Análise comparativa de cafés Conilon e Arábica em sistema agroflorestal e em monocultivo.

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X Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil – ISSN: 1984-9249 8 a 11 de outubro de 2019, Vitória – ES

ANÁLISE COMPARATIVA DE CAFÉS CONILON E ARÁBICA EM SISTEMA

AGROFLORESTAL E EM MONOCULTIVO¹

Marcone Comerio2*; Abraão Carlos Verdin Filho3; João Felipe de Brites Senra²; Paulo Sérgio Volpi4; Saul de Andrade5; Romário Gava Ferrão6; Maria Amélia Gava Ferrão7; Aymbiré Francisco Almeida da Fonseca7; Rodolfo Ferreira de

Mendonça8; Marcelo Antonio Tomaz9; Tafarel Victor Colodetti5; Wagner Nunes Rodrigues10; Edinei José Armani Borghi11; Gabriel Fornaciari11; Mateus dos Santos Pereira12; katyele Pereira Zanoni12; Gilmar Zanoni Junior12

1 _{Trabalho financiado pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café – Consórcio Pesquisa Café;} 2_{Extensionista Pesquisador, Engº Agrônomo, (Incaper), Marilândia-ES.}

2_{Extensionista Pesquisador, DSc, (Incaper), Cachoeiro de Itapemirim-ES.}

3_{Pesquisador, doutorando, M. Sc.,}_{Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Marilândia-ES.} 4

Pesquisador, Bs.,Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Marilândia-ES.

5_{Pesquisador MSc, Doutorando em Produção Vegetal, (CCAE UFES), Alegre - ES.}

6_{Pesquisador, D. Sc., Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Vitória -ES.} 7 _{Pesquisador, D. Sc., Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Café), Incaper, Vitória-ES.} 8_{Pós-Doutorando, DSc, CNPq, Cachoeiro de Itapemirim-ES,}

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Professor, PhD., Centro de Ciências Agrárias e Engenharias, Universidade Federal do Espírito Santo (CCAE-UFES), Alegre-ES.

10_{Pesquisador, D. Sc., Centro de Ciências Agrárias e Engenharias, Universidade Federal do Espírito Santo (CCAE-UFES), Alegre-ES.} 11 _{Téc. Agricola, Graduando Agronomia, IFES/Itapina, Colatina - ES.}

12 _{Téc. Agricola, Bolsista do Consorcio Pesquisa Café, Incaper, Marilândia-ES.} *_{Autor correspondente:}_{marcone.comerio@incaper.es.gov.br}

RESUMO: A cafeicultura é um ponto chave do agronegócio brasileiro e o estado do Espírito Santo é o segundo maior produtor nacional de cafés, caracterizando-se como o maior produtor de conilon do país. O consórcio de cafeeiros com espécies arbóreas possibilita uma série de benefícios à cafeicultura. Aplicado da forma correta, os consórcios possibilitam a atenuação dos estresses abióticos sobre o cafeeiro em regiões de clima limitante ao seu desenvolvimento. Portanto, este trabalho objetivou avaliar a produção do cultivo associado de café conilon e café arábica com seringueira em relação ao monocultivo. O experimento foi implantado na Fazenda Experimental do Incaper no município de Marilândia, estado do Espírito Santo sem irrigação, em monocultivo no espaçamento de 3,0 x 1,0 metro, com 10 plantas por parcela. O consórcio utilizou a seringueira no espaçamento de 8,0 x 2,5 metros com café no espaçamento 8,0 x 1,0 metro com 18 plantas por parcela. O delineamento estatístico proposto foi em blocos ao acaso, com quatro repetições, num esquema fatorial de 11 genótipos e dois ambientes (consorciado e monocultivo), em que foi avaliada a produção dos clones 102, 105 e 108 da variedade Diamante (ES 8112); 202 da variedade Jequitibá (ES 8122); 305, 307 e 308 da variedade Centenária (ES 8132); e o clone 409 da variedade Marilândia (ES 8143). Além destes foram avaliados o desempenho de genótipos da variedade de propagação seminal Robusta Tropical (Emcaper 8151) e dois cultivares de café arábica, Catuaí 81 e 86. As análises de variância e testes de médias (Tukey a 5% de significância) foram realizadas no aplicativo computacional GENES. Os melhores genótipos sob consórcio foram 202, 305, 409, 108 e 105 e os melhores no monocultivo foram 105, 202, 308, 108 e 102. Em ambos os sistemas, os Catuaís não foram eficientes e possivelmente não sejam indicados para o município de Marilândia.

PALAVRAS-CHAVE: Coffea canephora; Coffea arabica; manejo; melhoramento de plantas.

