MARIA ELISA
ROLOCHALETA
ABORDAGENS AO ESTUDO E
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM NO
ENSINO ST]PERIOR
DISSERTAÇÇÃO DE
DOUTORAMENTO ORIENTADA
PELA PROFESSORADOUTORA MARGARIDA ALVES MARTINS
I-INTVERSIDADE DE
ÉVORA
2002A tese ndo inclai as crlticas e suge$Aesfeitas pelo
júri
lr
MARIA ELISA ROLO CHALETA
ABORDAGENS AO ESTUDO E
ESTRATÉGIAS DE APREI{DIZAGEM NO
ENSINO SUPERIOR
(§
DISSERTAÇçÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOREMPSICOLOGIÀ APRESENTADA A IJNIVERSIDADE ÉVORA
ORIENTAÇÃO PELA
PROF.DOUTORÀ MARGARIDA ALVES MARTINS
APOIO IINAI{CEIRO DA FCT E DO TSE NO ÂMBITO DO M QUADRO COMI'NITÁRJO DE APOIO
UNTVERSIDADE DE
ÉVORA
2002)Çç- c 8 9-
N."3])ô
IJ.I]
Serviços ActrlÍrnir:os A tese não inclui as crilicas
e
gestões Íeitds peloiítti
Sector:
RESUMO: A
presente investigação insere-sena
perspectivados modelos SAL
(StudentsApprmches
toLearning\,
desenvolüda apartir
dos anos 70, que tenta estudar a experiênciada
aprendizagerna paÍtir de
descriçõesdos
estudantes,por
relaçãocom
os contextos em que esta ocoÍre e que determinou o con§truto de abordagens à aprendizagem.Este construto coúgurou-se como um instrumento conceptual
determinantepara
a compreensão de moüvações e estratégias de estudo e de aprendizagem aodistinguir
duasformas
fundamentaisde
abordagensà
aprendizagem(Martoq 1983; Marton &
Sâljô'1976a;
1976b): superficiale profund4 a que
posteriormente §e associoua
abordagem estratégica,identiÍcada
apartir
de metodologias quantitativas@ntwistle,
1986; Entwistle&
Ramsden, 1983; Ramsden& Entwistle,
1981).O estudo concretiza-se no âmbito do ensino superior, com
estudantes que Aequentamo
1oe o 4o anos dos cursos de Licenciatura err Ensino e
Licenciaturas direccionadaspara outras áreas profissionais (com alguma similaridade curricular)
edesenvolve-se em
torno
de objectivos gerais:o
primeiroüsa
a identificação de abordagens à aprendizagem e da percepção dos estudantes sobreo
curso que frequentam'eo
segundo,üsa a identificação de concepções de aprendizagerq estratégias cogrritivas
emetacogrr.itivas
de
aprendizagem, emoçõeVsentimentos relacionadoscom o
processo deestudo e atribuição causal para
o
sucesso acadernico. Pretende-se ainda verificar se existem diferençasentre os
estudantes, consoanteo ano e O curso que
frequentarn,e
analisar transversalmente as mudançasque podem ocoÍrer ao longo do
percurso académico na universidade.A
metodologia inerenteao primeiro objectivo recolre ao
questioruírio l,S1(Appr<nches to Studying Inventory) e ao CPQ (Course Perception
Questiotnaire)
desenvoMdo por Ramsden e Entwistle (1981) e, em relação ao segundo objectivo, opta-§epor
uma metodologia qualitativa paraa qual
sedeseúa um
questionário aberto sobre o estudo e a aprendizagem no ensino superior.Os resultados desta investigação indicam abordagens e concepções
de aprendizagem pouco profundas, estrategias cognitivas pouco complexas, insuficiente auto-regulação metacogritiva, emoçõevsentimentos negativo§ muito
acentuados(desespero/desânimo
e
stress/fadiga),atribuição do
sucesso escolarmuito
centrado em causas exteÍnas e uma percepçãodo
ambiente de aprendizagem assente numa exageradacarga de trabalho e como requerendo
essencialmentea memorização
(concepçãosuperficial). Verifica-se, ainda, que os estudantes evoluern conceptual
eepistemologicamente
ao longo do seu percurso
academico(do 1'para o 4o ano)
naUniversidade.
Abstract: This present investigation follows the sAL models
perspectives (students Approachesto
Leaming),dweloped
since the seventies, which triesto
study the experienoeof
learningfrom
the descriptionsof
students, concerning the contextsin
which learning process occurs and which determined the knowledge of approachesto
learning.This knowledge shaped itself as a decisive conceptusl instrument to
theof
moüvations and strategiesof
study and learning asit
discriminateshvo
fundamentalways of
approachesto leaming (MartoÍL 1983; Marton & SàljÕ'
1976a;1g76b):
úe
surface approach andthe
deepapproac[ which
has been lately associatedto
the strategic approac[ identified &om quantitative methodologies (Ent'rvistle'
1986;Entwistle
&
Ramsdeq 1983; Ramsden& Entwistle,
1981)'The
study takes placeat
theuniversi§ with
studentswho
attend thefirst
and thefour year of courses in Teaching and Licentiate's degree directed towârd§
oth€rprofessional areas (with some curriculum similarity) and dwelops around
generalobjectives: the
first
goal aimsúe
identificationof
approachesto
learning and the students' perceptionabout the
courseúey attend,
andthe
secondgoal
aimsthe identification of learning concepts, cognitive and metacognitive leaming strategies,
emotionvfeelings relatedto
the processof
learning andtheir
contributionto
the aoademic success'It is
also supposedto
checkif
there are differences amongthe
students, accordingto
the year and the course they attend andto
analyse transversally the changing that may occur thÍoughout the academioal couÍse at the University.The methodology iúerent to the first objective turns to the /§1
(ApproachestoSndyinglnventory)developedbyRamsdenandEntwistle(1981)andin what úe
second objeotiveis
concerned, a qualitative methodologyis
chosen and an open questionnaire about the study Üld learning at the Univer§ity is drawn'The outcome of úis investigation points out surface
approachesand
leamingconcepts, simple cognitive
strategles,insufficient self-regulation of the
metacogritiveprocess, stressed negative eÍnotions and feelings (despair/discouragemurt
andstresífatigue),
and grantingthe
academic succe§§to
external reasons and e perceptionof
the
learning enviÍonment basedon
an incorrectworking burde4 requiring
essentially thememorizing (surface
approach).one has verifred úat
studentsevolve
conceptual and epistemologically along their academic processfiom
firstto
fourthuniversity
year.AGRÀDECIMENTOS
À
ProfessoraDoutora Margarida Alves Martins pelo empeúo científico
e,muito
particularmente,pela
disponibilidade,incentivo
constantee
orientação nos pontos mais escuros deste percurso de quase quatro anos.À Professora Doutora Glória Ramalho, uma luz sempre presente
nos momentos de aÍlição.Ao
ProfessorLuís
Sebastião queproporcionou
as condições para que este trabalho fosseconclüdo
no momento preüsto.Aos
colegasque
prescindiramdo
seutempo e juntaram as
suas mãos àsmiúas
para escreverem com maiorrigor
e clareza o texto desta dissertação:Ao
ProfessorDoutor
António Neto pela abençoada caneta, que tudo alcança e tudo vê.À
ProfessoraDoutora
FernandaHenriques, pela reüsão
cuidadosa, pela preocupação e interesse constantes epela
imensa disponibilidade.A
Professora Doutora MadalenaMelo
pela paciência e rigor.À
ProfessoraDoutora
Constança Machado pelaleitura
atentae
pertinentes criticas e sugestões.Ao
ProfessorDoutor
Pedro Rosririo, pelo esclarecimento, pela atenção e pela solidariedade.Aos
colegasdo
Departamentode
Pedagogiae
Educação, que leccionavam disciplinas dos cursos de Licenciatura em Ensino,cujo contributo foi
determinante para a recolha de dados.Aos
estudantes das várias licenciaturasque
participaram nas diversas fases desta investigação e que üabilizaram este projecto.As
miúas
filhas (pelo tempo queúo
tiveram)Ao
meu marido (pelo tempo que me deu)VI
hucncERAL
3
-
Cognição, construtiüsmo ecoúecimento.
