• Aucun résultat trouvé

ESTUDO DAS HABILIDADES COGNITIVAS DE PERCEPÇÃO DE EVIDÊNCIAS E CONEXÕES AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO COM ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM ATIVIDADE SOBRE VERMINOSE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Partager "ESTUDO DAS HABILIDADES COGNITIVAS DE PERCEPÇÃO DE EVIDÊNCIAS E CONEXÕES AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO COM ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM ATIVIDADE SOBRE VERMINOSE"

Copied!
6
0
0

Texte intégral

(1)

ESTUDO DAS HABILIDADES COGNITIVAS DE PERCEPÇÃO DE EVIDÊNCIAS E CONEXÕES

AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

COM ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM ATIVIDADE SOBRE VERMINOSE

Andréia de Freitas Zompero, Helenara R. Sampaio Figueiredo Universidade Norte do Paraná

Carlos Eduardo Laburú

Universidade Estadual de Londrina

RESUMEN: Neste trabalho tivemos por objetivo analisar a percepção de evidências e as conexões estabelecidas com o conhecimento científico dos alunos, quando submetidos à atividade investigativa sobre verminoses. Observou-se por meio da análise dos registros de 32 alunos do sexto ano do Ensino Fundamental, a presença de habilidades como a percepção de evidências e conexões delas ao conheci- mento científico, como também a emissão de hipóteses, a avaliação acerca da validade dos resultados e conclusão, que de acordo com as orientações presentes em documentos do PISA e do National Research Council (NRC), constituem-se como habilidades necessárias a serem desenvolvidas nas disciplinas que envolvem as Ciências da Natureza.

PALABRAS CLAVE: Percepção de evidências, Habilidades Cognitivas, ensino de verminoses, Ensino Fundamental.

OBJETIVOS: Este estudo é parte de um projeto de pesquisa inicial baseado no ensino por investi- gação e o desenvolvimento de habilidades cognitivas realizado em uma escola pública de Londrina, PR. Temos por objetivo, neste estudo, analisar a percepção de evidências e as conexões estabelecidas com o conhecimento científico pelos estudantes, quando realizam uma atividade investigativa que trata do conteúdo verminose. A atividade incluiu etapas diversas, como emitir hipóteses, fazer ob- servações, avaliar a validade dos resultados e concluir. Para tanto, tomaremos por base a abordagem proposta pelo NRC (2000, 2012) para o desenvolvimento da atividade de investigação.

MARCO TEÓRICO

Essa proposta de ensino por investigação é defendida por autores como Nuñez et al. (2004) por possibilitar o raciocínio, desenvolver habilidades cognitivas e a cooperação entre os estudantes. De

(2)

acordo com Gatti (1997), habilidades cognitivas são entendidas como modos de ação para tratar de situações problema. Essas habilidades formam a estrutura fundamental do que se poderia chamar de competência cognitiva permitindo discriminar entre objetos, fatos ou estímulos, identificar e classificar conceitos, aplicar regras, levantar, construir e resolver problemas

Em nossos estudos, utilizamos a abordagem proposta pelo National Research Council (NRC, 2012).

Esse documento propõe que as atividades investigativas apresentem as seguintes características:

1. Os aprendizes são motivados (engajados) por problemas científicos.

Os problemas científicos são centrados em objetos, organismos e eventos do mundo natural. São problemas que, por si mesmos, conduzem à investigação empírica, levam à coleta e uso de dados para desenvolver explicações para fenômenos científicos e podem se originar de diferentes fontes.

2. Os aprendizes priorizam evidências, o que lhes permite desenvolver e avaliar explicações para problemas científicos.

Os cientistas se concentram em coletar dados a partir da observação de fenômenos. Suas evidên- cias são obtidas por meio de observações e medidas em contextos naturais ou organizados, como os laboratórios. Ao priorizarem as evidências, os alunos têm a oportunidade de perceber que a ciência se diferencia das explicações do conhecimento cotidiano.

3. Os aprendizes avaliam suas explicações próprias, oriundas da articulação das evidências, comparando com explicações alternativas, particularmente aquelas que refletem compreensões científicas já existentes.

Avaliação e possível eliminação ou revisão de explicações é uma característica que distingue investigações científicas de outras formas de investigação e suas consequentes explicações. Há alguma falha no raciocínio que relaciona as evidências à explicação? Outras explicações racionais podem ser elaboradas a partir das evidências? (Olson e Loucks-Horsley, 2000).

