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REFLEXÕES SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DE UM TRABALHO DE CAMPO QUE ESTIMULE A ARGUMENTAÇÃO E A ENCULTURAÇÃO CIENTÍFICA DOS ALUNOS

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Academic year: 2022

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REFLEXÕES SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DE UM

TRABALHO DE CAMPO QUE ESTIMULE A ARGUMENTAÇÃO E A ENCULTURAÇÃO CIENTÍFICA DOS ALUNOS

GRANDI APARECIDA, L. (1) y MOTOKANE TADEU, M. (2)

(1) Instituto de Física. Universidade de São Paulo - Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP luzienegrandi@yahoo.com.br

(2) Universidade de São Paulo - Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP.

mtmotokane@ffclrp.usp.br

Resumen

A linguagem das ciências na sala de aula e no trabalho de campo muitas vezes é desprovida de sentido para os alunos. Refletindo sobre essas questões, pesquisadores investigaram como o discurso nesses ambientes favorecia o raciocínio lógico e a enculturação científica. Entretanto, pressupondo-se que a sala de aula e o trabalho de campo tenham funções de igual importância na educação em ciências, o objetivo desse trabalho é discutir como aliar as atividades de ambos os locais, propiciando aos alunos oportunidade de contactar a cultura da ciência através do estímulo da argumentação. A exemplo, uma pesquisa realizada na Espanha será analisada de forma a refletir sobre suas contribuições com relação à enculturação

científica da classe.

Objetivo

Analisar os resultados de artigos de outros autores, discutindo acerca das possibilidades e das dificuldades que surgem, quando se pretende aliar as atividades de trabalho de campo àquelas desenvolvidas na sala de aula e propiciar aos alunos uma oportunidade de contatar a cultura da ciência através do estímulo da argumentação.

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Marco teórico

O processo pelo qual ocorre a apropriação e uso, pelos alunos, das regras, valores e linguagens que fazem parte da cultura científica, tem levado à reflexão de inúmeros pesquisadores (Capecchi & Carvalho, 2006), sugestionando um ensino de ciências qualitativamente melhor. E a análise da argumentação representa uma das maneiras de se estudar a construção conhecimento científico sob esta perspectiva.

Podemos, então, definir a argumentação, como a justificação e a legitimação do conhecimento, ou mesmo a capacidade de relacionar dados e conclusões, avaliando enunciados teóricos à luz de dados empíricos e de outras fontes, práticas estas requeridas no discurso científico (Jiménez, 2007). Por isso, incluir a capacidade de argumentação nos objetivos do ensino de ciências significa também reconhecer as complexas interações existentes na aprendizagem, considerando que fazer ciência é também propor e discutir idéias, avaliar alternativas, eleger diferentes explicações e ampliar a visão da aprendizagem das ciências.

Aspectos assim são muito investigados no ensino formal, ficando mais aquém as atividades de ensino-aprendizagem realizadas em espaços não formais de ensino, como os trabalhos de campo em ambientes naturais, mesmo estas sendo definidas como motivadoras e por constituírem um instrumento de superação da fragmentação do conhecimento, além de possuir diferentes papéis didáticos, como o

ilustrativo, indutivo, motivador e investigativo (Compiani & Carneiro, 1993).

Assim, as aulas que envolvem trabalho de campo podem ter um grande potencial para estimular a argumentação e mediar a construção do conhecimento científico do aluno conjuntamente com as aulas aplicadas no espaço formal de ensino. Pois, enquanto à sala de aula compete a função de fornecer o cenário com as entidades do discurso através do suporte visual, no campo esse cenário é recortado do meio material pela observação, que apreende as relações espaciais, informações de escala, profundidade, forma, textura, temperatura, por exemplo (Fernandes, 2007).

Entretanto, questões relacionadas a responder se os alunos argumentam cientificamente no trabalho de campo e como argumentam, ou como deve ser a atividade de campo para estimular essa argumentação, nem sempre são investigadas. Conseqüentemente, não se obtêm respostas que contribuam para o auxílio de um melhor planejamento das atividades de trabalho de campo em aulas de ciências e biologia,

aproveitando toda a sua potencialidade. É importante que haja uma complementaridade entre o estudo na sala de aula e, principalmente o estudo no campo, de forma que as atividades que ocorram nesses locais sejam integradas.

Desenvolvimento do tema

O artigo de López & Jiménez (2007), apresenta uma pesquisa desenvolvida com alunos de 9-10 anos durante uma seqüência de ensino que aliava as atividades aplicadas em sala de aula ao trabalho de campo em um brejo. Já a pesquisa de Fernandes (2007) trata dos modos semióticos que aparecem em uma

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atividade de campo complementar ao conteúdo curricular de uma determinada escola. Farei uso destas propostas de trabalho como exemplo para a discussão sobre o papel da investigação da argumentação no discurso desenvolvido nestas circunstâncias.