5057 57
4-
metacognição e aprendizagem4.
l.
Dimensiío maacogrritiva....VII
1.2. Referenciais teóricos... 77
1.2.l.
Referencial do processamento de informação 77 1.2.2. Refere'ncial centrado na personalidade - Estilos pessoais...&l
1.2.3. Referencialfenomenográúco
...901.2.4. Referencial
sistémico...
...922 - Concepções de aprendizagem dos estudantes...93
3 - Os modelos SAL (Sadents Approaches to
Learaing)...., ...98
3.1. Estudos qualitativos
-
abordagem fenomenogrrâfica de MâÍton...1003.2. Estudos quantitativos - contributos de Biggs e Enrwistle.... ... 103
3.2.1. Contributo
deBiggs
...1053.2.2. Contributo de
Entwistle...
...1103.2.3.Perspectivasquantitativastransculturais... ...l25
4 - Compreensão conceptual dos estudantes, objectos decoúecimento
e "orquestração doestudo"...
...1265 - Consciência metacognitiva e auto-regulação do estudo no ensino
superior...
...1416 - Novos rumos da investigação no ensino superior... . ...
..
,., , ,.., .147PARTE
tr -
Estudoempírico...
...:...152Capítulo
Itr -
Enquadramentometodológico...
...153I -
Objectivos do estudo e hipóteses deinvestigação..
...1541.1. Abordagens ao estudo e percepção do
curso...
...1561.2. Estudo e aprendi"agem no ensino
superior...
...1582.
Metodologia. ...I59
2.1. População alvo doestudo..
...1592.2.
AmostÍa...
...1612.2.1. Selecção da
amostra...
...1612.2.2. Cuactenzação da
amostra....
...1622.2.2.1. Anol
Cturso...
...,...1622.2.2.2.
Sexo...
...1632.2.2.3.1dade....
...1632.2.2.4. Ano de açesso ao ensino
superior...
...164uII
2.2.2.5, Atdem de prefer&rcia do çurso no aceseo ao onsino
2poior...,1ó4
2.2,2.6. Número de disciplinas a que reprovou no ensino zuporior,...'...165
2.2.2.7. Número de anos a que reprovou no ensino
superior.'..'..."."'."'.166
2.2.2,8,Húiliteções
literáÍias dopai.,...
...1662.2.29.Habilita*ões
literárias damãe...
...1672,2.2,10.
Nível
oorpacional dopai,..,....,...,...
,..,.,.,...,...1682.2.2.11.
Nível
ocupacional damãa...
...,...,...,...,,1692.3. lnstrumcntos e
procedimentos,...,...,...
.,,..,...1692.3.1. Instrumentos de recolha de
dados.,,,....,....,,.
...1692.3.1.1.4§I(ÀpproechestoStudylnventory) ...,...169
2.3.1.2. Questionário aberto sobro o estudo e a aprotdizagem no ensino
superior...
...,....,' lEO 2.3.1.2.1. Estudopiloto..,.
....;...,.,1E0 2.3.1.2.2. Versão dcfinitiva doquestionário.
...1E2 2.3.2.Procedimentos...,,.,....
,.,...,...1972.3.2.1. Reçolha de
d4dos.,,.,...,..
..,...,...,1972.3.2.2. lrrliúise de
d4dos...,..
...19E 2,3.2.2.1. Procedimentosestatístico§...,...,
..,...,,..,..1983. Dcscrição e análise dos resultados - Abordagens ao Estudo e Poccpção do Curso..2Ol 3.1, Abordagens ao
cstudo,,..,.,...
,...;...,2013.1.1. Difcrenças entre
o
louto
dos çursosA
eo
lo ano dos cursos 8..,.,...2013.1,2. Diferenças entre o 40 ano dos cursos
A
e o 40uto
dos çursos B...,.2043.1.3. Diferonças entre
o
louto
e o 40 ano de todos oe cursoE(A
o B)...,...2073.2. Percepção do
curso,....,..,..,
..,....,....,...,,.2103.2.
L
Diftrenças entreo
lo ano dos oursosA
eo
lo ano dos cursos B.,...,.2103.2.2. Diferorçag entre o 40 ano dos oursos
A
e o 4o ano dos cursos8.,,,.,.,,..212
3.2.3. Diferenças entre
o
lo ano dos curgosA
eB
e o 4o ano dosoursosAeB,....
...'.2134, Doscrição e análise dos rosultados - estudo
e
aprendizagem no ensino supcrior",..'.2154.1. Análise
desoitiva
dos temas ecategorias
...,...,...216IX
4.2. Análise
do
temaI
- Concepções deaprendizagem
...219 4.2.1. Concepçãosuperficial ...»O
4.2.1.1. Aumento de
coúecimemo
.221.223 .224
4.2.l.2.I[lorlrofraqfue
4.2.3. Shte,se dos
resrltados
do temaI
- Concepções de 4.3. Anrílise dotuna tr-
Esfategias de aprendizagern4.3.1. Estratégias cognitivas. .... ..
4.3.
l. l.
Estratégias de4.2.1.3. Aplicação de
coúecimento
...238 .234 .236 .237
x
4.4.3. Síntese dos resultados do Tema
Itr-
SentimentoVemoçõesenquanto
estuda...
...,...2714.5. Anáúise do tema
IV - Atribúção
causal do sucesso académico... ...2724.5.1. Analise da categoria causas
internas...