4. Os aprendizes comunicam e justificam suas propostas de explicação.

Cientistas comunicam suas explicações de modo que seus resultados possam ser reproduzidos. Isso requer clara articulação entre problema de pesquisa, evidências, explicação proposta e revisão de explicações alternativas, o que possibilita revisões mais profundas (Olson e Loucks-Horsley, 2000).

A inserção da evidência no currículo do ensino de Ciências tem sido defendida, principalmente, por Osborne et al (2004) para que os alunos sejam mais ativos, possam desenvolver a argumentação e assim compreender a natureza da ciência como uma forma particular da atividade humana (NRC, 2000). Além disso, uma das causas que dificultam o aprender sobre Ciência, é, conforme Lederman (1992), a carência de materiais instrucionais apropriados, e aqui consideramos também metodologias de ensino, para promoverem concepções epistemológicas adequadas.

Nos marcos referenciais do Programme for International Student Assessment (PISA) – identifica- mos, duas competências que são compatíveis com as habilidades propostas pelas atividades, como: i) Explicar fenômenos cientificamente, competência que envolve aplicar o conhecimento de Ciência em situações específicas, descrever ou interpretar fenômenos cientificamente, identificar descrições e expli- cações apropriadas; e ii) Usar evidência científica, competência que envolve acessar informações, pro- duzir argumentos e conclusões baseados em evidências, procurar argumentos contrários e favoráveis para conclusões retiradas de informações disponíveis (Inep, 2013).

METODOLOGIA

A atividade foi desenvolvida com 32 alunos do sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola pública de Londrina no Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva. A atividade referente à verminose foi a segunda atividade investigativa do projeto aplicada aos estudantes como parte do conteúdo “solo” obedecendo ao planejamento da disciplina.

(3)

As duplas receberam um texto para leitura juntamente com a atividade proposta. Escolhemos parte do texto “Jeca Tatu”, do escritor Monteiro Lobato, com uma proposta investigativa apresentada por um curso de formação continuada de professores de 2011 da Prefeitura de Ipatinga (MG). Após a leitura do texto, teriam que responder as perguntas:

1. Levante uma hipótese: que doença o Jeca Tatu tem?

2. Que pistas do texto você utilizou para elaborar sua hipótese?

3. Para confirmar a sua hipótese, faça uma pesquisa em livros de Ciências e/ou internet.

4. A partir de sua pesquisa, escreva uma carta para o Jeca Tatu, dizendo a ele que doença ele tem, quem causa essa doença e o que ele deveria ter feito para evitá-la. Você pode ilustrar a sua carta desenhando o ciclo de vida do causador da doença.

Foram orientados pela pesquisadora a proporem hipóteses para apontar qual seria a possível doença do Jeca Tatu. Para responder a questão 2, foi pedido que indicassem as pistas que encontraram para levantar as hipóteses. Depois, foram entregues alguns textos, contendo também figuras, apresentando ciclo evolutivo de vermes como o Ascaris lumbricóides, Ancylostoma duodenale, Taenia solium e um texto explicativo sobre o tétano. A partir das leituras, eles teriam, que resolver a questão 4, na qual deveriam escrever uma carta ao Jeca tatu, conforme exposto acima.

Os aspectos relacionados ao NRC (2000, 2012) ocorrem quando é pedido ao aluno para levantar hipóteses e indicar quais pistas do texto permitiram a ele elaborá-las. As pistas são as possíveis evidên- cias que permitem aos estudantes resolverem o problema. Ao realizar a pesquisa bibliográfica com o intuito de elaborar uma carta ao Jeca Tatu, (questão 4), percebe-se a conexão que será estabelecida com o conhecimento científico e, quando é solicitado a ele que elabore uma carta ao Jeca Tatu, remete-se à conclusão que o aluno terá que produzir, à comunicação dos procedimentos científicos e às explicações conforme a proposta do NRC (2000, 2012), que explicita um conjunto de competências para os níveis compreendidos entre o quinto e o oitavo anos de escolaridade.

RESULTADOS

O critério utilizado para organizar as respostas dos estudantes foi a coerência com o conhecimento científico. Assim, as respostas coerentes consideramos como satisfatórias e as incoerentes como insa- tisfatórias. De acordo com as respostas dos alunos, a compreensão acerca da emissão de hipóteses com base em evidências foi constatada, quando as duplas D3, D8, D10, D11, D13, D14 e D15 colocaram como hipótese a Ancilostomose ou “Amarelão” e apontaram corretamente as pistas no texto, indicando assim, claramente, que estes identificaram as evidências para emitirem suas hipóteses e relacionaram com as explicações, podemos considerar como conclusão, conseguiram escrevê-la com argumentações sustentadas por evidências.

