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E NQUADRAMENTO G EOLÓGICO

3. E NQUADRAMENTO G EOLÓGICO 1 Geologia regional

3.1.1 Geologia e estratigrafia

O Anticlinal de Estremoz, estrutura geológica onde se insere a Pedreira Texugo, apresenta uma forma elíptica, com cerca de 42 km de comprimento por 8 km de largura máxima e está orientada segundo NW-SE. Inclui os concelhos de Sousel, Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal (Figura 3.1). Em termos de coordenadas geográficas, esta estrutura está localizada a uma latitude entre 38o43’N e 38o56’N e uma longitude entre 7o23’W e 7o43’W.

Figura 3.1 – Localização do Anticlinal de Estremoz em Portugal Continental. (Adaptado de Guerreiro, 2000).

O Anticlinal de Estremoz é uma estrutura que corresponde à subdivisão do sector Estremoz – Barrancos da Zona de Ossa-Morena (ZOM) e faz parte do Maciço Hespérico. Esta estrutura encontra-se individualizada devido às suas características litológicas, estratigráficas e tectónicas peculiares (Oliveira et al., 1991 in Henriques et al., 2006).

Ao longo dos anos tem sido motivo de discussão a idade das formações que compõem o anticlinal, no entanto, a sua sequência litológica há muito que é conhecida (Gonçalves, 1971, 1972 e 1973; Carvalho et al. 1971; Oliveira, 1984 in Lopes et al., 2008). De acordo com Carvalhosa et al. (1987) a sequência litológica do Anticlinal de Estremoz (Figura 3.2), da base para o topo, é a seguinte:

9 Proterozoico Superior – “Formação de Mares”, constituída por xistos negros e micaxistos com intercalações de metachertes e metagrauvaques. Este conjunto encontra-se fortemente dobrado e aflora na parte axial do Anticlinal (Gonçalves, 1974 in Guerreiro, 2000).

Câmbrico Inferior – “Formação Dolomítica” sucede, em discordância, à “Formação de Mares”.

Esta formação é constituída, da base para o topo, por conglomerados silicificados, arcoses, vulcanitos ácidos e básicos e intercalações de calcários dolomíticos e calcíticos.

Ordovícico (?) – “Complexo Vulcano-Sedimentar Carbonatado de Estremoz” (CVSCE), composto por mármores (cor variando entre branco, creme, rosa e cinzento), xistos e calcoxistos intercalados com vulcanitos ácidos e básicos e rochas peralcalinas. As datações mais recentes, realizadas em riólitos situados no topo da sequência, apontam a idade deste complexo para o Câmbrico médio/superior (Pereira et al., 2012). Segundo Gonçalves (1974) (in Guerreiro, 2000), em algumas zonas os mármores encontram-se dolomitizados à superfície, devido a dolomitização recente e secundária. A estas zonas de dolomitos secundários dá-se o nome de “Olho de mocho”.

Silúrico – Sequência de xistos com intercalações de liditos e xistos grafitosos.

Devónico – Conglomerados, alternância entre xistos e grauvaques.

Figura 3.2 - Coluna estratigráfica do Anticlinal de Estremoz. (in Lopes & Martins, 2010)

10 3.1.2 Tectónica

Segundo Lopes et al. (2008) o Anticlinal de Estremoz foi afetado pela Orogenia Hercínica e relativamente a esta é possível afirmar que ocorreram duas fases de deformação em regime dúctil não-coaxial mas contínuas, com formação de dobras. Assim, em andar estrutural inferior, na primeira fase de deformação forma-se o bandado metamórfico que os mármores apresentam (microxistosidade) a que se associam dobras com planos axiais de atitude variável e fracamente inclinados. A segunda fase de deformação é responsável pela orientação NW – SE do anticlinal, apresenta um carácter mais frágil e atua em andar estrutural superior, sendo responsável pela génese de dobras com planos axiais sub-verticais, ou muito inclinados para SE, e desenvolvimento de uma clivagem de crenulação nos xistos e clivagem de fratura nos mármores, ambas mais ou menos desenvolvidas.

De acordo com Ladeira (1981) e com Reynaud e Vintém (1992) (in Guerreiro, 2000), todo o maciço sofreu importantes esforços tectónicos que lhe provocaram, além dos dobramentos, numa terceira fase, intensa compartimentação. As direções mais importantes dessa compartimentação são as seguintes:

NNE–SSW – Fraturas dominantemente verticais, estando associadas, em alguns casos, a dolomitização secundária (“olho de mocho”).

ENE–WSW – Fraturas sub-verticais apresentam-se preenchidas, geralmente, por filões doleríticos (conhecidos na região por “Cabos Reais”).

Sub-horizontal – Fraturas sub-horizontais que podem apresentar inclinações máximas na ordem dos 30º e direções ENE-WSW ou NNE-SSW.

3.2 Geologia local

3.2.1 Litologia

A Pedreira Texugo encontra-se implantada no flanco SW do Complexo Vulcano-Sedimentar Carbonatado de Estremoz, num sinclinal de grandes dimensões, no qual o mármore apresenta cores claras que variam entre o branco e o creme, com intercalações de vergada xistenta de tonalidade acastanhada/avermelhada.

11 A unidade extrativa localiza-se nas proximidades do contacto dos mármores com os metadolomitos, que correspondem à base do CVSCE (Figura 3.3).

Figura 3.3 – Folha 6 da Carta Geológica da UNOR 4 (Lagoa). (Adaptado de Carvalho et al., 2008).

Na zona NE da pedreira estão presentes os metadolomitos, rochas sem interesse do ponto de vista ornamental, razão pela qual a exploração não evoluiu nessa direção.

A direção média dos estratos tem um valor próximo de N80oW, com inclinação que varia entre 20o e 50o para SW. Na parte SW da zona de exploração a céu aberto, onde se verifica diminuição da inclinação dos estratos, é visível a existência de um dobramento bastante acentuado apenas restringido àquela zona da pedreira.

A sequência litológica (da base para o topo) presente na pedreira é a seguinte:

N

12 - Metadolomitos;

- Mármore rosa, com alternância de mármore creme e um nível lenticular de azul na zona SW da pedreira;

- Mármore creme rosado, com vergada avermelhada;

- Mármore creme, com vergada castanha e verde;

- Mármore azul.

3.2.2 Fraturação

Relativamente à rede de fraturação que afeta o maciço rochoso, verifica-se que esta é bastante intensa nos primeiros pisos da exploração, diminuindo significativamente em profundidade.

Existe também uma variação na intensidade da fraturação ao longo da direção NE-SW, sendo que existe uma diminuição desta no sentido SW.

Através da realização de duas campanhas de sondagens efetuadas pelo CEVALOR em 1994 (uma sondagem) e em 1997 (três sondagens) foi possível estimar a densidade linear de fraturação que afeta o maciço marmóreo, a qual é cerca de 0,7 fraturas/m. A partir dos testemunhos das sondagens foi ainda possível determinar as principais famílias de fraturas que afetavam o maciço rochoso em profundidade, designadamente:

F1: Sub-horizontal;

F2: N60ºW; 40ºNE;

F3: N20ºW; 50ºNE;

F4: N70ºE; 50ºSE.

Durante o presente estágio foi realizado um levantamento de fraturação de superfície, o qual será abordado neste documento na secção 7.2.2.

CAPÍTULO 4

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