...2734.5.1.1. Análise da sub-categoria causas internas, estáveis e
inco
troláveis...2734.5.1.2. Anáüse da sub-categoria catsas internas, instáveis e incontroláveis..27S 4.5.1.3. Aaálise da sub-categoria causas internas, instáveis e controláveis...276
4.5.2. Analise da categoria causas
elrternas.
..,..,...2774.5.2.
l.
Analise da sub-categoria c&usas extenras, instáveis eincontroláveis.
...2774.5.2.2. Análise da sub-categoria causas extemas, estáveis e incontroláveis...278
4.5.3. Síntese dos resultados do Tema
IV
-Atribúção
causal do sucessoescolar..
...280Capítulo
IV
- Discussão global dosresultados...
...2921-
Abordagens ao estudo e percepção docurso...
...283l.l.
Abordagens aoestudo... ..,...289
1.2,
Pocçção
docurso...
...,...2941.3. Relação entre abordagens ao estudo e percepção do curso... ..:...296
2 - Estudo e aprendizagem no ensino
superior...
...2982.1. Concepções de
aprendizagem
...2992.3. SentimentoVemoções enquanto
estuda...
...31I 2.4. Atribuição causal do sucesso acadernico...3I3 CapítuloV -
Conclusõesgerais...
...316Referências
Bibüográficas...
...925Anexos...
...363XI
Íxorcr DE euADRos
Quadro
I
- Estratégias de auto - regulação da aprendizagem 70 94 Quadro 3 - Caracterísücas da abordagem superficial e daabordagem profunda
(lúartoÍl,
1 983 ; 1 986)... 101Quadro 4 - Escalas e sub-escalas
dol§§/§I"@nrwistle,l998a; 2000b)...'...".."..'..123
Quadro 5 - PopulaçiÍo alvo:
Cwsos...
..."160Quadro6-Populaçãoalvo: 1oe4oanosdosCursosAeB...'..."....161
Q,r.radro 7 - Amostra: lo e 4o anos dos cursos de ficenciatura (Cursos A / Cursos
B)...
'...:...'...'...'...'..162Quadro
I -
Amostra; 1o e 4o anos dos CursosA
eB
..."163 Quadro 9-
Soro; Cursos A/CursosB;
lo ano /4o ano...'...163Quadro
l0
- Idade; Cursos A/CursosB; loano/4oano....
...'.164Quadro
1l
- Ano de acesso ao ensinosuperior.. ...'...'....
164Quadro 12 - Ordern de preferência do curso no acesso ao ensino superior...'...165
Quadro
l3
- Número de disciplinas a que reprovou no ensino superior '.... .. '... 165Quadro
l4 -
Número de anos a que reprovou no ensinosuperior'..'..."..."....
.166Quadro 1 5 - Habilitações litenírias do
pai...
...,..167Quadro 16 - Habilitações literárias
damãe...
...167Q,uadro
l7- Nivel
ocupacional dopd...,..
...'....'...'168Quadro 18 -
Nível
ocupacional damãe...
... '169Quadro 19 - Escalas e sub-escalas
do
ASI (Approacheso
Sudyinglwentory)...,.172
Quadro 20- Estrutura factorial da Escala de Abordagens ao Estudo '...'...174
Quadro
2l
- Estrutura factorial da Escala de Percepção do Curso'... ' '. ... .177Quadro 22 - Estrutura factorial das Escalasl SI
eCPQ...
...179Quadro 23 - Temas das entÍeústas
semi-directivas..
...'...181Quadro 24 - Temas do questionário
aberto... ...'..."...".."..'.182
Quadro 25 - Diferenças entre
o
lo ano dos CursosA
eo
lo ano dos cursosB....'....202
Quadro 26 - Diferenças entre
o
lo aao dos CursosA
eo
lo ano dos cursosB...'...'.204
)íI
Quadro 27 - Diferenças entre o 40 ano dos Cursos
A
e o 4o ano dos cursos 8...205Quadro 2E - Diferenças entre o 4o ano dos Cursos
A e
o 4o ano dos 8...20E Quadro 29 - Diferenças entreo
lo ano dos cursosA
eB
e o 4o ano dos cursosA
e8...
...208Quadro 30 - Diferenças entre
o
lo aao dos CursosA e
o 4o ano dos B... ...209Quadro
3l
- Diferenças entreo
lo ano dos CursosA
eo
1o ano dos cursos B...210Quadro 32 - Diferenças entre
o
lo ano dos CursosA
eo
1o ano dos cursos B...211Quadro 33 - Diferenças entre o 4o ano dos Cursos
A e
o 4o ano dos cursosB...212Quadro 34 -
üferenças
entre o 4o ano dos CursosA
e o 4o ano dos cursos B...213Quadro 35 - Diferenças entre
o
10 ano dos cursosA
eB
e o 4o ano dos cursosA
e8...
...,...214Quadro 36 - Diferenças entre
o
1o ano dos CursosA
eB
e o 4o e dos cursosA
e B...214Quadro 37
-
Estudo e aprendizagetn no EnsinoSuperior...
...216Quadro 38
-
Estudo e aprendizagem no Ensino Superior - Volume de informação dasCategorias...
...218Quadro 39
-
Concepções deaprendizagem...
...219Quadro 40
-
ConcepçãoSuperficial...
...220Quadro4l -
Aumento decoúecimento...
...222Quadro42- MemorizaçãoeReprodução...
...223Quadro 43 - Aplicação do
Coúeoimento...
....,...,.224Quadro zl4
-
ConcepçãoProfunda
...226Quadro 45
- Compreensão....
..,...228Quadro 46
-
Ver algo de formadiferente...
...230Quadro 47
-
Mudar comopessoa...
...232Quadro 48
- TEMA I-
Concepções de aprendizagem(síntese)...,...235Quadro 49
-
Tematr -
Estratégias deAprendizagern
...236Quadro 50
-
TemaII -
Estratégiascognitivas...
...237Quadro
5l -
Tema tr- Memorização...
...238Quadro 52
- Elaboração...
...,..,240Quadro 53
- Repetição...
.,...,...,...,...242Quadro 54
- Repetição...
...243Quadro 55
-
Memorização apóscompreensõo...
...245)(III
Quadro 56
- Compreensão
...246Quadro 57
- Intopretação...
....,...247Quadro
S8-Estruturação
...248Quadro 59
- Aná1ise...
...250Quadro 60
- Contro1o...
...252Quadro
6l - Exemplificação
...254Quadro 63 -Planificação do
estudo
...256Quedro 64
-
Planificação doestudo
...259Quadro 65
-
Verificação daaprendi2agem...
...,...261Quadro66-TEMAII-Estratégiascogritivas...
...264Quadro 67
- TEMA II -
Estratégiasmetacognitivas...
