t o r del e n r e d o — desea seducir a la tal Celia. C o n el doble m a t r i m o n i o final, al m i s m o t i e m p o e x o g á m i c o y e n d o g á m i c o , la interferencia entre el p o d e r y el a m o r se resuelve t a n t o a f a v o r de una p o t e n c i a c o m o de o t r a , aunque el título p a r e c e dar la ventaja al a m o r : en una lectura superficial es e x a c t o que el « p o d e r » , a s o c i a d o c o n el deseo injusto y tiránico del rey (es un « d r a m a del p o d e r injusto», c o m o diría Ruiz R a m ó n ) hacia la d a m a de su h e r m a n o , es p e r d e d o r , p e r o si d a m o s a la p a l a b r a « p o d e r » una significación algo m á s a m p l i a , c o m o interés superior de la c o m u n i d a d de que son miembros los individuos, v e m o s que t a n t o el a m o r c o m o el poder son vencedores, lo que a su vez garantiza un final feliz. Y , en términos de estrategia m a t r i m o n i a l , se t r a t a de una perfecta aplicación de la frase de L é v i - S t r a u s s , c o n el h e r m a n o p e q u e ñ o que se queda en su c o m u n i d a d de o r i g e n , mientras que el primogénito concluye a favor de su p r o p i o linaje u n a alianza c o n u n a heredera rica y potente.

V o l v i e n d o a El castigo sin venganza y al diálogo entre A u r o r a y su tío el duque, la s i t u a c i ó n inicial es m u y p a r e c i d a a la del desenlace de El poder vencido, y a la descripción de Lévi-Strauss p a r a la « m a i s o n » : p a r a el duque de F e r r a r a también se t r a t a de m a x i m i z a r las g a n a n c i a s y minimizar las pérdidas, lo que e x p l i c a su hiperbólica e x c l a m a c i ó n de júbilo, c o m o respuesta al p a r l a m e n t o antes citado de su sobrina:

Dame tus brazos, Aurora, que en mi sospecha y recelo eres la misma del cielo, que mi noche ilustra y dora.

Hoy mi remedio amaneces, etc. (vv. 7 3 6 - 7 4 0 ) .

El duque tiene interés en que el p a t r i m o n i o (nunca m e j o r dicho: la « h a c i e n d a » que A u r o r a heredó de su p a d r e , el h e r m a n o del duque) de su sobrina se quede en su p r o p i a c a s a , lo que o c u r r i r á si ella se c a s a c o n F e d e r i c o . El c á l c u l o de A u r o r a y de su tío garantiza pues una circulación restringida de las mujeres: éstas e n t r a n en F e r r a r a p e r o

n o s a l e n1 8. Se t r a t a r í a de un m a t r i m o n i o c l a r a m e n t e e n d o g á m i c o , e n t r e p r i m o s m u y c e r c a n o s (son primos h e r m a n o s ) , y que lindaría c o n el i n c e s t o1 9.

M i e n t r a s t a n t o , ¿qué p a s a en M a n t u a ? Allí la situación familiar es p e r f e c t a m e n t e simétrica c o n la de F e r r a r a , c o n dos p r i m o s h e r m a n o s ( C a s a n d r a y C a r l o s ) que también están en posición de p a r t i c i p a r en un i n t e r c a m b i o m a t r i m o n i a l , sin que p a r a ellos, en ningún m o m e n t o se contemple una unión matrimonial endogámica:

