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!i Exposição de Arte Sacra propõe ultilizar modos de exposição pouco

arrojados, justificação

denunciada

pela falta de recursos humanos

e

f,rnanceiros.''

A Exposição de Arte Sacra, para a qual

1."*foi.'n4.lt'r'

r.;.rir r i j Aspecto da Exposição dcArtc Sacra na Igreja do Carmo em 1950.

(Povo Álgarvio,26 de Julho de 1964, ano XXXI, n." 1571, p. 2)

a comunidade e várias instituições locais

tiúam

sido identificadas como potenciais agentes de empréstimo de peças,

propuúa

a implantação de três áreas expositivas: produções artísticas locais, fotograf,ra e documentaçãoJ'

Embora os estudos sobre a história e

o

património artístico de Tavira comecem nesta fase a ganhar peso, quer na vertente da sensibilizaçáo, quer

no

levantamento de bens artísticos, a exposição dificilmente poderia ser esclarecedora no âmbito historico e estético relativamente à

caracterizaçáo de todos os objectos. Acima de qualquer duvida ou lacuna de informação sobre as peças, motivo que por si só implicaria a insustentabilidade temática ou científica da exposição, está a ideia forte que a Comissão Organizadora defende, o ideal da fé. Esse ideal, invocado na exposição de arte sacra, e a explorar simbolicamente nos objectos, tem a intenção de conduzir o visitante ao passado artístico religioso local e ao encontro da mensagem acerca da virtude cristã.

As exposições, e neste caso aquelas que são temporárias, costumam deter um papel decisivo na propagação dos ideais do Estado Novo, nomeadamente, acerca da responsabilidade da protecção de bens culfurais, do respeito pelos antepassados e da valorizaçã,o da cultura local.rr

Encerra

a 2

de

Julho a

Exposição, entretanto adiada

devido ao

grande número de pessoas

I

I

Cfr.,PovoAlgarvio,Zl deMaio de 1950, anoXVI, n." 828, pp. I - 3.

I

'

Sabe-se que quanto ao tratamento museográfico as peças estavam acompanhadas de legendas (Cfr., Povo Álgar-vío,ZZdeAgosto de 1965, ano XXXII, n.o I 627,p. 4).

+

:

Cfr., Povo Algarvio,Zl de Maio de 1950, ano XVI, n.o 828, pp. I - 3.

I

I

Cfr., Sergio Lira, Exposições temporárías no Portugal do Estado Novo: alguns exemplos de usos políticos e ideologicos, 1 999, pp. 1 -2.

96

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interessadas em visitá-la. A festa de Nossa Senhora do Carmo impedia que se procedesse a novo adiamentol5

Concluiria simbolicamente a Exposição de

Arte

Sacra, que integrava no lote de peças as tábuas quatrocentistas de São Brás e São Pedro, e ainda as pinturas quinhentistas depositadas na igreja de São Paulo, com uma conferência dada pelo Reverendo Prior

António

Patrício, intitulada Árquitectura Cristã em Thvira, e posteriormente com um concerto de órgão pelo Padre Pinheiro e

Rosalo Não temos notícia da organ izaçáode outra exposição de arte sacra até

1970t/,'\,l.ro

I t)3 ).

Contudo, prosseguem os estudos e a elaboração de artigos sobre a história e o património local.

Aquele que agora destacamos originaria inclusivamente uma publicação.

Durante três anos, aproximadamente,

o

Povo

Algarvio

reserva nos seus números

um

espaço dedicado aos bens artísticos religiosos de Tavira. Assina o teor desses artigos

Álvaro

Pais, que mais não é do que o pseudónimo de Pinheiro e Rosa.

Interessada em formar um Museu de

Arte

Sacra em Tavira, a Comissão

Municipal

de Turismo, recorre à experiência da investigação e do conhecimento histórico que Pinheiro e Rosa vinha dando conta. Em 1966 os estudos que escreve para o Povo Algarvio são editados sob o título

Arte

Sacra em Thviracom o apoio dessa comissão*?

\,,.r,

r I t t-i i.

A descrição sumária de bens artísticos religiosos, aqueles que marcaram presençana Exposição de 1950 na Igreja do Carmo, principalmente, e em outras, é tratadanesses artigos. A metodologia

.1,5. Cfr.,PovoAlgarvio,25 deJunho de 1950, ano XVII, n." 833, p.

l.