...26,6 Quadro 68-
SentimentoJemoções enquantoestuda
...,...,...,...267Quadro 69
-
SentimentoVemoçõespositivos...
...268Quadro 70
-
SentimentoVemoçõesnegativos
...270Quadro
7l -
SentimentoVemoções enquantoestud4...
...,..212Quadro 72
-
Atribuição causal do sucessoescolar..
...,...,..,...273Quadro 73
-
Causas internas, estáveis eincontroláveis...
...274Quadro 74
-
Causas internas, instáveis eincontroláveis...
...275Quadro 75
-
Causas internas, instáveis econtroláveis...
...277Quadro 76
-
Causas exteÍnas, instáveis einoontroláveis.
..,....,...278Quadro
77-
Causas externas, estáveis eincontroláveis...
...27g Quadro 78 - TemaIV
-Atribúção
causal do sucessoescolar..
...280)(I
Írorcr oB FrcriRAs
Figura
l.
Dispositivo de tÍansrnissão deinfonnação
...25Figura
2
Componentes da metacogrlção e actiüdade metacogtitiva .. . .... ... ... ... ... . .62Figura 3
-
Dimensões causais e causas para o sucesso e o fracasso...66Figura 4
-
Sequência temporal do processocognitivo-afecüvo
...67Figura
5-
Dicotomia dos estiloscogritivos
...87Figura
6-
Concepções de aprendizagem - esquema interpretativo...97Figura 7
- Modelo
3P - Presságio, Processo e Produto de Biggs (1993)...107Figura
I
- Percurso da investigação de Entwistle entre 1968 e 2002...111Figura 9 - Modelo hcurístico do processo de ensino-aprendizagem no Ensino
Superior...
...113Figura 10
-
Conespond&rcia entre Abordagens à Aprendizagem e Peroepção doCurso...
...118Figura I 1
-
Desenvolvimento epistemológico e níveis de compreensão... ...129Figura 12
-
Diagrama de procedimentos usados narwisão
dos orames finais...138Figura 13
-
Estilos de estudo eabordagens...
...143xv
Írorcn or rrcrrRAs
Figura
L
Dispositivo de traÍrsmissão deinformação
...25Figura 2
-
Componentes da metacogntção e actiüdade metacognitiva...62Figura3-Dimensõescausaisecausasparaosuoessoeofracasso...,..66
Figura 4
-
Sequência temporal do processocognitivo-afectivo
...67Figura
5-
Dicotomia dos estiloscogriüvos...
...87Figura
6-
Concepções de aprendizagem-
esquema interpretativo... ...97Figura 7
- Modelo
3P - Presságio, Processo e Produto de Biggs (1993)...107Figura
I
- Percurso da investigação de Entwistle entre 1968 e 2002... I I 1 Figura 9 - Modelo heurístico do processo de ensino-aprendizagem no EnsinoSuperior... ...
...113Figura
l0 -
Conespondência entre Abordagens à Aprendizagem e Percepção doCurso...
...118Figura
l1 -
Desenvolvimento epistemológico e níveis de compreensão ...129Figura 12
-
Diagrama de procedimentos usados na revisão dos exames finais...138Figura 13
-
Estilos de estudo eúordagens...
...143xv
Írorcr or cn(rrcos
Gráfico
l-
Estudo e aprendizagem no Ensino Superior-
Temas..."... ...217ftfico
2 - Categorias/Frequências... ."....'....'...,...'.218
Gráfico 3
-
Categorias do TemaI-
Concepções de Aprendi2a9em...,..,219Gráfico 4- Concepção
superficial
.. ..,...'...221Gráfico6-Estratégiasdeaprendizagem...'...
...236Gráfioo 7 - Estratégias
cognitivas.
...237Gráfico 8 - Memorização da
informação...
...239Grafico 9 - Compreensão da
informação...'..
...,.246Grafico
l0
- Estratégissmetacognitivas...
..,...255Gnifico
Il-
Sentimentovernoções enquanto estuda.... ... ...,...267G'rafico
l2-
Atribuição causal do sucesso escolar...'...'...273INTRODUÇ4O 2
Todos os paises, particularmente os
euopeus,
se debruçam actualmente sobreos
seus sistemas educativos,a
formação profissionale a
investigaçãocientíficg
no sentido de criarem as melhores condições para fazer face a uma realidade, cada vezmais competitiva num
espaçode üwe
circulação,para a qual
setorna
necessário garantira
qualidade da formação educacional eo
nivelamento similar em termos de formação académic4 nasinstitúções
de ensino superior.A
declaração deBoloúa
de1999, configura-se como um maÍco destas intenções e a
suaimplicani
reformasao nivel dos
sistemas educacionaisde
cada pais, reformas nas instituições de ensino superior e mudanças de atitudes, dado que também pressupõeum novo
modelo de organizaçãodo
processo de ensinoe
aprendizagem, centrado, sobretudo, na aprendizagem pelo estudante.Ao longo dos
anos temosündo a verificar
quemuitos
estudantes revelam dificuldadesno
domínio e aplicação doscoúecimentos
adquiridos(ou
supostamenteadquiridos)
nas várias disciplinas curriculares. Acreditamos queum fraco
domínio doscoúecimentos
teóricos poderá explicar as dificuldades encontradas ao nível damobilização, controle, aplicação e transferência de coúecimentos e que
est&sdificuldades poderão estar relacionadas com
o tipo
de abordagern à aprendizagem e com a natureza das estratégias que utilizam no decurso do seu processo de estudo.Numerosos foram os estudos reali,rados no âmbito da aprendizagem, mas só a partir de finais dos anos 70 a preocupação se estendeu ao ensino superior, a
paÍtir
dos trabalhos realizados porMarton
e Siiljo, em 1976, na Suecia.No
trabalhoque
desenvolveram, marcadopelo
referencialMarton e
Sâljô(1976a;
1976b), pretendiam estudara
aprendizagem dos estudantes mediante metodologias qualitativas (entreüstas), apartir
da sua própria perspectiv4analisando os resultados finais da aprendizagery a forma como os
alunos processavam a informação e comparando as diferençasinter-indiüduais
presentes na relação entreo
processo e o resultado da aprendizagem. Procuravam ainda investigara influência dos
diferentesníveis de
processamentonos
resultados académicos,verificando que
resultavam essencialmentedo modo como a tarefa era
percebidapelos
estudantese pelo modo como
estes processavama informação. É
nestecontexto
queMarton (1983) introduz o
conceitode
abordagensà
aprendizagem edefine dois niveis de
pÍocessamentode informaç!Ío:
processamentode
nivelINTRODUÇúO 3
superficial
e
proc€ssamentode nivel profundo que
conespondema dois
níveis de abordagemà
aprendizagerqum dirigido para a
reproduçãoliteral da
informação (memorização),a Abordagem Superficial e outro dirigido para s atribuição
de significadoe
transformação da informação (compreensão), a AbordagemProfunda (Marton & Boot[ 1996
1997;Marton & SÍiljô,
1976a; 1976b). Destemodo,
oparadigna do
processamento de informação encontra-se subjacente aos trabalhos deMarton e Sliljó (1976a;
1976b), queBiggs (1993) e Enrwistle e
Waterson (1998) consideramlimitado por
conternplar apenasos
aspectoscognitivos, ignorando