Ainda em relação à dupla D10, quando escrevem “Jeca Tatu resolvi seu problema, você tem Anci- lostomose ou Amarelão. O Amarelão tem vários sintomas como a anemia, fraqueza, desânimo e ou- tros”, observamos, conforme é apontado no NRC (2000), que as explicações científicas são indicadas a partir das evidências percebidas pelos estudantes.

A dupla D14 explicitou também a situação de miséria que Jeca Tatu vivia, assim concordamos que as variáveis vão sendo identificadas no processo de análise dos próprios dados e de situações pondera- das no estudo deles (Sasseron e Carvalho, 2014).

Admitimos que as duplas D6, D10, D12 e D16, apesar de não terem indicado corretamente o nome da doença, também apresentaram resultados satisfatórios por terem apontado com acerto os sin- tomas do Jeca Tatu ressaltados no texto, além de apresentarem uma explicação coerente na conclusão, isto é, na carta explicativa ao personagem da história.

(4)

Embora essas duplas tenham atribuído outros nomes à doença do Jeca Tatu, mudaram suas res- postas após lerem o texto. Entendemos que os alunos, no momento da emissão de hipóteses e ao organizarem suas ideias no texto, conseguiram construir argumentos ao escrever a carta ao Jeca Tatu, comunicando a sua doença de forma correta. Inferimos que os alunos avaliaram suas hipóteses e pro- duziram posterior argumentação com base nas evidências.

A dupla D1 confundiu-se ao indicar o nome da doença, mas apontou corretamente os cuidados que Jeca Tatu deve ter para preveni-la. No entanto, o fato de o tétano ser também adquirido por lesões nos pés, conforme apontam os livros didáticos, pode ter interferido e confundido os estudantes na identificação da doença.

As duplas D2 e D9 ressaltaram algumas evidências como fraqueza e palidez, porém não consegui- ram relacionar essas evidências com o material consultado e não elaboraram respostas coerentes, não estabeleceram conexões satisfatórias apesar de as duplas sugerirem como doença também uma vermi- nose, no caso, a ascaridíase. Consideramos que o equívoco pode ter ocorrido devido às semelhanças dos sintomas da ascaridíase e ancilostomose.

A D4 considera a doença do Jeca Tatu como sendo anemia. Nas evidências, que deveriam ser as pistas indicadas no texto, apontam a falta de exercícios e o fato do Jeca Tatu não comer, porém esses dados não são encontrados no texto. O mesmo acontece com D9, quando apontam como pista também o fato de Jeca Tatu não comer, o que demonstra não conseguiram perceber com clareza as evidências apontadas no texto. No caso da D4 esse fato é comprovado, quando os alunos escrevem na carta enviada ao Jeca Tatu que “o sangue pode virar água, deixa você desanimado, você fica pálido e não sente fome”. A resposta reflete uma crença popular muito comum sobre a anemia. Assim esses conhecimentos prévios podem ter interferido na compre- ensão. Comprovou que além de não perceberem as evidências no texto, não relacionaram as informações do material pesquisado com as informações contidas no texto de Monteiro Lobato, produzindo significados incoerentes.

No caso da D9, percebe-se, pela carta elaborada, que produziram significados muito confusos e que também não conseguiram perceber de maneira satisfatória as evidências no texto lido e nem realizaram conexões coerentes com o material consultado.

Concluímos que das 16 duplas participantes, 68,75% das respostas foram satisfatórias e 31,25%

foram insatisfatórias. Há ainda um número considerável de estudantes que não demonstraram as habilidades avaliadas. Admitimos ser esse aspecto relevante por considerarmos a necessidade de que o ensino de Ciências proporcione aos estudantes o desenvolvimento de habilidades cognitivas, conforme Olson e Loucks-Horsley (2000), Osborne et al (2004).

A produção de materiais instrucionais que proporcionem o desempenho de capacidades e de habi- lidades cognitivas relacionadas à compreensão do conhecimento científico foi apontada por Lederman (1992) como uma das principais dificuldades que envolvem as questões de ensino e aprendizagem quanto à natureza da Ciência.

