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Diagnóstico rural participativo sobre o manejo de pragas e doenças do café em uma cooperativa de agricultores familiares.

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Academic year: 2021

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14030 - Diagnóstico Rural Participativo sobre o Manejo de Pragas e Doenças do Café em uma Cooperativa de Agricultores Familiares

Participative Rural Diagnosis on Integrated Pest and Diseases Management of Coffee in a Cooperative Family Farmers

DE LIMA, Túlio Luís Borges1; SOUZA, Matheus Fonseca2; GUZZO, Gabriel3; VIMERCATE, Ediézio4; MIRANDA, Rodrigo5; ARAÚJO, João Batista Silva6

1 Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural, Incaper, tuliolimaborges@gamil.com; 2 Incaper, matheus-ufes@hotmail.com; 3 Incaper,

gabrielflorestal@gamil.com; 4 Incaper, ediezio.vimercate@incaper.es.gov.br; 5 Cooperativa dos Agricultores Familiares do Território do Caparaó, Coofaci, atendimento@coofaci.com.br; 6 Incaper;

jaraujo_vni@yahoo.com.br

Resumo: O trabalho foi realizado nos municípios capixabas de Iúna e Irupi, por meio de

uma parceria entre a Coofaci e o Incaper. O objetivo foi desenvolver um processo de colaboração quanto ao manejo de pragas e doenças da cafeicultura dos cooperados Coofaci. Para o diagnóstico, buscou-se um caráter participativo. Foi dividido em três partes, diferenciadas segundo a metodologia utilizada. A primeira delas baseou-se na aplicação de entrevista semiestruturada; a segunda, na análise qualitativa das entrevistas; e, a terceira, na realização de uma oficina, com a construção de matrizes. Dentre os muitos resultados, os participantes priorizaram a comunicação entre os agricultores e os extensionistas como o principal foco a ser trabalhado, expresso na fala de um deles – “... todos tem muito a fazer nas suas casas, na sua propriedade, mas foi a primeira vez que veio alguém para ouvir críticas, problemas do agricultor, não somente expor a solução.”

Palavras-Chave: Cooperativa; Ferramentas Participativas; Agricultura Familiar

Abstract: The work took place in Iúna e Irupi – Espírito Santo as a result of the partnership

between Coofaci and Incaper. The goal was to develop a cooperative process with the associates of Coofaci that would lead to a better management of pests and diseases in their coffee plantations. To diagnose the main issues the work was made in three different parts, each with different methods. The first part consists in semi-estructered interviews, the second in the qualitative analysis of the interviews. The third stage had workshops where matrices were made. Among the results, the most important is that the communication between the extensionists and the farmers must be improved, as noticed by one of the interviewed farmers: "everybody has a lot of work to do in our homes, in our property, but this was the first time that somebody came here willing to hear our problems and critics, not just pointing solutions."

Keywords: Cooperative; Participatory Tools; Family Farming

Contexto

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de uma parceria entre a Cooperativa dos Agricultores Familiares do Território do Caparaó – Coofaci e o Instituto Capixaba de Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper, entre novembro de 2012 e abril de 2013.

Iúna, segundo o censo de 2010, conta com 27.328 habitantes, destes, 43% correspondem à população rural. Já Irupi, com 11.723, possui 62% de pessoas na zona rural. Os dois são municípios vizinhos e possuem áreas de 461 Km2 e 185 Km2, respectivamente. Estão situados no bioma da Mata Atlântica, mesorregião Sul, na região do Caparaó e são pertencentes ao Território do Caparaó (Proater 2011-2013). Já produziram, juntos, cerca de meio milhão de sacas de café (adaptado de IBGE 2011).

A Coofaci foi criada em 2005 por agricultores familiares, organizados em associações comunitárias. Segundo consta em seu sítio eletrônico, tem como objetivo promover a melhoria da qualidade de vida de seus cooperados, por meio da produção sustentável, do respeito às questões ambientais e sociais e, sobretudo, na busca por melhorias na eficiência produtiva das propriedades e da qualidade do café, por meio da adoção de práticas agrícolas sustentáveis e gestão da unidade produtiva. A cooperativa é o braço operacional para a comercialização dos cafés especiais produzidos com certificação “fair trade”. Atualmente conta com 200 cooperados. Destes, 28 são jovens e 22 são mulheres.