os factores ernocionais e motivacionais.Para além da memória, outros factores como a
percepçãoda tarefq
os conteúdos académicos em si,o
interessedo
estudante pelo assunto, as expectativas do professor e as situações de stress são susceptíveis de influenciar a maior ou menorutilização de uma
abordagemface à outra. A ideia comum à maior parte
dos estudantes,de que o
sistemade
avaliaçãopriülegia a
memorizaçãode
factos em detrimento de um nível de compreensão mais profundo, pode influenciar, tamberq otipo de
abordagemutilizada
pelos estudantes(Entwistle, 1986;
1995;Enrwistle &
Marto&
1994; Entwistle&
WaterstoÍI, 1988; Marton e Sltljó,19764
1976b).Paralelamente
aos estudos de natureza qualitativa, surgem estudos
que investigam as abordagense
estratégias de aprendizagenr, mediante questioná,rios, apartir do
mesmo enquadramentoteórico, os
modelosSAL
(Smdent Ápproacheslo Lemnin§
de que são exemplo, em particular, oSndy
Process Queslionnaire (SPQ) de Biggs(
1987) e o Approachesío
StudyInventory (ASI)
de Ramsden e Entwistle(1981). Partindo de
referências teóricas diferentes estes questionários identificanr, pala alémdo construto superficiúprofundo (Marton e Sâljó,
1976a; 1976b), uma terceira abordagern denominada de estratégicapor Ramúen
e Entwistle (1981) e dealto
rendimentopor Biggs (1987),
que caracterizam as diferentes formas como osalunos referem estudar e que
apÍesentamuma intenção ou motivo
intimamente relacionado com um processoou
estrategia para concretizaÍ essa intenção.No
casoda
abordagem estratégica@ntwistle, 1986), o
estudante assegura-sede que
as condiçõese os
materiaisde estudo
sãoos mais
adequados, organizao tempo
epÍeocupa-se
essencialmentecom a obtenção de
sucessoacadémico e com
&realização
do menor esforço possivel (tentativa de
manipulaçãodo
sisterna deINTRODUÇÃO 4
avaliação através da anáüse de enunciados de testes e preüsão de possiveis questões, bem €omo têntativa de causar boa impressão aos professores).
No
caso da abordagem de alto rendimento@iggs,
1987),o
estudante baseia-se na competição e valorização pessoal tentandoobter
as melhores classificações (independentementedo
material a aprender ser ou nãosignificativo),
organizao
tempo eo
espaço de trabalho e atende ao que é requerido pelo professor (tarefas e avaliação).Os resultados obtidos
por
diferentes investigações indicam que a maioria dos estudantesutilizam
predominanternenteuma
abordagemsuperfioial,
s€quencial e orientada para a reprodução, que secancteiza
essencialmentepor
memorização defactos e ideias, por vezes
desconexos,e üna concepção mais
mecanicista ereprodutiva da aprendizagem (Caldeira, 1990; Chaleta, 1996;
Entwistle,
1986; 1988;Marton
e Sâljô, 1976a; 1976b) e que estas abordagens resultam da percepção que os estudantes têm sobre o que é requerido pelo oontexto académico.A
preocupaçãocom a forma como os
estudantes aprendem abrange, para alémdo tipo de
abordagemutilizada, os
processos de aprendizagem quelhe
estão subjacentes,ou seja, as
estrategiascognitivas utilizadas para aprender e,
ern particular, as estrategias que conduzem ao aprender a pensax e à auto-regulação dopróprio processo de
aprendizagem(estratégias metacognitivas). Neste
âmbito encontrarnosvários
estudos,como os
realizadospor Brown (1976;
1978), Flavell(1970, 1978,
1979)e Markman (1977, 1979, 1981), que a paÍtir do conceito
de metacognição investigam não só os processos de firncionamento do pensamento, mastambem o coúecimento e a actiüdade cognitiva centrados sobre os
própriosfenómenos
cognitivos.
Pretende-se, então, queo sujeito coúeça os
seus próprios processos cognitivos e os produtos desses processos e, sobretudo, que possa intervir, monitorizando-os e regulando-os (Flavell, 1978; 1979).As
abordagensà
aprendizagem,a
percepçãodo curso, as
concepções de aprendizageme as
estratégiasque os
estudantesutilizam para
estudare
aprender constituem as variáveis centrais desta dissertação, que se apresenta organizada em duas partes.A
primeira englobaa reüsão de literatura no âmbito
dos referenciaisteóricos
anteriormente assinalados (perspectiva fenomenográficae modelos
SÁL), produzidos pela investigação mais relevanteno
domínio da aprendizageá:no
ensinosuperior e, tambeÍÍL para a
compreensãode um conjunto de conceitos a
queINTRODUÇ4O 5
recorreÍrL
ou
que lhe estão subjacentes, e que decorrem de investigações anteriores,produádas pela psicologia ao longo de
decadas.Deste modo, o
enquadramentoteórico
apresentaum capítulo
centrado sobrea
investigaçãoda
aprendizqgem dos estudantesno
ensinosuperioç
sendo antecedidopor um
capítulo em quea
reüsãobibliográfica procuÍa uma maior
compreensãodos conceitos que lhe
estão subjacentes,o que determina o recurso a
algumasfontes bibliográficas
mais recuadas no tempo.A
segunda parte engloba o estudo empíricoque
se desenvolve em duas fases, correspondentes a dois objectivos gerais:- Na primeira fase procuraremos identificar o tipo de abordagem
à aprendizagemutiliz«la
pelos estudantesdo
ensino superior e sua percepção sobreo
curso que frequentam (tendo em conta a relevfuicia dada pelos modelos aos contextos de aprendizagem) recorrendoao
questionário Appraachesto
StudyInventory
(ÁSI) de Ramsden eEntüstle
(1981).- Na
segundafase procuraremos identificar as
estratégiascognitivas
e metacognitivas inerentesao seu
processode estudo e aprendizagel4
verificando aindase existe
desenvolümento conceptuale
epistemológicono
decursodo
seu processode formação
académicana
universidade, mediantea
realizaçãode
um estudo exploratório a partir de um questionário aberto.§ubsquentemente apresenta-se
a
discussãodos
resultadosque
contempla,pala
alémdas
síntesesdos
resultadose a da
sua análiseface ao
enquadramentoteórico,
em função das questões e hipóteses de investigação, algumas reflexões sobre o instrumento adoptado(ASI)
face à sua consistência e estrutura factorial.As
conclusões enceÍrarneste trabalho pelo confronto entÍe os
objectivosglobais
e os resultados analisados, procurando algumas inferências que conduzsm a umamaior
reflexão emteÍmos
de processo de ensinoe
aprendizagem, mesmo queparcelares tendo em conta a multidimensionalidade e a complexidade
da aprendizagerqde modo a contribuir, de
algummodo, para a maior
qualidade da aprendizagem do ensino superior.PARTE I