Os resultados obtidos pelos pesquisadores López & Jiménez (2007), utilizando-se inicialmente o Padrão de Argumentação de Toulmin como ferramenta para analisar a argumentação oral dos alunos, mostrou que, mesmo o brejo sendo um ambiente que pode propiciar aos alunos a oportunidade para aplicar os conteúdos biológicos aprendidos numa situação real, em discussões diversas, somente 25% do total de alunos

argumentou mais.

Fernandes (2007) observou em sua pesquisa que tanto monitores como alunos utilizaram apenas duas modalidades semióticas: a fala e os gestos. Sendo que a fala dos monitores compreendeu cerca de 60%

das interações comunicativas e os gestos destes compreendeu 20%; as falas dos alunos correspondem a aproximadamente 20% das interações comunicativas e os seus gestos não chegam a completar 1% das interações. O monitor é o agente que conduz a aula de campo, produzindo a maior parte das mensagens e a participação dos alunos fica, em grande parte, restrita a fornecer respostas às perguntas do monitor.

Dessa maneira, ficou claro que atividades de campo, mesmo sendo bem planejadas, muitas vezes não atendem aos objetivos relacionados a estimular a argumentação dos alunos. Nas duas pesquisas mencionadas, evidenciaram-se as dificuldades da maioria dos alunos para expor oralmente sua opinião, demonstrando a necessidade do professor (ou monitor) realizar um planejamento de suas aulas de campo ainda melhor, e contínuo, de forma a proporcionar ambientes que estimulem cada vez mais a argumentação oral dos seus alunos.

Conclusões

A partir do apontamento de interações discursivas no trabalho de campo que favorecem a argumentação, pode-se também retomar à importância dessa atividade para o ensino de ciências no que diz respeito à utilização de espaços não formais de ensino que proporcionam, da mesma forma, diferentes situações de aprendizagem.

A maneira como o aluno argumenta e a relação que faz entre os dados e as conclusões, apresentando justificativas e refutações, demonstram se o aluno está imerso em um ambiente de aprendizagem dialógico e interativo no qual cantata a cultura científica. Se a qualidade da argumentação não for satisfatória, isso implica no professor ou no monitor mudar a postura quanto à didática da atividade, de forma a propor problemas muito mais autênticos que levem o aluno ao questionamento e a um raciocínio

hipotético-dedutivo, estabelecendo uma relação concreta com o conhecimento aprendido.

Entretanto, trabalhar com a análise da argumentação no discurso do ensino de ciências não é fácil.

Principalmente porque há a exigência de procedimentos familiares para o pesquisador e desconhecidos pelo professor e/ou monitor. Por isso, esse trabalho salienta a união dos estudos da universidade à teoria e prática que é utilizada pela escola de forma convergente, havendo um entendimento de ambas as partes do como e do porquê de todas as tomadas de decisões, propiciando melhoras eficazes na educação para as ciências naturais.

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Referências bibliográficas

CAPECCHI, M.C.M. & CARVALHO, A.M.P. (2006). Atividades de laboratório como instrumentos para a abordagem de aspectos da cultura científica em sala de aula. Proposições, 17(1), pp. 137-353.

COMPIANI, M. & CARNEIRO, C.D.R. (1993). Os papéis didáticos das excursões geológicas. Enseñanza de las Ciencias de la Tierra, 1(2), pp. 90-98.

FERNANDES, J.A.B. (2007). Você vê essa adaptação? A aula de campo em ciências entre o retórico e o empírico. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo.

JIMÉNEZ ALEIXANDRE, M.P. (2007). El papel de la justificación y la argumentación em la construcción de conocimientos científicos en el aula. In: Pozo, J.I. e Flores, F. (coords.), Cambio conceptual y

representacional en el aprendizaje y la ensenãnza de la ciencia. A. Machado Libros S.A., Madri, cap. 15, pp. 253-311.

LÓPEZ RODRÍGUEZ, R. & JIMÉNEZ ALEIXANDRE, M.P. (2007). Podemos cazar ranas?: calidad de los argumentos de alumnado de primaria y desempeño cognitivo en el estudio de una charca. Enseñanza de las Ciencias, 25(3), pp. 401-414.

CITACIÓN

GRANDI, L. y MOTOKANE, M. (2009). Reflexões sobre as características de um trabalho de campo que estimule a argumentação e a enculturação científica dos alunos. Enseñanza de las Ciencias, Número Extra VIII Congreso Internacional sobre Investigación en Didáctica de las Ciencias, Barcelona, pp. 849-852

http://ensciencias.uab.es/congreso09/numeroextra/art-849-852.pdf

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