COMPARATIVE ANALYSIS OF CONILON AND ARABIC COFFEE IN

AGROFORESTRY AND MONOCULTIVE SYSTEM

ABSTRACT: Coffee growing is a key point of Brazilian agribusiness and the state of Espirito Santo is the second largest national producer of coffees, characterizing itself as the largest conilon producer in the country. The coffee tree consortium provides a number of benefits to coffee growing. Correctly applied, the consortia allow the abiotic stresses on coffee to be mitigated in regions with a climate limiting its development. Therefore, this study aimed to evaluate the production of associated cultivation of conilon coffee and arabica coffee with rubber tree in relation to monoculture. The experiment was carried out at the Incaper Experimental Farm in the municipality of Marilândia, state of Espírito Santo without irrigation, in monoculture with a spacing of 3.0 x 1.0 meters, with 10 plants per parcel. The consortium used the rubber tree in the spacing of 8.0 x 2.5 meters with coffee in the spacing of 8.0 x 1.0 meters with 18 plants per parcel. The proposed statistical design was a randomized block design with four replications, in a factorial scheme of 11 genotypes and two environments (consortium and monoculture), in which was evaluated the production of clones 102, 105 and 108 of variety Diamante (ES 8112); 202 of the Jequitibá variety (ES 8122); 305, 307 and 308 of the Centenária variety (ES 8132); and clone 409 of the Marilandia variety (ES 8143). In addition to these were evaluated the performance of genotypes of the seminal propagation variety Robusta Tropical (Emcaper 8151) and two arabica coffee cultivars, Catuaí 81 and 86. The analysis of variance and means methods (Tukey at 5% significance) were performed in computer application GENES. The best genotypes under consortium were 202, 305, 409, 108 and 105 and the best in the monoculture were 105, 202, 308, 108 and 102. In both systems, the Catuaís were not efficient and possibly not indicated for the municipality of Marilandia.

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KEY WORDS: Coffea canephora; Coffea arabica; management; plant breeding. INTRODUÇÃO

A cafeicultura é um ponto chave do agronegócio brasileiro ocupando 2,16 milhões de hectares do território nacional. Acredita-se que para o ano de 2019 a produção aproxime-se de 50,92 milhões de sacas de café beneficiadas (CONAB, 2019). No Brasil, a cafeicultura envolve 287 mil produtores distribuídos em 1900 municípios em 15 estados brasileiros (MAPA, 2018), sendo o estado do Espírito Santo o segundo maior produtor nacional de cafés, produzindo 13,7 milhões de sacas, com 8,9 milhões de café conilon e 4,7 milhões de café arábico, caracterizando-se como o maior produtor de conilon do país (CONAB, 2019).

O consórcio de cafeeiros com espécies arbóreas possibilita uma série de benefícios à cafeicultura, como: aumento da eficiência do uso do solo, maior controle de pragas (JONSSON et al., 2014), melhoria da qualidade do solo (MEYLAN et al., 2017), criação de habitat para espécies tropicais nativas (MOGUEL; TOLEDO, 1999), renda adicional pela produção de frutas e, ou, recursos madeireiros aos agricultores (CERDA et al., 2014; SOMARRIBA et al., 2014) além dos recursos florestais não madeireiros. Aplicado da forma correta, os consórcios possibilitam a atenuação dos estresses abióticos sobre o cafeeiro em regiões de clima limitante ao seu desenvolvimento (SILVA et al., 2013). Portanto, em virtude do impacto da cafeicultura e da série de benefícios do consórcio, este trabalho objetivou avaliar a produção do cultivo associado de café conilon (Coffea canephora Pierre ex Froehner) ou café arábica (Coffea arabica) com seringueira (Hevea brasiliensis) em relação ao monocultivo.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi implantado na Fazenda Experimental do Incaper no município de Marilândia, estado do Espírito Santo, Brasil. A altitude do local é de 148 m acima do nível do mar, relevo ondulado, solo classificado como LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos (EMBRAPA, 2018). O clima é tropical classificado como Aw (KÖPPEN; GEIGER, 1928), tipicamente chuvoso de novembro a fevereiro e parcialmente seco em março, abril e outubro e seco de maio a setembro, acumulando uma média de 1.164 mm de precipitação anual e temperatura média anual de 24,2°C (13,9 a 33,5°C). O experimento foi implantado em 29 de março de 2017, sem irrigação, em monocultivo e espaçamento de 3,0 x 1,0 metro, com 10 plantas por parcela. O consórcio utilizou a seringueira no espaçamento de 8,0 x 2,5 metros com café no espaçamento 8,0 x 1,0 metro e 18 plantas por parcela. O manejo executado foi seguindo as recomendações para o café conilon no estado do Espírito Santo (FERRÃO et al., 2019), com o objetivo de proporcionar intervenções semelhantes entre os ambientes avaliados.

O delineamento estatístico proposto foi em blocos ao acaso, sem parcelas perdidas, com quatro repetições, num esquema fatorial de 11 genótipos (tratamentos) e dois ambientes. Os genótipos que tiveram a produção, em Kg.pl-1, avaliados foram os clones de café conilon: 102, 105 e 108 da variedade Diamante (ES 8112); 202 da variedade Jequitibá (ES 8122); 305, 307 e 308 da variedade Centenária (ES 8132); e clone 409 da variedade Marilândia (ES 8143). Além destes foram avaliados o desempenho de genótipos da variedade de propagação seminal Robusta Tropical (Emcaper 8151) e dois cultivares de café arábica, Catuaí 81 e 86. Os ambientes em avaliação referem-se ao sistema consorciado de cafeeiros com seringueira e ao sistema em monocultivo.