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
ctpÍrato t
o, ooNHECIMENTO E APRENDIZÁGEM
ENQUADRÁMENTO TEÓNCO
INTRODUÇÃO
A
preocupaçãocom a origem do coúecimento remonta à
Antiguidade (séculoIV
antes deCristo)
e aos filósofos gregos que debatiam questões e conceitos que,mútos
séculos depois, passariam aconstituir
o núcleo dos problemas estudados pela PsioologiaCognitivat
(Gardner, 1985;Pozo,
1996). Segundo Nchardson (1991) podem-se considerar três abordagens filosóficasqug
no seu conjunto, constituem um modelo explicativo e integrador sobre a origemdo
coúecimenlo:
oracionalisno, o
empirismo e o construtivismo.O racionalismo, iniciado na antiguidade por Platão e
defendidoposteriormente por Descartes e, contemporaneamente por
Choms§
e Fodor, advogaa irrelwância
da aprendizagem. Considera queo coúecimento
humano existe pré- determinado desdeo
nascimento .(reflexo de
estruturasinatas),
sendo reavivado através da dialéctica e da contemplação e que a aprendizagem consiste em actualizar ocoúecimento
que sempre se teve. O racionalismo defende que só aprendemos aquilo quejá
sabemos (Pozo, 1996).O empirismo,
originráriode Aristóteles,
defendeque o coúecimento
tem origem na experiência sensoriat e que as ideias se formam apartir
da associação de imagens recolhidas atraves dos sentidos.A
metáfora da "tábua rasa", presente durante séculos nacultura
educacional, defende queo coúecimento
resulta da experiência,que permite ao indiúduo formar
impressõesque se unem dando lugar a
ideias(Richardsoq
1991) e que a aprendizagem resulta de sensações que ocolrem mediante associação2@ozo, 1996). Esta concepção marca profundamente os
modelos behaüoristas que constróem modelos explicativos da aprendizagerq tendo por base o conceito de associação.I
Umafo".a
de entender a Psicologia Co$ritiva contemporâneâ é considerá'la apaíir
do s6u contêrío histoÍico.A
picologia cogtritiva não suÍge e§pontaneamenle, firndamenta'§e no coúecimento produzido pela FilosoÍia e desenvolve-se a partir de uma multiplicidade de trabalhos Íeafizados no âmbito do behaviorismo e da kicologia ila Fonna e sofre um grande impdso com o desenvolümento de nolas disciplinas comoa
neuropsicologiae a
inteligência artificial, em particular a partir dos anos 50 (Marine & Escribe, 1998; Richard, 1992).2 Esas leis da associação sâo Íetornadâs pelos behavioristas com idêntica desi8naÉo (Pozo, 1996): contiguidadé
(a
associação úí-se por conüguidâde no espaçoe
no tempo), sieilitud€(associação do que é semelhánte) e contrâste (as§ociaÉo do que é difeÍ€nte)
8
ENOUADRÁMENTO TEONCO
O
constrativisno.
pÍoposto porKant,
defende que é através da reflo<ão sobreas
experiênciasque se constrói a
compreensãodo mundo que nos rodeia.
Ocoúecimento resulta da integração entre a nova informação e a
informaçãoanteriormente
adquirid4
e a aprendizagem conduz à construção de modelos mentais capazes de integrara
informação que receber4 atribuindo-lhe significado,pelo
que aprender significa construção da realidade. Em termos educacionaiso
construtiüsmoé fortemente marcado pelo construtivismo Psicologico de Piaget e
peloconstrutivismo social de Vygotsky (PozÃ, 1996).
As
abordagens apresentadas antedormente, emparticular o empirismo e
oconstrutiüsmo, maÍcararn profundamente a Psicologia. O empirismo maÍca
os momentosiniciais da Psicologia como
Ciênciae o
desenvolvimentodos
modelos behavioristas,enquanto o construtiüsmo contribui para o desenvolümento
daPsicologia
Cognitiva3e a
concepçãodo sujeito como construtor do
seu própriocoúecimento.
Mayer (1992), a partir destas abordagens, descreve três
momentos sign!ficativos na construção dos modelostóricos
explicativos da aprendizagem.O
primeiro momento, (a primeira metadedo
século), reporta-se aos modelos associacionistas-comportamentalistas, cuja preocupação central residiano
e§tudo do comportameníoe na aquisição de
respostas.Até
aos anos50/60, os teóricos
da aprendizagem (essencialmente os behaüoristas) estavam convencidos de que a teoria geral da aprendizagem estava definida e que se aplicavatanto
aos animais como aos seres humanos.A partir
destaaltura (Mayer,
1992), momento em que a psicologiacognitiva enfatiza o significado da
aprendizageme desenvolve as teorias
do processamento de informação,o princípio
fi.rndamental da aprendizagenr, concebidocomo aqúsição de
respostasou informações
(baseadono
estímulo-resposta) e confinado à instrução-retenção, revela claramente osseus
limites e oruir
do edificio3 A
puicotogiamgnitiva
autonomizou-se, formandoa
sr:a própria identidade cientjfica, funalâmeútalmente det/ido a dois gmndes avanços. Prineiro, «tevitlo à queda da üsão úadiciotrâl da ciência malcada p€lo denominâdo "Positivismológico..
flstenrsvamqle as
leoriassó
sejustilicavan pot meio de ama rclação com Íactos obseruados, e que as con§tuçõe§ bórtcas eram signilicalivas somente se padessem ser obsenadas" @yseú
&
Keâne, 1994, p. E) ê, segudo, poÍque o behavioÍisoo fracassou na tarda «h o.plicaÍ satisfatorismenle a cogÂição huDana, müto limitado pela sua depdalência dos estimrúos e Íeaoções observáveis.9
ENQUADRAMENTO TEORICO 10
associacionistâ
toma-sê inevitável. Desta
abordagern restámas preoctpações
dos profesrcres com a definição dos objectivos educacionais, a organização da instnrçeopor
pequenos passos sequenciais, a clareza na apresentação da informaçãoou a
sua sequencializaçãode acordo com a sua complexidadg a orplicitação púria
das respostas desejadas e dos esquemas de reforço (Almeida& Mettrau'
1997).O
segundomomentq (entre os
anos50 e 7G80)
resultado forte
impactoproduzido
pelos estudosno
ânrbitodo
prOcessamento da informação,celtrados
nacogri@ hurnana e n aryisição de conlecimentos As teorias
cognitiü§ta§, preocupadas essencialmentecom a
aquisiçãode
conhecimento(em
partic'ular as teoriasdo
processaÍne[to de informaçãoao
estudarern a mernória eo
pensamento)contribuíram
significativamentepaÍa a orplicação da
aprendizagernhuman4
na medida ern que passsm a e»rplicar como siiodificadas
as redes de conceitos e a suaorg;ania$o e como
podenrso
recuperadas,posteriormentg na
mernóriaa
longo termo. Estes modelos, enúora ainda algo restritos, perrritem um elo mais directo como
ensinoe
aprendizagerndo
que as teorias anteriores@roadbent,
1980; Entwistle,1976; 1988a).