MANTUA

Duque de Mantua - Su hermano/a

I I Casandra Marqués Carlos

/ FERRARA

Su hermano (muerto) - Duque de Ferrara I

Aurora Federico

C r e o que salta a la vista la a n o m a l í a fundamental, no del esquema m i s m o , sino del dinamismo de la a c c i ó n que se p o n e en m o v i m i e n t o a partir de él. Q u i e r o decir que se percibe muy bien, a partir de la perfecta simetría de la repartición de los personajes, que el m a t r i m o n i o del duque atropella las leyes biológicas, y que su joven esposa, cualquiera que sea su e d a d r e a l , p e r t e n e c e a o t r a g e n e r a c i ó n , la m i s m a que C a r l o s , A u r o r a y Federico (y p o r t a n t o , a la inversa, es natural el e n a m o r a m i e n t o m u t u o c o n el hijo del d u q u e )^{2 0}. L a simetría también deja percibir que se perfilaba c o m o solución espontánea y e x o g á m i c a el i n t e r c a m b i o r e c í p r o c o de las h e r m a n a s , si c o n s i d e r a m o s que A u r o r a y C a s a n d r a son, en t é r m i n o s de relaciones de p a r e n t e s c o , « h e r m a n a s clasificatorias»

r e s p e c t i v a m e n t e p a r a F e d e r i c o y C a r l o s , lo que significa que en un sistema que p r a c t i c a r a la e x o g a m i a pesaría sobre ellas un t a b ú , p a r a los v a r o n e s de su g r u p o , c o m o sobre t o d a s las mujeres del g r u p o de o r i g e n^{2 1}. El g r a n o de a r e n a en el engranaje es la condición de b a s t a r d o del hijo del duque, que n o puede heredar el título de su p a d r e .

1 8 «Pour analyser un système de parenté, il faut décrire la manière dont les hommes échangent des femmes. Brutale en apparence, cette formule de Claude Lévi-Strauss ne doit pas produire l'impression qu'elles sont des objets purement passifs; elle ne s'applique qu'à un certain niveau d'intelligibilité ou d'artifice et ne préjuge pas des comportements et des rapports de pouvoir effectifs» (Barthélémy, 1 9 8 5 , p. 1 2 7 ) .

1 9 Me parece que quien ha señalado más claramente esa dimensión endogámica del enlace previsto entre Federico y Aurora es Maria Aranda (véase Aranda, 1 9 9 5 , pp. 9 1 - 9 2 ) . Recuerda Motis que «la Iglesia califica de incesto la unión con la prima por parte paterna (hija del hermano del padre)», lo que es exactamente el caso de Federico y Aurora, hijos de dos hermanos (Motis Dolader, 2 0 0 3 , p. 7 4 ) . Recuerda el mismo historiador algo que puede servir para nuestra tragedia, ambientada en el siglo x v : «el término familia es impreciso y confuso, además de que apenas aparece en la documentación medieval, frente al concepto de parentesco referido a un conjunto de relaciones sociales que constituyen un sistema» (p. 7 4 , n. 6 8 ) .

2 0 En la fuente italiana que Lope maneja, la novella de Bandello, la joven esposa del marqués de Ferrara se queja de que su padre la engañó con la promesa de que iba a casarse con el hijo del marqués, el conde Ugo, y no con el padre. Por otra parte en la comedia los criados Batín y Lucrecia explicitan esta posibilidad frustrada, después del primer encuentro de sus amos (véase al respecto D'Agostino, 1 9 8 5 , pp. 4 4 - 4 5 ) .

2 1 De pasada notaremos que esta obra ilustra muy claramente que en la sociedad ficticia de la Comedia Nueva (y también seguramente en la realidad pasaba lo mismo) el sistema de las alianzas es patriarcal (la descendencia se define por el lado paterno y no se concede importancia a la madre), lo que explica la ausencia de las mujeres, porque no tienen ni voz ni voto, y la residencia de los esposos es virilocal, pues se sobreentiende que, casados Federico y Aurora, se quedarían en Ferrara, mientras que queda explicitado a lo largo de la obra que la hija del duque de Mantua ha abandonado su patria para vivir en Ferrara.

Federico es susceptible de encontrarse p r o n t o m a r g i n a d o , y la imperfección de su linaje h a c e de él el p u n t o flaco del sistema, y le obliga a su p a d r e a e n c o n t r a r una solución doblemente perversa, c o m o c o n t r a r i a a las leyes de la naturaleza (su p r o p i o c a s a m i e n t o c o n C a s a n d r a , que va en c o n t r a de la sucesión de las generaciones, y en c o n t r a de su p r o p i o gusto p o r el libertinaje), y c o n t r a r i a a la ley f u n d a d o r a de la c u l t u r a de la prohibición del incesto (Federico y A u r o r a ) , que se expresa en las limitaciones impuestas a los matrimonios endogámicos.