A primeira produção dos genótipos foi avaliada na safra de 2019 em quilos de café colhido por planta (Kg.pl-1). A análise de variância e teste de médias por Tukey a 5% de significância foram realizadas no aplicativo computacional GENES (CRUZ, 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a análise de variância foi adotado o modelo matemático dado por: Yijk = m + Gi + B/Ajk + Aj + GAij + eijk, onde Yijk

representa a observação do genótipo i, no ambiente j e bloco k, m a média geral, G o efeito do genótipo i, B/Ajk o efeito

do bloco k, dentro do ambiente j, GAij o efeito da interação do genótipo i no ambiente j e eijk o erro experimental. O

resumo do resultado da análise de variância é apresentado na Tabela 1.

Verifica-se, pela análise de variância na Tabela 1, que não existe diferença estatística entre os ambientes e a interação destes com os genótipos. Contudo, foi significativa a diferença entre os genótipos e, então, é possível selecionar os materiais mais produtivos.

O CVg foi superior ao CVe e, desta forma, a razão entre esses foi superior a 1, valor favorável ao processo de seleção (FERRÃO et al., 2008). Quanto maior o valor do CVg maior a heterogeneidade dos genótipos e maior a possibilidade de seleção (Tabela 1).

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Tabela 1: Fonte de variação (FV), graus de liberdade (GL), soma de quadrados (SQ), parâmetros do teste de hipótese, coeficiente de variação genético (CVg) e coeficiente de variação experimental (CVe) da análise de variância da característica produção (kg.pl-1_{) no delineamento em blocos}

casualizados no esquema fatorial com dois ambientes e 11 genótipos de cafeeiros.

FV GL SQ QM Teste de Hipótese F p-valor

Blocos 6 0,97632 0,16272

Genótipos 10 12,22795 1,2228 QMG/QMGA 7,10491 0,23396 **

Ambientes 1 0,05702 0,05702 (QMA+QMR)/(QMB+QMGA) 0,52403 100,0 ns

Gen x Amb 10 1,72106 0,17211 QMGA/QMR 1,4531 17,99238 ns

Resíduo 60 7,1064 0,11844 Total 87 22,0888 Média 0,6284 CVe (%) 54,76 CVg (%) 57,67 Razão CVg/CVe 1,053

ns _{não significativo pelo teste F;}**_{significativo pelo teste F a 5%,}

O resultado do teste de Tukey demonstra a diferença entre os genótipos dentro de cada ambiente (Tabela 2). De acordo com o teste, os melhores genótipos sob consórcio foram 202, 305, 409, 108 e 105, sendo que o clone 202 foi melhor estatisticamente do que os clones 308, 102 e 307, o Robusta Tropical e os Catuaís, e o melhor no monocultivo foi o clone 105, se destacando em relação ao clone 307 e os Catuaís. Vale ressaltar que os clones 202, 308, 108 e 102 também foram estatisticamente melhores em relação aos Catuaís.

Tabela 2: Resultado do teste de Média por Tukey a 5% de significância para a produção em (Kg.pl-1) dos sistemas de cafeeiros consorciados com seringueira e o monocultivo.

Genótipo Consórcio Genótipo Monocultivo

202 1,5000 a 105 1,2800 a

305 0,8125 ab 202 1,2025 ab

409 0,7700 ab 308 0,9575 ab

108 0,7550 ab 108 0,9075 ab

105 0,7125 ab 102 0,8800 ab

308 0,6650 b Robusta Tropical 0,5425 abc

Robusta Tropical 0,5325 b 305 0,4750 abc

102 0,4850 b 409 0,4900 abc

307 0,3025 b 307 0,4375 bc

Catuaí 86 0,0600 b Catuaí 86 0,0200 c

Catuaí 81 0,0375 b Catuaí 81 0,0000 c

Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem estatisticamente entre si. CONCLUSÕES

1 - Não foi observada diferença significativa entre os ambientes para o ano em avaliação; 2 - Não ocorreu interação significativa entre os genótipos e o ambiente;

3 - Os genótipos mais produtivos para o sistema consorciado implantado nas condições deste estudo e durante o período avaliado foram 202, 305, 409, 108 e 105;

4 - Os genótipos mais produtivos para o sistema em monocultivo implantado nas condições deste estudo e durante o período avaliado foram 105, 202, 308, 108 e 102;

5 - Em ambos os sistemas, os Catuaís não foram eficientes e possivelmente a espécie Coffea arabica não seja indicada para o município de Marilândia.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a concessão de bolsas e apoio financeiro ao Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café – Consórcio Pesquisa Café.

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