O objetivo geral desse trabalho foi desenvolver um processo de colaboração quanto ao manejo de pragas e doenças da cafeicultura dos cooperados Coofaci. Nesse contexto, destacou-se a necessidade de levantar junto à Coofaci o estado da arte do manejo de pragas e doenças; diagnosticar e identificar ações de Ater e pesquisa; contribuir para que os cooperados reflitam sobre o manejo de pragas e doenças em suas lavouras de café e construam soluções para as mesmas; fortalecer o espírito cooperativista; estreitar as relações entre Coofaci, cooperados e o Incaper.

Descrição da experiência

Metodologicamente utilizou-se o Diagnóstico Rural Participativo (DRP), o qual é um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e, a partir daí, comecem a gerenciar o seu planejamento e desenvolvimento (Verdejo 2006).

O público alvo abrangeu cooperados que participavam mais ativamente do cotidiano da cooperativa. O trabalho dividiu-se em três partes principais, diferenciadas segundo a metodologia utilizada.

Na primeira etapa aplicou-se entrevista semiestruturada, a qual é uma ferramenta que facilita criar um ambiente aberto de diálogo e permite ao entrevistado se expressar livremente sem as limitações criadas por um questionário (Verdejo 2006). O roteiro contemplou indagações relacionadas ao manejo das pragas e doenças do café, ao uso de agrotóxicos – estratégias mais comuns, vantagens, desvantagens e intoxicações – e sobre a produção de café fair trade.

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Foram entrevistados 44 cooperados, todos homens. As respostas das entrevistas passaram por uma análise qualitativa – concretizando a segunda etapa deste trabalho –, a qual trabalha com o universo mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (Minayo, 1999 citado por Schmidt, 2006). Da referida análise foram extraídos, por eixos, os principais problemas enfrentados pelos entrevistados.

A terceira etapa aconteceu em abril, com a realização de uma oficina com os entrevistados, buscando-se a construção de matrizes. Estas, em geral, comparam diferentes opções para poder classificá-las, analisá-las, hierarquizá-las ou avaliá-las (Verdejo, 2006).

Matriz de problemas. Os problemas e dificuldades levantados foram distribuídos em eixos pré-determinados e discutidos em grupos, cada um assessorado por um moderador. Questionou-se quais problemas extraídos das entrevistas não eram reais e deveriam ser desconsiderados ou corrigidos e quais deveriam ser inseridos. De volta à plenária, a matriz foi remodelada e finalizada.

Matriz de priorização de problemas. Essa ferramenta permite de maneira fácil priorizar os problemas identificados durante o diagnóstico, segundo sua importância e ou urgência (Verdejo, 2006). A priorização foi feita a partir dos eixos dantes criados, primeiro em grupos e, em seguida, em plenária.

Matriz de soluções desejáveis e ações. Buscou-se visualizar os cenários desejados para cada eixo problemático e as ações a serem desenvolvidas para que os mesmos sejam alcançados. Trabalhando em plenária, o moderador instigou os presentes a darem suas opiniões e, a partir daí, a matriz foi sendo construída.

Ao final da oficina, com o intuito avaliativo, ouviu-se dos participantes opiniões sobre o trabalho realizado até esse ponto.

Resultados

A oficina realizada contou com a presença de 27 dos cooperados entrevistados. No manejo de pragas e doenças, a maioria afirmou lançar mão somente do controle químico. Raras respostas giraram em torno de algo como:

"Eu não trabalho muito com veneno, eu gosto de recuperar o solo. Você trabalha com cobertura viva, mas também com calcário, com palha de café. Isso é uma forma de controle de pragas e doenças.” (agricultor de 50 anos)

A busca de orientação para esse tipo de controle é feita, muitas das vezes, com técnicos vendedores ou apenas vendedores. Poucos cooperados afirmaram buscar orientações com o serviço público de assistência técnica e extensão rural.

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Com relação ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI) quando da aplicação de agrotóxicos, muitos afirmaram usar, porém de forma incompleta.