O terceiro momeÍrto (desde os anos 70-80) resulta de um
maioraprofundamento sobre
o
estudoda
cognição humanae do recoúecimento que o
sujeitotem um
papel determinantecomo construtor
dos seupróprio coúecimemo (perspectiva cogritivo-construtivista), através ü construúo de §gnifrcúos
eatribuição &
sentidos(Almêida,
1993;Roúrio,
1998). Os desenvolvimentos, ne§te âmbito, dAerminam o aparecimento dos modelos construtivistas que colocam a tónicano
aprender como construção decoúecimento
e de significado, em queo
sujeito é concebidocomo construtor do
seuproprio coúecimento e
em queo
professor se passa a centrar na promoção da aprendizagun significativa pelo aluno e na promoçãode esrategias que regulem o fluxo da informação entre
a§novas
situaçõese o coúecimento possúdo. É o ahno que dirigg controls e regula o§
proce§so§cognitivos
durantea
aprendizagern,nulna
perspectivametacognitiva (Almeida &
Mettrau,
1997).ENSUADRAMENTO TEORICO 11
Apresentamos, em seguida" e de forma
múto
geral, apenas os oontributo§ dos investigadores mais representativosde
cadauma
de§tas fasese que
mais impacto tiveram no domínio da aprendizagem em coÍrte)do educacional.1- DO COMPORTAMENTOÀ COGNIÇÃO
As teorias
assooiacionistasconstituem o ponto de partida para
odesenvolümento das teorias da
aprendizagemem Psicologia.
Profundamente marcadas, no início do seculo)O(
pelaFilosofiq
Fisiologia e Teorias Evolucionistas, defendema
sobrevivênciado mais apto e da inteligência animal @igge,
1977;Gleitman, 1993;
Tavares& Alarcão, 1990). O estudo
sobrea cogrição
humana também seinicia
nestaaltura,
quaseem
simultâneo, mas aportandoconcepçõe§
e metodologias de investigaçãomuito
diferenciadas,tanto
queo
§eu impacto só se fez sentir nas décadas de 50 e 60 (DelRio,
1990; Chaplin& Krawiec,
1978).A investigação da
aprendizagemtem como
principaisWilhelm Wundt, que cria na Alemanha o primeiro laboratório de
Psicologia Experimental eWilliam
James, nos Estados Unidos, onde fundao
Departamento de Psicologia de Harvard.No final do
século)CX
e primeiras décadasdo
século)O(
asinvestigações centram-se essencialmente em
três
áreas: investigações experimentais sobreo
processode
aprendizagem,estudo e
medida das diferençasindMduais
e estudo do desenvolvimento humano(Huseq
1979).I.I, AANÁLISE EXPENMENTAL DO COMPORTAMENTO
No final
do século)(IX
acorda-se a separação entre a Psicologia e a Filosofiae surge o primeiro laboratório de Psicologia Experimental na
Universidade deLeipág fundado por Wundt. Surge, então, primeiro
problema epistemológico e metodológico: afinal qual e o objecto de estudo da psicologia?Na Alemarúa, Wundt inicia os seu§ estudos tendo como obiecto a experiência consciente, analisando-a nos seus mais ínfimos componentes, atrave§ da introspecção, numa perspectiva que é claramento estruturali§ta.
Ao
procurar analisar a consciênciaENQUADRAMENTO TEÓRICO t2
humana considera a existência de aspectos externos e aspectos internos, defendendo que
os
primeiros constituerna
expressão zuperficial dos fenómenos da mentee
os segundos, os processos mais profundos que organizam o pensamento (Cadet, 1998).Wundt
estuda adultos normaise
inteügentestendo
como finalidade realizar pesquisas exclusivamente nomotétic&s (gerais) não atendendo a aspectos indiüduais.Apesar das marcas de cientificidade com que os estruturalistas revestiraln
a instrospecçãoe dos cüdados para impedir a inÍluência da subjectMdade,
não conseguirameütar que os
resultadosobtidos
pelos psicólogosúo
pudessem ser comparados entresi, o
queoriginou
duras oríticas e descrédito sobre a metodologia adoptada e quetiúâ
por base a introspecção (Vega&
Santoyo, 1993).Os primeiros
psicólogos norte-americanos, mesmosos que
estudaram comWundt, afastaram-se da perspectiva estruturalistq propondo uma
concepçãofunoional da
consciência:a mente constituía um instrumento de
adaptação do organismoao
ambiente(da forma mais
adequadae
economizandoo máximo
deenerga),
concepçãooriginaria de
James(Cadet,
1998).A
perspectivade
James e contaminada pelasteorias
evolucionistas(Darwin) surgindo,
assim,a
preocupaçãocom as
diferençasindiüduais e a sobreüvência dos mais aptos.
Considerado opsicólogo mais proeminente da sua époc4 abre camiúo ao funcionalismo
e behaüorismo, alargandoa
concepção da consciênciahuman4
que passa a abrangertodos os
seres humanosem todas as
circunstâncias(e não
apenas seres adultosnormais). Considera que todos os
estadosmentais determinam uma
actividadecorporal (motora) pelo que existe uma
relaçãoentre a
realidadepsicológica e
arealidade fisiológica (Husén, 1977). Concede
especialatenção ao processo
de aquisiçãode
habitos,üstos como
instrumentos imprescindiveis paraa
adptação ao meio ambiente.O
funcionalismo norte-americano aceitacomo
métodosa
introspeoçãoe
a observação, considerando aüda
humana como um processobiológico
de mudança e adaptação continuose
coordenados,pelo
quea
condutaé
adaptativae
intencional.Assirq os hábitos, a
consciência,as
emoções,a
aprendizagempor
associação, a vontadee outros
factores, são instrumentos paraa
adaptação, resultantes de duas actiüdades, fisica e psíquica em constaÍrte e necessária interacção.ENOUADRÁMENTO TEORICO 13
Thorndike desenvolve os seus estudos nesta época, mas aproxima-se mais da perspectiva condutista.