16. Cfr., Idem, ibid., p. l.

-17. Inaugura esta exposição no dia 7 deAgosto o Dr. Jorge Correia, Presidente da Câmara Municipal e Deputado da Assembleia Nacional. Evento patrocinado pela autarquia, Secretaria de Estado da Informação e Turismo, e Comissão Regional de Turismo. Adquire algum mediatismo na ocasião recebendo alguma cobertura televisiva (Cfr., Povo Al garvio, I 5 de Agosto de 197 O,ano XXXVII, n.o I 8 87, pp. I - 3 ). espectáculo de semana do teatro (Casa da Comédia), um concerto da Orquestra Filarmónica de Lisboa, cinema e um espectáculo de marionetas (Cfr., Arquivo Histórico Municipal de Tavira, Actas da Câmara Municipal,Z de Julho de

1969 a5 deAgosto de 1970, sessão de 6 de Maio de 1970,fls. l5 I v.o - 152).

.18. Custara à autarquia três mil e duzentos escudos o fornecimento de quatrocentos exemplares. O Posto de Turismo

tiúa

sido o local escolhido para a venda dessas obras (Cfr., Arquivo Histórico Municipal de Tavira, Actas da Câmara Munictpal,20 de Outubro de 1965 a 6 de Dezembro de 1966, sessão de22 de Novembro de 1966,f1. 196).

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seguida na listagem dos objectos prevê a criação de categorias de tipos e em cada uma o local de proveniência. Igrejas de toda a cidade, tal como apelava a Comissão Organizadora da Exposição

de

1950, dão

o

seu nome

à

exposição, emprestando as mais variadas peças

do

seu acervo.

Esculturas em madeira, marfins, pinfura,

elementos

escultóricos em talha,

ourivesaria, paramentarta,

mobiliário liúrgico

e missais, constituíram tão diversificado lote de colecções na exposição.

Destacamos entre alguns desses tipos a imagem da Virgem com o Menino, objecto de estudo recente que o atribui ao século

XVlhma

pintura de Corrado Giaquinto da l.u metade do século

XVIII {Àncrtr ltlSt ou

a

Última

Ceia desenhada

por

Pedro

Alexandrino

de Carvalho na2.u metade

do século

XVIII50{

\ticrtr

l{tr-,1.

A Biblioteca Municipal, também ela

espaço de acolhimento de obras de arte, dispensava à Exposição do Carmo de 1950 algumas pinturad.' No conjunto das peças artísticas presentes na Exposição de 1950, algumas tinham estado antes

em eventos do género, entre eles uma Exposição em Portimão no Natal de L949, e na Exposição deArte Sacra em Faro no programa das festas dos centenários, já antes referida.

A

qualidade artística e

o valor histórico,

assim como a diversificação da

tipologia

dos bens

patrimoniais religiosos

tavirenses,

cria boas condições de viabilização de um

espaço museológico de arte sacra.

A

componente turística no espaço museológico não acaba com os objectivos de propaganda

política e

ideológica, embora comece

a

ser

visto

corno

um

traço dominante dentro do contexto cultural, social e económico local.

4.3.A

museológica e o estado do

turis

mo em

Tavira

Os instrumentos legais que balizavam a política museológica nacional no regime republicano são

49. Cfr., CarlaFernandes, Wrgem com o Menino,2003,p. 328.

50. SobrepinturasacraemTaviraveja-seoestudodelsabelMacieira,r4 pinturasacraemThvira(seculosXVaofl(), 2004.

-5 I . Cfr.,PovoAlgarvio,28 de Fevereiro de 1965, ano XXXI, n." 1602, p.4.

uas;e8

alterados após a implantação

do

Estado Novo.

As

linhas de actuação dos museus têm de se

ambientar neste período às novas propostas culturais e ideológicas. Um flagrante exemplo dessa actualização legislativa corresponde ao Decreto n.'20985 de 7 de Março de

l%2i.'

A lei em causa extinguia os Conselhos de Arte e Arqueologia, e centrava no Conselho Superior de Belas

Artes a última palavra

sobre assuntos

do foro do património cultural do

país. Aos municípios era dada a oportunidade, caso julgassem importante, de constituir uma comissão de arte e arqueologia. Este orgão consultivo da autarquia, formado necessariamente

por

figuras ilustres daterca e amantes do património histórico, constituía um núcleo importante na defesa e

na propaganda artístiça e culfural na zonaltEstavam-lhe incutidas, essencialmente, tarefas de

promover a

organização

ds grtrpos de amigos do património cultural local,

adquirir