CONCLUSÕES

Apesar de muitos autores e de exames internacionais ressaltarem a necessidade de que o ensino de Ciências deve proporcionar o desenvolvimento de habilidades cognitivas aos estudantes, percebemos que muitos alunos ainda não demonstram essas habilidades. Sugere-se que isso possa ocorrer devido a um ensino mais tradicional que prioriza o aprendizado conceitual e assim não dar oportunidade aos alunos de desenvolverem muitas habilidades cognitivas pertinentes a essa área de conhecimento.

O estudo apontou, ainda, que onze das dezesseis duplas analisadas apresentaram resultados satisfa- tórios ao manifestarem habilidades de percepção de evidências e conexões ao conhecimento científico.

(5)

Algumas das características das atividades de investigação, como a que foi utilizada neste estudo, estão de acordo com propostas de exames internacionais, como a prova PISA, que avalia, dentro da com- petência “Explicar fenômenos cientificamente” e “Usar evidência científica”, competência que envolve acessar informações e produzir argumentos e conclusões.

Nesse sentido, reiteramos a necessidade de que os alunos, em nossas escolas, tenham a oportuni- dade de acesso a um estudo que promova a reflexão, a argumentação e que possam, além de aprender ciência, também desenvolver algumas das habilidades que são pertinentes a essa área de conhecimento que podem ser proporcionadas pelo ensino por investigação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Gatti, B.A. (1997). Habilidades cognitivas e competências sociais. Santiago: Laboratório Latino ame- ricano de Avaliação da Qualidade da Avaliação, UNESCO, 1997. (série Azul, nº 6).

INEP. (2015). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Matriz de ava- liação de Ciências.

Leach, J. (1999). Students understanding of the co-ordination of theory and evidence in science.

International Journal of Science Education, 21(8), 798-806.

Lederman, N. G. (1992). Students’ and teachers’ conceptions of the nature of science: a review of the research. Journal of Research in Science Teaching, New York, 29(4), 331-359.

Lipman, M. (1995). O pensar na Educação. Petrópolis: Vozes.

National Research Council. (2000).Inquiry and the national science education standards: a guide for teaching and learning. New York: National Academy Press.

— (2012). A framework for K-12 science education: Practices, crosscutting concepts, and core ideas.

Washington, DC: National Academy Press.

Nuñez, I. B. O. (2004). O uso de situações problemas no ensino de ciências. In: Nuñez e Ramalho (org). Fundamentos do ensino - aprendizagem das ciências naturais e da matemática: O novo en- sino médio. Porto Alegre: Sulina.

Olson, S., & Loucks-Horsley, S. (ED.) (2000). Inquiry and the national science education stan- dards: a guide for teaching and learning. Washigton, DC: National Academy Press.

Osborne, J., Erduran, S.; Simon, S. (2004). Taping into argumentation: developments in the ap- plication of Toulmin’s argument pattern for study science discourse, Science Education, 88(6), 915-933.

Sasseron, L. H., Carvalho, A. M. P. de. (2014). A construção de argumentos em aulas de ciências:

o papel dos dados, evidências e variáveis no estabelecimento de justificativas. Ciênc. educ. (Bauru), 20(2), 393-410.

(6)

Références

Documents relatifs

Sendo este último texto muito conhecido optámos por exibir apenas alguns aspectos do texto de Lavoisier e Seguin que ilustram algumas das ideias no organizador prévio explicitado

Palavras chave: Formação inicial de professores; Didáctica Específica; Conhecimento didáctico; Explicitação do con- hecimento; Resolução de problemas de

Estudamos as concepções desses docentes sobre a natureza do conhecimento científico com vistas a traçarmos paralelos com algumas correntes epistemológicas que emergiram da análise

A partir do trabalho desenvolvido, foi possível observar que os alunos compreenderam os conceitos trabalhados e participaram de forma ativa da atividade experimental, o que mostra

Outros exemplos de situações nas quais a presença de rastros patêmicos não vem a se configurar como marca patêmica são aqueles em que o enunciador inclui expressões de

Dessa forma, uma verdadeira educação científica não pode se eximir dos debates sobre os modelos e seu papel na ciência.. Nesse trabalho pretende-se empreender com alunos do

Perguntas como: elementos que caracterizam os dois conhecimentos; o valor de ambos para os estudantes, para a sociedade e para a escola; como e se o conhecimento popular aparece

(1) prevê-se que as representações de depressão nas suas dimensões da consequências, duração e controlo pessoal e de tratamento, identidade, preocupação, emoções