A
sua tese de doutoramento (publicada em 1890) coloca-o na vanguarda da psicologia da aprendizagem.Define mnceitos
e leis de aprendizagem que se repercutem durantemuitos
anos,tendo por
base umateoria
que concebe a aprendizagemcomo uma
sédledz
conexõesou vínctlos
estímulo-resposta (E-R),procurando analisar o modo como estas
conexõespodiam ser fortalecidas
ou enÊaquecidas (Chaplin& Krawiec,
1978).Para Thorndike
aprenderera
resolverum problernq no
sentidoem que
a aprendizagem resultava da conexão, ao nível do sistema nervoso, entre um estímulo euma
reacção, conseguida apósuma série de tentatives e eÍro§. Define três
leis fundamentais paraa
explicaçãoda
aprendizagem:lei da maturidde
específica ouprontiüo (a
aprendizagem efectua-se seocoÍrer
cono<ão entreum
e§tímulo e uma reacção num organismo preüamente preparado),lei do
exercício oufrequência (
a repetiçãosó
conduzà
aprendizagem sefor
acompanhada de resultados positivos e recompensas)e a lei do eÍeito (a
satisfação,a
ausênciade satisfação ou
o aborrecimento queacompaúa a
acçãodependem
da conexão entreum
estímulo e uma reacção reforçada ou enfraquecida).A
perspectiva de Thomdike, resultantedo
experimentalismo animal(do
qualfoi pioneiro) teve um efeito
desumanizarteem relação à
educação. Encontrava poucas diferenças básicasentre a
aprendizagem animale human4
deixando como legado uma espécie de evangelho da pessoa mecânicq queüa
as crianças e os animais semelhantes a autómatos(Gletmaq
1993). Apesar dacriticq
é necessário assinalar o seucontributo ao Íealçar a
importânciada
motivaçãoe ao
elaboraro
conceito detransferênci4 que postula que quem
aprende consegueenfrentar melhor
novos problemasse
estescomportarem
elementos semelhantesaos que já tiúam
sido anteriormeÍrte resolvidos com sucesso (Bigge, 1997).A
Psicologia desenvolüda a partir da perspectiva da investigação experimentalanmal (Psicologia animal e amparada) é
seguidapelos
fisiologistas russos, ern particular Pavlov, que se debruça pelo que actualmente se denomina condrc ionamento classico e que consiste num método mais objectivo para analisar as relações estímulo- resposta (Vega, 1993), ousejq
analisar a possibilidade de estabelecer cono(õe§ entreENSUADRAMENTO TEÔRICO 14
os estímulos ambientais neutÍos e a actiüdade fisiológica do organismo. Para Pavlov as relações entre
o
organismoe o
seu meio estóelecern-se atraves de uma relaçãoque é psicológica e que supera o determinismo biológico pelo que defne
a aprendizagerncomo resultado de reflexos condicionados, obtidos mediante
asubstitúção de
estimulos incondicionadospor
estímulos condicionados (Tavares&
Alarcão, 1990). Para que a aprendizagem
pennanecesseseria
necessária acontiguidade (proximidade temporal) e a repetição de estimulos e
respostas(GleitmaÍL 1993).
Ao
descobrir queo
condicionamento de reflocos levava a efeitos secundários(quando um estímulo
condicionadoé
associadoa um reflexo,
entãoestímulos
similarestambém podem
despertara
resposta)propõe o conceito
de generalizaçãodo
estímulo. Para além da generalizaçãoPavlov
define outras lei§ de aprendizagem como aquisição, extinção e condioionamento selectivo, utilizando-os no sentido de criar um modelo várlido paratodo
o üpo de aprendizagem @eese&
Hulse,te7s).
Watson não aceita que a mente seja
o
objecto da Psicologia porqueo
único método para a estudaÍ é a introspecção, que fracassa como metodo face à disparidadede
resultadosque produz (Vega, 1993) e preconiza que os psicólogos
devem consagraÍo
seu trabalhoà
investigação dacondun o! comport
rrenro ob§ervável (Cadet, 1998), dando início ao modelo comportaÍnentalisla (behavirismo).O
objecto da psicologia é a aruílise eo
estudodo
estimulo para predizer e controlar (provocar oueütar)
um certotipo
de resposta que sejaútil
ou conveniente (pragmatismo).As
opções teóricas do behaviorismo inicial, incluindo a de Watson, consistemem estudar os
comportamentose./ou as condutas, a partir da acção que
umdeterminado
esíimulo produz
sobreum
organismo, paraproduzir wa
re§posta.A
certo tipo de estímulos correspondem
sistematicamente,sob a forma
decomportameritos,
certas
respostas.O objecto da ciência psicológica
consiste erncoúecer, predizer e
posteriormentefacilitar (se são positivas) ou inibir (se
são negativas) o estúelecimento das ligações entre os estímulos e as re§postas (Chaplin&
Krawiec, 1978). Estas primeiras teorias, denominadas de
associacionistas' compofiamenalisías
(associaçãoou conexão
estimulo-resposta) baseiamos
seu§estudos nas sensações, experiência sensorial e leis da associação, cujos principios se
ENSUADRÁMENTO TEONCO 15
desenvolvern,
particularmente, após a terceira
décadadeste seculo (Chaplin &
Krawiec,
1978).Os trabalhos de Watson são continuados por Guthrie,
Hull,
Skinner e Tolman' Guthrie segue o trabalho dewatson,
rejeitando qualquer conceito psicológicoque
pudesseter
conotação mentalista.Elabora uma teoria de
aprendizagem, que consisteno
condicionamento clássico sernreforço
e tem como conceito central alei
da contiguidade. se um determinado estimulo ou padrão de estímulosfor
seguido de umâ resposta, então sempÍe que o estímulo swja a resposta produz-§e, ou sej4 ocorreem
simultâneo (emparelhada), dandoorigem a
sequênciasde
estímulose
re§postas sem necessidade de recorrer a recompeÍls4 reforço ou efeito(Hilgard,
1975)'Para criar as condições que pÍomove§sem a aprendizagern, Guthrie acreditava
que o
professordwia proporcionar o estimulo a
queo aluno
devia responder' O processo de aprendizagem poderia ser controlado mediante a manipulação de padrõesde estimulos
ernparelhadosa padrões de respost4 ou sej4 resultaria
do emparelhamento de acontecimentos, processando-se de forma repentina e não gradual (Bigge,te77).
A psicologia concebida como ciência do comportamento foi ainda
mais radicalizadapor skioner (1971), a partir da opção pela aúiise experimental do comportanento o
queinüabilizou,
durantemüto tempo, o
estudo de factores tão importantes como alinguagenl
a memória, a percepção e a inteligência entre outros.Tal como Watson, Skinner oonsiderou que apenas os comportarnentos deüam ser estudados e não a experiência con§ciente.