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Hoje, o futebol de mulheres

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Academic year: 2022

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FuLiA / UFMG, v. 4, n. 1, jan.-abr., 2019 – APRESENTAÇÃO

eISSN: 2526-4494 DOI: 10.17851/2526-4494.4.1.3-6

Hoje, o futebol de mulheres

Today, Women's Football

É muito comum em nosso cotidiano referirmos ao Brasil como país do futebol. No entanto, uma parte dessa his- tória ficou esquecida, pois por quase quatro décadas, as mulheres foram oficialmente proibidas de jogar bola (1941-1979) – a regulamentação do futebol feminino aconteceu apenas no ano de 1983. Tal interdição retar- dou o desenvolvimento da modalidade cujas conse- quências ainda hoje se fazem notar tais como a falta de profissionalização, visibilidade e reconhecimento.

Com o intuito de promover e aprofundar as discussões em torno do futebol feminino, tanto no Brasil como na América Latina, a presente edição da revista FuLiA / UFMG apresenta o dossiê FUTEBOL E MULHERES, que ana-

lisa a presença das mulheres no futebol em suas diver- sas manifestações e ocupações, evidenciando que ape- sar das dificuldades encontradas, as mulheres sempre se fizeram presentes nesse esporte e por meio dele exerceram (e exercem) atividades profissionais, de la- zer, de educação e sociabilidade.

Para tanto, na seção Dossiê, apresentamos o artigo

“Apresentadora, torcedora ou jogadora: Fernanda Gen- til, Larissa Riquelme e Marta nas representações das mulheres pelo jornalismo esportivo”, de Thalita Neves, que propõe uma discussão sobre as questões de gênero no jornalismo esportivo, um campo dotado de raízes que também envolvem preconceitos de raça e orienta- ção sexual, ao mesmo tempo em que se configura como uma área em potencial para a contextualização da sen- sibilidade e subjetividade jornalísticas.

Por sua vez, Carolina Bortoleto Firmino, com o artigo

“Empoderamento e relações de poder: a cobertura femi-

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nista da Copa do Mundo da Rússia pelo projeto dibrado- ras”, analisa como o blog dibradoras acompanhou a Copa do Mundo de Futebol Masculino, na Rússia, em 2018, apoiado na compreensão do empoderamento como o processo de questionar ideologias e relações de poder.

Já, o ensaio de Brenda Elsey, traduzido ao português por Larissa Brainer, “Energizadas pelo movimento de mulhe- res #NiUnaMenos, as equipes de futebol feminino desafi- am os patriarcas do esporte-rei da América Latina”, con- tribui para o presente dossiê com algumas questões emergentes que gravitam em torno do futebol feminino na América Latina, como a falta de reconhecimento das próprias instituições que dirigem o futebol.

Por meio do artigo “Estética do movimento e adestra- mento do olhar: considerações sobre o futebol brasilei- ro de mulheres”, de natureza teórico-conceitual, a auto- ra Talita Machado Vieira questiona os juízos de torcedo- res sobre o futebol de rendimento praticado por mulhe-

res, qualificando-o como pouco estimulante e não atra- tivo. E afirma que o futebol praticado por mulheres não evoca, por si mesmo, uma experiência estética desagra- dável, mas convoca a ampliação das sensibilidades do torcedor para acolher outras formas de manifestação desse esporte.

Outra contribuição é o ensaio de Caroline Soares de Al- meida, “O Estatuto da FIFA e a igualdade de gênero no futebol: histórias e contextos do Futebol Feminino no Brasil”, que analisa as mudanças ocorridas no futebol feminino brasileiro a partir da introdução da igualdade de gênero no estatuto da FIFA, em 2016, e apresenta uma reflexão sobre os relatos observados durante o trabalho de campo no interior do estado de São Paulo e as notícias publicadas em diferentes veículos de comunicação sobre essa temática.

“Precisamos falar sobre futebol, precisamos falar sobre a mulher nesse espaço esportivo”, de Naiara Souza da

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Silva, traz reflexões oriundas de sua tese Futebol e ideo- logia: a língua e a tatuagem no discurso de sujeitos tor- cedores da dupla Bra-Pel, escrita a partir dos pressupos- tos teóricos da Análise do Discurso (AD) de tradição em Michel Pêcheux. Especificamente, traz um recorte que diz respeito às mulheres torcedoras do Pelotas quando materializam em seus corpos tatuagens representativas do seu time de preferência.

Por fim, o dossiê conta com o artigo “Un análisis de las representaciones mediáticas y las desigualdades estruc- turales en el fútbol de mujeres en Argentina”, de Veró- nica Moreira e Martín Álvarez Litke, que estuda a rela- ção conflituosa entre atletas, instituições esportivas e a mídia, destacando a desigualdade e o tratamento discri- minatório em relação aos futebolistas do sexo feminino nessas áreas. Para tanto, por um lado, a autora diagnosti- ca as representações dos futebolistas no jornal Olé, e, por

outro lado, analisa os dados da observação feita durante o trabalho de campo no Club Atlético Boca Juniors.

Na seção Entrevista, “Sissi, a Imperatriz: entrevista com Sisleide Lima do Amor”, Silvana Vilodre Goellner conver- sa com a jogadora Sissi, em Concord, Estados Unidos, e aborda aspectos de sua trajetória esportiva, jogadora fundamental da primeira geração de futebolistas depois de revogado o Decreto-Lei 3.199.

A seção Resenha apresenta “La Nuestra Fútbol Feminis- ta: experiencias de un juego posible”, projeto argentino que visa o alargamento da prática futebolística de mulhe- res, desenvolvido por Maria Jose Berardi, Corina Russo, Jimena Aon, Victoria Dominich, Emiliano Royano, Juliana Lozano e Monica Santino. Ainda nessa seção, seguem os textos sobre os livros Sabe aquele gol que o Pelé não fez?

Eu fiz!: a trajetória esportiva de Duda (2018), de Silvana Vilodre Goellner e Suellen dos Santos Ramos, apresenta- do por Thiago Carlos Costa, e Entre as quatro linhas: con-

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tos sobre futebol (2013), organizado por Luiz Ruffato, es- crito por Gustavo Cerqueira Guimarães.

A seção Poética, dedicada às múltiplas possibilidades das abordagens artísticas do futebol e do mundo dos es- portes, traz a bela canção “Alexia”, de Samuel Rosa e Nando Reis, presente no álbum Velocia (2014), do Skank.

Por fim, a revista mostra nove fotografias de mulheres praticando o futebol, de Daniel Kfouri, que fizeram parte da exposição “Futebol e mulheres no país da Copa”, reali- zada na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, ao longo da Copa do Mundo FIFA 2014.

Desejamos uma boa leitura!

Porto Alegre e Lajinha/MG, 12 de junho de 2019.

Silvana Vilodre Goellner

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança - UFRGS

Gustavo Cerqueira Guimarães

FULIA / Faculdade de Letras - UFMG

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