T a m b i é n nos p o d e m o s p r e g u n t a r p o r fin si se debe del t o d o a la casualidad el que Carlos a c o m p a ñ e a C a s a n d r a desde M a n t u a a F e r r a r a . N a t u r a l m e n t e , el e n a m o r a m i e n t o de C a r l o s y A u r o r a es fortuito, tiene t o d a s las explicaciones p o s i b l e s2 2, y se inscribe p e r f e c t a m e n t e en la evolución de la intriga (en p a r t i c u l a r p o r q u e A u r o r a , viéndose desdeñada p o r F e d e r i c o , a c e p t a las galanterías de C a r l o s ) . E n el p l a n o de la intriga, t o d a s las g a r a n t í a s e s t á n p r e s e n t e s p a r a h a c e r a c e p t a b l e , es decir v e r o s í m i l , el m a t r i m o n i o final entre A u r o r a y C a r l o s . Pero ello no quita que el desenlace al que llega finalmente la a c c i ó n choque c o n el p r o y e c t o inicial del duque, y a que lo que se realiza entonces es un intercambio de mujeres: una mujer de F e r r a r a c o n t r a una de M a n t u a . M á s a ú n , el p e r d e d o r es F e r r a r a p o r q u e , m u e r t a C a s a n d r a , no le ha r e p o r t a d o ningún beneficio al duque. De una situación a t a d a y bien a t a d a , c o n que s o ñ a b a el duque, y en la que su sobrina hubiera a p o r t a d o su hacienda — c o p i o s a — y sus títulos al casarse c o n su hijo b a s t a r d o , es decir una situación de e n d o g a m i a p e r f e c t a , en la que el interés dinástico superior se hallaría favorecido, hemos p a s a d o a una situación en que peligra la p e r p e t u a c i ó n del linaje del duque envejecido y solitario, pues es m u y p r o b a b l e que A u r o r a se va a m a r c h a r a M a n t u a c o n el M a r q u é s . Al r e s p e c t o a ñ a d i r é una última observación. E n una primera r e d a c c i ó n del t e x t o , el duque proponía a su sobrina que se c a s a r a c o n él en vez de irse p a r a M a n t u a :

Aurora, qualquieres Mas [antes Marques]

ser Duquesa de Ferrara

o [¿quizás uí] yr a Mantua con Carlos^{2 3}.

A la luz de lo d i c h o a n t e r i o r m e n t e , m e p a r e c e que estos v e r s o s n o s o n t a n s o r p r e n d e n t e s , es decir vienen c o m o una c o n s e c u e n c i a e s p o n t á n e a de la s i t u a c i ó n m a t r i m o n i a l de la c a s a de duque: el sentimiento es una c o s a , y el m a t r i m o n i o o t r a . Es la fuerza de la c a s a la que se expresa p o r la b o c a del duque c u a n d o le p r o p o n e a su sobrina que se case c o n él: así recuperaría el manque a gagner que representa el intento frustrado de enlazar a F e d e r i c o c o n A u r o r a y su c u a n t i o s a hacienda. Sin e n t r a r en m á s detalles p a r a c o m e n t a r un desenlace m u y a m b i g u o , diré p a r a concluir que el final de tragedia que e l a b o r a L o p e es a t e r r a d o r no solamente en el p l a n o p o é t i c o , es decir debido a la c a r g a patética que supone un espectáculo sangriento (con la doble muerte-sacrificio, y el

2 2 Hasta se preocupa Carlos, como perfecto caballero, de responderle a Federico que se permitió galantear a su prima después de haber notado que él se apartaba de ella, y que en suma tenía vía libre: «[...] a Aurora he servido en fe / de no haber competidor, / [...] / Bien sabéis que nunca os vi / servirla [...]» (El castigo sin venganza, vv. 2172-2178).