"Rapaz, é obrigado a usar EPI, mas tem muita gente que vai bater que não quer usar não. É um problema isso.” (agricultor de 35 anos)

"Eu compro o EPI para os companheiros. Quando chego lá, aquilo 'tá' jogado 'prum' lado. Na hora do calor o povo tira.” (agricultor de 50 anos)

Poucos cooperados admitiram já ter se intoxicado. Muitos, entretanto, disseram que já tiveram dores de cabeça e tonturas, não reconhecendo isso como intoxicação.

"Eu já me intoxiquei com o uso de agrotóxicos. Senti vômito, dor de cabeça e dor no corpo” (agricultor de 37 anos)

"Ninguém se intoxicou, apenas sentiu mal-estar.” (agricultor de 59 anos)

As principais vantagens dos agrotóxicos foram garantir resultado rápido, controle fácil e aumento de produção. Como desvantagens foram comumente citados a contaminação do meio ambiente, o alto custo, a resistência de algumas pragas ao produto e o fato de o agricultor ficar refém do uso do agrotóxico.

A ferrugem do cafeeiro foi a principal preocupação da maioria dos entrevistados e 38 afirmaram conhecer variedades resistentes. Destes, 27 tem alguma delas plantada, mas apenas seis exploram essa característica. Ou seja, 21 aplicam agrotóxico, mesmo com a variedade plantada sendo resistente a essa doença.

Quanto à priorização dos eixos, relacionada, sobretudo à importância, o primeiro deles foi “comunicação técnico/agricultor”, seguido por “nutrição da lavoura”, “pragas e doenças”, “uso de agrotóxicos” e “variedades resistentes”.

Das situações desejáveis a partir dos eixos priorizados, destacou-se a demanda por uma maior e mais estreita comunicação entre os agricultores e os extensionistas. Foi sugerido fazer uso das emissoras de rádio, principal fonte de informações na zona rural e de mensagens de celular. Muitos admitiram não entender muito bem sobre a nutrição da lavoura, assim como o controle de pragas e doenças. Levantou-se a necessidade de capacitações em manejo integrado de pragas e de caráter participativo. Quanto aos agrotóxicos e suas negatividades, exigiu-se que o poder público participe ativamente na orientação do uso desses produtos. Para a exploração da resistência a doenças foi sugerido montar unidades de observação. Da avaliação final, feita em plenária, retirou-se algumas falas importantes como:

“Todos tem muito a fazer nas suas casas, na sua propriedade, mas foi a primeira vez que veio alguém para ouvir críticas, problemas do agricultor, não somente expor a solução.” (agricultor de 59 anos)

“Importante o trabalho, pois não há ninguém ensinando nada a ninguém, há soma de esforços.” (agricultor de 32 anos)

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“A abertura para nós mesmos falarmos dos problemas e propor soluções é um marco.” (agricultor de 36 anos)

As falas mostram o quanto os agricultores necessitam ser ouvidos e justificam a posição do eixo comunicação como prioridade. Ainda, lamentou-se a pequena participação de mulheres na oficina. A justificativa provável foi de não se ter incluído, efetivamente, as esposas dos cooperados quando das entrevistas.

Referências bibliográficas:

Coofaci. Disponível em <http://coofaci.com.br/ >. Acesso em 05 jul. 2013, 09:30:30. Coofaci. Regimento Interno, 004/2012.

IBGE, Produção Agrícola Municipal 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.

Instituto Brasileiro de Geografia – IBGE. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?

codmun=320265&search=espirito-santo |irupi>. Acesso em 04 jul. 2013, 08:20:00. Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural – PROATER 2011 – 2013. Disponível em <http://www.incaper.es.gov.br/proater/municipios/Caparao/Irupi.pdf.> Acesso em 04 jul. 2013, 10:10:00.

SCHMIDT, M. L. G.; GODINHO, P. H. Um breve estudo acerca do cotidiano do trabalho de produtores rurais: intoxicações por agrotóxicos e subnotificação. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, 31 (113): 27-40, 2006.

VERDEJO, M. E. Diagnóstico Rural Participativo: Guia Prático DRP. Brasília: MDA / Secretaria da Agricultura Familiar, 2006.

Références

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