23 El castigo sin venganza, vv. 3000-3002 (cito por la ed. de Kossoff, con la variante a pie de página, de que me ocupo en Couderc, 2006b).

consecuente « d e s c u b r i m i e n t o » , o « a p a r i e n c i a » de los últimos versos, c u a n d o el duque c o r r e la c o r t i n a p a r a que se contemplen los dos c a d á v e r e s de Federico y C a s a n d r a2 4) ; el sentimiento de desolación y de soledad del duque responde t a m b i é n a una situación social en que peligra no solamente un individuo, sino, a través de él, t o d o el g r u p o social que e n c a b e z a . P o r este m o t i v o m e p a r e c e n e c e s a r i o h a c e r una lectura política de El castigo sin venganza, al lado de la o t r a , necesaria también, es decir la lectura poética.

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2 4 «En tanta / desdicha aun quieren los ojos / verle muerto con Casandra», dice el Duque, y la acotación indica: «Descúbralos» ( w . 3009-3011+).

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Resumen. En la tragedia, la condición social de los personajes implica que sus acciones tengan repercusiones políticas, es decir dinásticas cuando se trata de las alianzas matrimoniales en que están involucrados: ello es patente en El castigo sin venganza, donde son constantes las alusiones al tema matrimonial, así como las alusiones a las relaciones de parentesco que unen a los distintos protagonistas. Este artículo es un intento de aplicación de una falsilla de lectura de origen antropológico a la tragedia de Lope, con la ambición de explicitar el alcance y las implicaciones de las decisiones matrimoniales de los distintos personajes. El concepto de «sociedad de casas» propuesto por Lévi-Strauss permite leer la acción de la obra a la luz de las estrategias de reproducción social que se ventilan, y cuya conclusión es trágica no sólo en el plano patético, sino en términos políticos, ya que el desenlace cierra la acción con una situación política en que el Estado de Ferrara carece de descendiente capaz de subir al trono, después de la muerte de Federico y después de la partida de Aurora, que se marcha para casarse en Mantua.

Résumé. Dans la tragédie, la condition sociale des personnages associent à leurs actions des conséquences politiques, c'est-à-dire, en ce qui concerne le mariage, dynastiques; or le thème matrimonial est constamment présent dans El castigo sin venganza, associé qu'il est au duc de Ferrare mais aussi à sa nièce, Aurora, tout comme sont présentes les relations de parenté qui unissent les différents personnages. On tente ici de soumettre la tragédie de Lope El castigo sin venganza à une grille de lecture d'origine anthropologique, afin d'expliquer la portée et les implications des choix matrimoniaux des différents personnages. Le concept de «société à maisons» de Lévi-Strauss permet de lire l'action de la pièce à la lumière des stratégies de reproduction qui y sont mises en œuvre: la conclusion de la pièce est tragique sur le plan pathétique mais aussi en termes politiques, l'État de Ferrare se trouvant au dénouement dépourvu d'une descendance que le duc avait envisagé d'avoir avec sa nièce Aurora, une fois son fils bâtard Federico éliminé.

Summary. In tragedy, the social status of the characters gives to their actions political consequences, that is to say, as far as mariage is concerned, dynastical ones. Yet in El castigo sin venganza the matrimonial theme is constantly present, associated with the Duke of Ferrara but also with his niece, Aurora. The kinship relations are present in the same way. This study focuses on El castigo sin venganza with an anthropological perspective, in order to explain the impact and implications of the matrimonial choices made by the different characters. Levi-Strauss' concept of a "society of houses" (société à maisons) permits a reading the play's action in the light of the strategies of reproduction that are implemented: the conclusion of this being tragic on a pathetic level but also in political terms. Indeed at the dénouement, the state of Ferrara has not the dynastic descent the Duke had contemplated to have with his niece Aurora, once his illegitimate son Federico eliminated.

Palabras clave. Aproximación antropológica. El castigo sin venganza. Matrimonio. Tragedia. VEGA, Lope de.